Reportagem The Drums - Lisboa
Na passada quinta-feira, a sala de espectáculos Lux Frágil teve casa cheia com a actuação dos nova-iorquinos The Drums e os seus convidados de abertura. Depois de um animado concerto na edição do Optimus Alive deste ano, os Drums voltam para animar as hostes, repetindo a fórmula e levando o público ao delírio num concerto já há muito esgotado.
Um pouco depois das dez horas da noite, os Two Wounded Birds pisam o palco e mostram um pouco do seu surf rock dançável num punhado de músicas. São quatro membros que pouca presença têm em palco e cujo trabalho musical ainda está por desenvolver, oferecendo pouca substância com o seu EP de estreia homónimo. No entanto, o público parece divertir-se com as músicas alegres com laivos muito western, fazendo lembrar o garage rock dos anos 60.
Seguidamente, somos transportados para os anos 80 pela mão do protagonista mais improvável. Patrick Cleandenim, vestido de preto, de chapéu conservador e ostentando maquilhagem gótica e sombria, contrastava bastante com a música que trazia ao público do Lux: sintetizadores cortantes de um pop já mais que feito e refeito, de harmonias alegres e etéreas. Se os dois álbuns que Cleandenim já traz no bolso pouco entusiasmaram, a presença em palco deste mesmo trouxe muito pouco ao ambiente sombrio e fluorescente da sala de concertos.
Ansiosos pela aparição da banda da noite, já todos se aconchegavam mais à frente para apanhar um bom lugar. É neste ambiente de optimista inquietação que entram três quartos dos The Drums, recebidos de forma entusiasta, seguidos por Jonathan Pierce, o front man e vocalista da banda, que era claramente a estrela por quem todos esperavam e que age como tal, entrando de forma dramática em palco. Sem demoras, arrancam com ‘Best Friend’, recebida de forma excelente pelo público, que não hesitou em dançar, saltitar e clamar as letras de um dos singles mais conhecidos do conjunto. De facto, é de exaltar o entusiasmo do público português, na sua maioria mais velho do que o esperado, que certamente encontram nos Drums a nostalgia que os faz reviver os seus tempos de adolescência.
No entanto, é em Pierce que parece estar o foco de maior adoração: o estranho vocalista louro bamboleia-se e agita-se numa dança afectada e dramática, incitando um curioso entusiasmo no mar de fanáticos. Em ‘Make You Mine’ chama uma rapariga ao palco e em ‘Let’s Go Surfing’, o claro hit da noite, puxa pelos portugueses, embalando-os nas melodias post-punk simultaneamente etéreas e açucaradas. A banda americana não tem claramente pretensões de ser incrivelmente original, sendo as inspirações musicais palpáveis: o synthpop mecânico dos New Order, os dedilhados harmoniosos e repetidos de The Smiths e o surf rock encantador dos Beach Boys dão-nos uma certa sensação de dejá vu. Porém, a sua mais-valia está na eficácia do reportório e da própria actuação, sem muitos erros a apontar, que mostra que os temas do álbum homónimo, lançado este ano, funcionam melhor ao vivo.
Os americanos continuam um concerto que mal tem pausas e que não dá para descansar, passando por ‘I Need Fun in My Life’, ‘The Future’ e ‘Baby, That’s Not The Point’, do EP Summertime!.