Reportagem The Horrors em Lisboa
Depois do Concerto no Hard Club na Invicta , foi a vez de Lisboa receber The Horrors no espaço Lisboa ao Vivo.
A primeira parte coube ao duo argentino radicada na europa Mueran Humanos. O nome da banda, só por si, gera curiosidade, imaginamos imediatatamente algo criptico, meio apocalíptico. Eles são tudo isso, um pouco cripticos, algo apocaliticos, um som que podemos designar no espectro do synth-punk, voz energética, sintetizadores, baixo poderoso e com variadas distorções. O duo é composto por Carmen Burgess na voz, sintetizadores e caixa de ritmos e Tomas Nochteff no baixo e voz.
Sempre gostei do som do baixo, tenho boas recordações de um namorado baixista e das pausas que fazia para relaxar enquanto tocava umas linhas de baixo. Ligava o amplificador, mordia ligeiramente o lábio e sacava uns sons suculentos e encorpados do seu baixo.
Por isso um som punk com pitadas de electrónica, rápido, ruidoso e com predominância do baixo teria tudo para ser interessante. E foi, mas teria sido bem mais entusiasmente não fossem as várias falhas técnicas com que a banda se deparou ao longo do espectáculo. Uma banda a rever com mais atenção.
Na segunda parte chegam os aguardados The Horrors. A banda britânica chega ao palco e sem qualquer apresentação, ou interacção com o público, começa o concerto com o tema “Hologram”, tema de abertura do seu mais recente álbum “V”. O vocalista Faris Badwan aparece com um visual mais gótico, que nos transporta para bandas como The Cure. O concerto centrou-se na divulgação do seu mais recente álbum “V”. Músicas como “Machine”, "Weighed Down”, “Press Enter To Exit”, todas do novo álbum, fizeram as delícias do público. Lugar ainda para revisitar temas de álbuns anteriores como “Who Can Say”, “In And Out Of Sight”, “Mirrors Image “, “Sea Within A Sea” e “Endless Blues” e a mais conhecida “Still Life” que permitiu ao fãs recordar e entoar as músicas.
Rock intenso, uma pitada de gótico, um pózinho de shoegaze, Faris Badwan com mais energia e intensidade, caracterizaram o concerto. Fica, no entanto, a sensação de um certo distanciamento do público. O quinteto britânico, chegou ao palco e executou as suas músicas com mestria mas sem alma. Falhou na interação com o público e não se atingiu aquele ponto de comunhão que alguns espetáculos permitem.
The Horrors subiram, uma vez mais, ao palco para um encore com os temas “Gost” e "Something To Remember” também do último álbum.
Um concerto bem executado, energético, um novo álbum mais maduro que pode ser considerado o melhor até agora, no entanto houve distanciamento entre a banda e o público e essa falta de interação condicionou o espetáculo que de outra forma poderia ser bem mais emotivo.
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Organização:Sons em Transito
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domingo, 07 janeiro 2018