Reportagem The Horrors e Crystal Castles
Foi nesta terça-feira que a Nokia Music Store apresentou um variado triplo concerto no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.
A dupla multi-cultural de Sebastiano Ferranti e o nova-iorquino Alex Klimovitsky, Youthless, foi a primeira banda a apresentar-se em palco numa sala nem meia-cheia nem meia-vazia. Num estilo alternativo “sintetizado”, a soar a algo familiar mas não identificável, fizeram-se acompanhar de João “Shela” Pereira (integrante de If Lucy Fell e, mais recentemente, PAUS) para uma performance que, embora ligeiramente forçada, não deixou de soar bem. Com alguns temas como “Golden Age” “Monsta” e “Out There” pareceu animar as primeiras filas, naquilo a que alguns dos espectadores intitularam de “mosh sub-17 feminino”, que parecia exaltado até com a música de espera entre concertos.
Para a chegada dos britânicos The Horrors, a sala pareceu compor-se por aqueles que esperavam por um teen-neo-joydivison com declaradas influências, porém sem a simplicidade e sobriedade, das bandas dos “late 70’s” de Manchester. A banda, que se formou em meados de 2005, conta já com dois EP’s e dois álbuns, sendo que o mais recente atingiu o 25º lugar na tabela britânica. Com claras, e investidas, parecenças ao espírito Factory Records no que toca desde à linha de bateria, sintetizadores, um baixo mais camuflado e sons de fundo mais sombrios e obscuros, aos movimentos em palco e timbre do vocalista Faris Badwan (também conhecido como Faris Rotter) a banda abriu o concerto com “Mirror’s Image” do álbum de 2009 "Primary Colours" (que foi base do espectáculo). Os fãs mais novos e talvez alheios à inspiração punk, electrónico e post-punk da banda londrina, estiveram animados e entusiastas neste concerto intenso e saudoso que passou por êxitos como “Who Can Say”, “New Ige Agre” e “Sea Within a Sea”.
Por fim, eis que chega o duo canadiano de trash e eletrónico experimental, Crystal Castles. A pulsão dos sintetizadores de Ethan Kath e a energia efusiva e fervorosa de Alice Glass em conjunto com a luz e batida fizeram deste concerto uma experiência singular. A audiência dividia-se: alguns em palmas, outros aos gritos e o simples e calmo abanar de cabeça, tudo em prol de apreciar esta experiência de sonoridade que, considerando a intensidade e gritos irreconhecíveis de Glass, se poderia avaliar como algo perto do dance punk. Entre mergulhos na audiência e saltos contagiantes, Alice deixou solto o microfone que percorreu as bocas e chão da sala que dançava intensamente. Pode-se ouvir uma mistura dos dois álbuns homónimos da banda de Ontário, em que se reconheceram êxitos primórdios como “Crimewave”, “Courtship Dating”, “Air War” e “Alice Practice”; e se apresentaram as novas músicas do álbum ainda por lançar, como “Doe Deer”, “Fainting Spells”, “Celestica” e “Intimate”.