Reportagem The Kills em Lisboa
Estamos em Novembro. Um Outono atípico ainda nos faz sair de casa sem roupas quentes, sem temer a chuva e, nesta noite, prontos para uma dose de rock exemplar.
Com uma data no Porto lotada, os The Kills preencheram (sem esgotar) o Coliseu de Lisboa antes de rumarem ao norte, proporcionando o ambiente elétrico que já se espera dos britânicos.
Para aquecer as hostes, Georgia foi a escolhida. Em formato de duo nas apresentações ao vivo, Georgia, que dá nome e consistência ao projecto composto por bateria e teclados, recosta-se à bateria de constituição incomum, com o prato a uma altura que competirá com aquela preferida de John Stanier. Se inicialmente a voz acriançada e os gritos estridentes de Georgia nos fariam estranhar o projecto, rapidamente nos encontraríamos emersos no seu ambiente. Com uma simpatia que a poderia fazer-se passar por uma das nossas, o set não se demorou a fazer entrar os headliners.
Os The Kills dispensam apresentações. Quem os assistiu ao vivo em datas passadas – a mais recente no (ainda) Optimus Alive! de 2012, antecedendo um cancelamento no Paredes de Coura do ano seguinte --, sabia que não menos do que electricidade de havia de esperar.
Num cenário de vulcões e palmeiras, a incansável Alisson Moshart e o não menos fascinante Jamie Hice debitavam o mais recente Ash & Ice. Um disco novo que em pouco se poderá comparar com os discos mais marcantes da banda, mas que ainda assim mantém a consistência suficiente para os manter relevantes.
Assim, um disco novo predominou. “Heart of a Dog” a iniciar, desdobrando-se na mais dançante “Hard Habit to Break” e na já tão querida “Doing it to Death”, entoada em conjunto com público entusiasta. VV passeava-se pouco pelo palco, rodopiando sobre sim mesma e sobre a guitarra que ocasionalmente ocupava como complemento do seu componhareio de viagem. Atrás deles, uma banda assegurava a secção rítmica e os estrondos de um baixo que se diluíam nos acordes do duo da linha da frente. “Black Balloon”, de Midnight Boom e “Future Starts Slow” de Blood Pressure foram algumas das que marcaram uma ida aos discos mais antigos dos britânicos. “Monkey 23”, do disco de estreia, fez sair os músicos de palco.
Para o encore, Moshart pegou na acústica para “That Love”, sendo iluminada pelo spotlight que podia bem não ter saído dela durante toda a performance. Aqui, desenrolaram-se talvez os 3 momentos mais interessantes do espectáculo, com “Siberian Nights” e uma rajada de dois clássicos: “Love Is a Deserter” e a contagiante “Sour Cherry” na despedida.
Um palco que se encheu de músicos agradecidos pela sala composta, despediu-se de corações cheios. A noite continuou atípica, mas mais dançada.
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Organização:Everything is New
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sexta-feira, 22 novembro 2024