Reportagem The Walkmen - Lisboa
No passado dia 14 de Novembro, o Coliseu dos Recreios acolheu os The Walkmen, pela terceira vez em Portugal, num concerto intimista que se demonstrou uma declaração de amor recíproca. Numa casa bem composta, os nova-iorquinos deram um concerto que certamente ficará para recordar como quente, emotivo e nostálgico.
Antes de passarmos para os artistas da noite, coube aos Os Golpes abrir a cerimónia com estilo e substância. Estes apresentaram alguns temas do seu álbum de estreia Cruz Vermelha sobre Fundo Branco, muito bem recebidos, certamente ajudados por uma base de fãs em crescimento que os segue para onde quer que vão. O bom rock português e algumas escolhas líricas duvidosas, mas, no geral, um projecto com interesse e pernas para andar.
Já o entusiasmo quando os The Walkmen entram em palco assume novos contornos, apesar do começo lento com ‘While I Shovel The Snow’, do mais recente esforço dos músicos. Lisbon é o quinto trabalho na carreira de uma banda já com muitos anos às costas, um disco tão contido e deprimente como expansivo e devastador.
Deste Lisbon, inspirado no tempo em que os músicos passaram na capital portuguesa, duas vezes em menos de um ano, muitos foram os temas tocados, sem surpresa, todos recebidos com igual carinho e dedicação de um público deleitado. ‘Angela Surf City’ animou com uma falsamente alegre melodia surf rock, a belíssima e depressiva ‘Blue as Your Blood’ encantou e ‘Juveniles’ fez com que todos se levantassem – uma imensa prova de como os Walkmen estão à vontade na sua pele e vão aperfeiçoando um som que já é, por direito, seu.
Outro aspecto que é digno de reparo é a imensa preocupação que os nova-iorquinos têm com a parte técnica deste som. A bateria de Matt Barrick é forte e violenta, a guitarra incisiva de Paul Maroon marca o tom nostálgico e Hamilton Leithauser, de voz vociferante e expansiva, mostra o range vocal tendo em conta a intensidade do momento musical, contribuindo para o ambiente intimista e muito característico dos músicos.
Apesar da extensa amostra do novo álbum, os inegáveis pontos altos do concerto foram ‘In The New Year’, de You and Me (2008), que prontamente agitou os lisboetas das suas cadeiras, e ‘The Rat’, o hit que não escapa e por quem todos esperavam, no qual os fãs embarcam numa incontável histeria que os incita a correr para as filas dianteiras e a dançarem como se o mundo acabasse amanhã. Do antigo repertório, os Walkmen ficam-se por ‘Everyone Who Pretended To Like Me Is Gone’ e ‘All Hands and The Cook’, faltando ‘Another One Goes By’, a sublime balada que geralmente não falha.
A demonstração de apreço não se fica pela audiência - abrindo para ‘Lisbon’, Leithauser desfaz-se em elogios:
“We love Lisbon so 'goddamn' much, we can’t get enough of it”.