Reportagem Tomorrows Tulips + The Sunflowers e White Fang + 800 Gondomar no Porto
No passado dia 25 de Maio, a Lovers & Lollypops e a Revolve proporcionaram a todos os interessados a oportunidade de, através de um bilhete único, assistir aos eventos que as duas promotoras tinham programado para esta véspera de feriado, primeiro no Café au Lait e posteriormente na Cave 45.
Tomorrows Tulips + The Sunflowers.
A viagem musical teve início com as propostas da vimaranense Revolve, e os primeiros a subir ao palco foram os The Sunflowers. Com uma alucinante fórmula de garage rock, o duo exibiu um nível impressionante de energia desenfreada e provocou as primeiras manifestações de mosh por parte do público. Ainda que haja espaço para amadurecer, estamos perante uma banda promissora, restando-nos esperar e acompanhar a sua evolução.
A encabeçar a noite no Café au Lait estiveram os californianos Tomorrows Tulips. Ao contrário da selvajaria sonora dos The Sunflowers, o grupo instalou uma atmosfera delicada e pacífica, interpretando de forma descomprometida composições que vivem num eterno estado de absoluta serenidade. È certo que possuem uma costela experimental, evidenciada por uma saudável dose de distorção, mas mesmo essa exploração não é feita de forma particularmente intensa, servindo apenas para complementar o universo inegavelmente lo-fi no qual a banda habita. Reunindo um leque de influências que vai desde os The Velvet Underground aos Pavement, os Tomorrows Tulips levaram-nos numa relaxante e agradável viagem, destacando-se a interpretação da maravilhosa “Flowers on the Wall” e o suporte visual bastante simples mas eficaz - dois adjectivos que descrevem na perfeição a banda.
White Fang + 800 Gondomar
Logo de seguida, fomos para a Cave 45, onde nos esperava uma noite fantástica. Mal descemos as escadas que vão dar ao espaço reservado para os concertos, deparamo-nos com os 800 Gondomar, que fizeram questão de provar que o rock nacional está efectivamente vivo e que eles fazem parte do conjunto de bandas que têm contribuído para a revitalização do género no nosso país. A receita aqui é de rock directo e pujante, recordando por vezes a força e rebeldia de uns MC5. Tendo ainda muito que percorrer, estão claramente no caminho certo para um dia deixarem a sua marca no panorama musical português.
Quanto aos White Fang, chega a ser difícil expressar por palavras o entusiasmo que se sentiu na sala. Donos de um punk rock enérgico e com um certo cariz psicadélico, assinaram um concerto memorável e que certamente vai figurar em muitas listas de melhores do ano. Na verdade, mais do que um simples concerto, os White Fang protagonizaram uma festa de proporções épicas, onde o sentido de humor da banda – sobretudo o do vocalista Erik Gage, que a determinada altura se encontrava somente em cuecas - se misturou com a irreverência e paixão da sua sonoridade. Foram várias as ocasiões em que não sabíamos exactamente o que se seguia, e essa imprevisibilidade, juntamente com o poder de músicas como “Pissing in the Driveway”, “Wrecked”, “ Bong Rip”, “Bad Boys” ou “Bud Light”, acabou por nos contagiar. È essa a beleza dos White Fang: a capacidade que o grupo oriundo de Portland tem em nos fazer rir e, ao mesmo tempo, abanar fortemente a cabeça.
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quarta-feira, 01 junho 2016