Reportagem Tim Bernardes em Espinho
Sábado à noite foi de confissões e desabafos. De conselhos, até.
Tim Bernardes veio do outro lado do oceano e trouxe o seu quarto na mala, a melancolia no bolso e o tapete atrás, recriando assim o ambiente em que um dia compôs as melodias pautadas pelos versos intimistas e despretensiosos do seu primeiro disco a solo.
Com um timbre doce e assertivo, entrou pelos ouvidos e corações de todos os que se reuniram no Auditório de Espinho para aprender sobre a vida.
Porque é isso que encontramos em “Recomeçar”: uma aprendizagem sobre a vida, sobre o sentimento e sobre o que dói e deixa de doer. Aprendemos que não tem de ser para sempre, mas que de repente se pode transformar numa canção das que se ouve vinte vezes em loop.
No palco entraram e saíram temas que oscilavam entre O Terno (banda de Tim Bernardes) e o seu projeto em nome próprio. Umas cabiam nas outras, e todos cabíamos nelas.
Ao mesmo tempo que cantava sobre o que foi triste um dia, intercalava com teorias banais, aligeirando o peso do ar. Teorias como a da faixa 9, “aquela faixa que passamos à frente sem qualquer razão quando estamos a descobrir um disco, e há um dia em que revisitamos essa faixa (que normalmente é a 9, ou pode ser até a 8) e ela diz-nos algo que nunca tínhamos ouvido como deve ser”.
E pelo dom da palavra, fomos ouvindo bocadinhos da sua existência, ao som da guitarra acústica, da eléctrica e do piano de cauda que marcava o centro do cenário.
Se a dor do fim vem para purificar, tanto faz. Faz bem ouvir o que é triste e inevitável, cantado por quem sabe sentir, e perceber que isso é viver.
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sexta-feira, 22 junho 2018