Reportagem The Miami Flu
No passado dia 1, sexta-feira, o Plano B teve a excelente companhia de Jesus The Snake e The Miami Flu. Contando com casa cheia, houve muito rock para os lados da baixa do Porto. Um sucesso para o segundo evento da associação cultural Seteoitocinco, recentemente criada no Porto.
De Vizela, os Jesus The Snake voltaram à mesma cidade onde já tinham estado dias antes, a fazer a primeira parte dos americanos Atomic Bitchwax, para mais um belíssimo concerto. Com o EP homónimo recém gravado debaixo do braço, os quatro rapazes deram o litro na sua demanda pela imersão colectiva pelo psicadélico e o progressivo, onde as influências de bandas como Pink Floyd ou Color Haze vêm ao de cima. Dispensando a voz, é no diálogo dos quatro instrumentos (baixo, guitarra, bateria e teclas) que a viagem pelo poeirento deserto sonoro dos Jesus The Snake se perpetua. Uma banda ainda em fase de crescimento, mas definitivamente a acompanhar em futuras movimentações.
Com mais experiência e calos nos dedos, os The Miami Flu subiram a palco para mostrar o porquê da enchente da sala palco do Plano: neste momento, poucos projectos musicais movimentam tanta massa curiosa aqui para os lados do Porto. Mas o fenómeno é facilmente explicado, seja porque tem metade dos Lululemon, seja porque não é habitual ouvir bandas a cruzar a pop com o surf rock e o psicadélico em terras portuguesas. E a verdade é que a combinação dos diferentes estilos musicais, revestidos com uma estética anos oitenta (que quase se contradiz com a veia setentista da música) resulta num híbrido interessante, com Pedro Ledo bem no centro das atenções. Temas como “Vicious Pill”, onde mostram o lado mais atmosférico, pop e sensível, “Sugar Cane” onde o rock mais directo ressoa alto, assentado numa cama de sintetizador e com espaço para um riff contagiante já são pequenos hinos, e dois temas que espelham bem a versatilidade do conjunto baseado em Vale Cambra. Num excelente concerto, talvez o ponto mais aquém seja mesmo a voz ao vivo de Pedro Ledo, ainda um pouco à procura da afinação encontrada em estúdio, que certamente virá com prática.
Uma grande noite de rock’n roll, a mostrar que a baixa do Porto ainda sabe rugir.
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Organização:Seteoitocinco
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sábado, 06 janeiro 2018