Reportagem The Body + Full of Hell no Porto
Após a união em estúdio, que nos deu o maravilhoso ”One Day You Will Ache Like I Ache”, os The Body e Full of Hell juntaram novamente forças e partiram para a estrada, tendo a digressão passado por Portugal para duas datas. A última teve lugar na Cave 45, numa excitante e devastadora noite de música pesada.
Os primeiros a subir ao palco foram os Full of Hell, que já tinham marcado presença na edição de 2015 do Amplifest. Por mais vezes que os vejamos, não deixa de ser surreal sentirmos toda aquela descontrolada esquizofrenia musical, numa aterradora e violentíssima amálgama de grindcore e noise desenfreado. Se no Hard Club já tínhamos ficado surpreendidos com o poder exibido pelo grupo norte-americano, aqui o nível de energia foi ainda mais elevado por estarem a actuar num espaço intimista e, portanto, mais propício a este tipo de som. A actuação dos Full of Hell não foi longa – cerca de meia hora - mas não necessitava de ser – nem devia. Com uma fórmula musical tão brutal e caótica, um concerto curto mas irrepreensível foi claramente a melhor opção. Durante a sua breve duração, submetemos os nossos ouvidos a uma valente pancada sonora e, no final, sentimo-nos física e emocionalmente esgotados -mas plenamente satisfeitos. Não restam dúvidas que estamos perante uma das mais excitantes propostas que a música pesada tem para oferecer, restando aguardar pela próxima dose de adrenalina desta jovem banda.
Seguiram-se os The Body - mestres das colaborações e detentores de uma sonoridade diferente, mas igualmente densa. Apostando numa perversa e tenebrosa mistura de doom, sludge e noise, o duo fez da sua actuação um arrepiante ritual, atingindo níveis de intensidade emocional quase indescritíveis. Com uma poderosíssima parede de som formada por vozes agonizantes, guitarras ruidosas e sufocantes, uma bateria possante e o uso de ensurdecedora maquinaria, protagonizaram uma das mais selvagens prestações que vimos nos últimos tempos. Em certas alturas, parecia que as nossas almas estavam a ser sugadas por um buraco negro: não havia qualquer luz a iluminar o caminho, apenas uma camada de escuridão a cobrir tudo à nossa volta. Não é todos os dias que nos deparamos com bandas cuja força em palco nos deixa boquiabertos, mas os The Body fazem-no com mestria e proporcionam uma maravilhosa experiência catártica. Quando o grupo deu por terminada a sua actuação, ainda nos sentíamos arrepiados, mas já com saudades dos momentos que tínhamos acabado de viver. Voltem rápido!
-
Organização:Amplificasom
-
terça-feira, 03 maio 2016