Reportagem Tarja em Lisboa
Sinheresy
Junto dos The Shiver e dos Sinheresy, a artista finlandesa cuja popularidade conheceu uma dimensão maior por via do seu percurso nos Nightwish, fez da sua terceira passagem por Portugal um momento que refletiu o que de melhor existe na sua música. Bem como as suas fragilidades. O percurso a solo de Tarja conta com uma série de discos que de certa forma dão uma continuidade própria à sonoridade que a sua ex-banda construía de forma inspirada. O mais recente “The Shadow Self” motivou o regresso a Lisboa, com um espetáculo repleto de canções do disco, que trouxe à Aula Magna numerosos entusiastas de uma das vozes mais célebres do metal.
Durante quase duas horas, Tarja apresentou-se empática perante um público muito diversificado, que se mostrou conhecedor da obra e devoto a uma musicalidade que quase mecanicamente continua a juntar melodias operáticas com instrumentais que vão desde as guitarras fortes do metal, até a rasgos pop-rock. A banda que a acompanha nesta digressão conta com um violoncelista que contribui de facto para uma apresentação mais dinâmica das canções que tanto em disco como em palco servem realmente como oportunidades para a voz de Tarja florescer, porém é também claro o quão pouco imaginativas estas canções são face às canções de Nightwish às quais deu voz. Essas memórias seriam reavivadas com uma passagem por Ever Dream (com porções de Tutankhamen, The Riddler e Slaying the Dreamer) num exercício de nostalgia resguardada.
Ainda assim diversificado, o concerto desta noite contou ainda com uma sequência acústica bem pensada, apesar dos problemas técnicos com a percussão. Incluindo aqui canções como House of Wax e I Walk Alone, foi uma circunstância interessante que mais uma vez salientou a versatilidade da voz de Tarja que a esta altura será impossível negar. Sorridente e comunicativa, muito por aqui é feito para apagar a imagem de diva ausente que outrora fora figura principal de uma das bandas mais importantes do metal sinfónico.
E resulta – Tarja é sem dúvida uma figura acarinhada pelo público português que aplaudindo sempre que possível, deixou claro que está disposto a acompanhar a artista, independentemente dos músicos que a acompanhem. Com a ovação final que sucedeu a Innocence, Die Alive e Until My Last Breath foi possível ter a certeza: Tarja ganhou a noite.
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sexta-feira, 22 novembro 2024