Reportagem Temper Trap no Porto
É verdade que foi um dia depois, mas o ambiente de S. Valentim ainda se fazia sentir como se do dia tratasse. Eram muitos os casais que se viam no Hard Club, à espera para assistir a um concerto que, se não foi escolhido para esse propósito, poucos melhores podiam encontrar. Os Temper Trap, são daquelas bandas que respiram a ideia de uma boa música de romance sem as tornar demasiado impregnadas ou pegajosas.
Quase 8 anos após o megasucesso do álbum “Conditions”, a banda australiana regressou pela quinta vez a Portugal, mas agora na estreia enquanto nome próprio. Com ela vinha um novo álbum, o terceiro, e foi com o tema título “Thick As Thieves” que se abriram as jornadas de canções para puxar o coração e sobretudo os gritos das senhoras que, na plateia, desataram aos saltos mal a banda entrou em palco. Quem não entrou nas euforias do primeiro tema, juntou-se à festa logo no segundo. Os Temper Trap começaram cedo a queimar balas. “Love Lost” ao segundo tema, “Fader” ao quarto, e de uma rajada só, os singles puseram a sala inteira na palma da mão da banda.
A partir daí foi um gerir de espetáculo, sem o deixar ir a baixo demasiado. Não tiveram os mesmos pontos altos durante meio espetáculo, mas a setlist composta por apenas dois temas do segundo álbum, “Temper Trap”, fez com que a banda pudesse apresentar o novo sem grandes riscos, sem nos aquecer muito, mas também sem arrefecer, chegando até como acontecem sobretudo em “Ordinary World” a dar um bom ar da sua graça e a fazer pensar os bons velhos Temper Trap que nos encheram o olho em Paredes de Coura, já no ano de 2009.
Contudo, o final tinha de ser dourado. Deixaram de lado as novas malhas, à excepção do single “Alive”, e aventuraram-se em terreno conhecido e muito bem trilhado. “Sience Of Fear” já nos tinha levantado a cabeça, feito a maior onda de movimentos e saltos da noite até ao momento. Era agora hora de manter o ritmo que “Ressurection” e, sobretudo, a psicadélica e tribal “Drumsong” fizeram na perfeição. Foi um encerrar de festa na dose máxima de adrenalina, com danças, sorrisos e aquela hipnose que sempre uma boa música instrumental deixa.
Saíram de palco, com um bom concerto dado e com o público nas mãos. E voltaram para reforçar o que já tinham feito. Foram recebidos com cânticos de futebol, responderam com risos, elogios ao porto e uma fotografia do publico. Afinal de contas, o Hard Club estava cheio e Portugal sempre teve também ele um romance com a banda.
Se acabamos a dançar com “Drumsong”, o regresso foi feito em calma e num jeito emocional com uma longa “Soldier On” que apaixonou o público. Este juntou-se à banda nas vozes e, no fundo, isto serviu de arranque para o principal romance da noite com “Sweet Disposition”, que colocou, como esperado, a sala inteira em comunhão com a banda. O romance claramente ainda existe e se calhar até ganhou um novo fogo agora.
Quem ainda está a começar esses caminhos são os Cavaliers Of Fun,a banda responsável pela primeira parte. Um duo que, apesar de já andar nisto há algum tempo, só agora em 2016 começou a dar um pouco o ar da sua graça. Um pouco mais eletrónicos e dançantes que os Loto, anterior banda do vocalista e mentor do projecto, a banda faz pensar na mesma nos New Order e em toda a cena Synth e New Wave, mas adiciona toda a nova onda 80s e 90s da eletrónica ao género do que os Hot Chip ou os Yacht têm feito.
Aos poucos a banda foi conquistando o público, tirando a timidez deste em dançar e sobretudo a queimar a sua relutância ao som da banda. Há aqui um som realmente interessante e pontas para um futuro. Sobretudo quando a guitarra de Miguel Nicolau (mais conhecido pelo seu trabalho nos Memória de Peixe), assume as despesas de deambulações rítmicas, de provocação e até de um certo progressivíssimo dançante, que culminou com um cheirinho surpresa de “We Are Your Friends”, tema mítico dos Justice com os Simian.
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Organização:Everything is New
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sexta-feira, 22 novembro 2024