Reportagem Warpaint em Portugal
Parece que foi ontem que "The Fool" saiu para as ruas e causou o buzz na imprensa e em toda a comunidade e indústria musical. Agora com o segundo álbum, homónimo, as Warpaint podem-se afirmar como uma banda, como se costuma dizer, de culto.
Não importa quando começaram, importa o que continuam a fazer: música de qualidade, de fazer inveja a muitas bandas, que desejam escrever e compor canções como estas quatro raparigas provenientes de Los Angeles o fazem.
Passaram por Portugal pela quarta vez no chuvoso 1 de Março para actuar numa das salas com maior distinção de Lisboa, a Aula Magna. Ainda antes de entrarem em palco, entregaram a primeira parte a um dos projectos mais promissores da nossa contemporaneidade musical - Sequin.
Ana Miró, mentora do projecto, é pequenina em altura mas grande em ambição. Com apenas uma canção, “Beijing”, foi catapultada para as rádios e desde então não parou, percorrendo festivais e salas de espetáculo por todo o país.
Com um álbum a ser cozinhado, quase pronto a ser servido, se tudo correr bem em meados de Abril, poderemos contar com um synthpop fresco e sorridente que abrirá portas para muitas outras oportunidades e vai certamente contribuir para um Verão mais dançável.
São canções como “Flamingo” e “Peony” que nos fazem não ficar indiferentes ao que se escuta e apenas querer dançar como se ninguém estivesse a olhar, o que é uma pena porque a sala em que estivemos é um pouco condicionada para esse tipo de actividade.
Bastou hora e meia para mostrar que as Warpaint estão mais que consolidadas enquanto banda ao vivo e que a arte de compor, para elas, neste momento não passa de uma brincadeira de crianças.
“Keep It Healthy”, imediatamente após uma pequena introdução, tal e qual o novo registo de 2014, disse olá a Lisboa mas o alinhamento depressa foi visitar “Composure” viajando quatro anos atrás até ao lançamento de The Fool.
Temos consciência que Warpaint não é propriamente banda para se ver sentado e rapidamente Jenny Lee Lindberg convidou o público a levantar-se e dançar. Foi finalmente ao escutar as primeiras notas de “Love Is To Die”, o primeiro single de Warpaint, que o público se colocou nos seus próprios pés e passou a ignorar as cadeiras. Tardou mas aconteceu.
Os sintetizadores de “Biggy” levaram a uma comunhão mas foi “Undertow” que fez com que dinheiro valesse a pena, não tivesse sido esta a canção que elevou as Warpaint ao patamar que se encontram.
Passou-se por Exquisite Corpse, o primeiro EP, e uma canção inédita, mas viu-se o final (falso, claro) a chegar com “Drive” e “Disco//Very”. Despedidas forçadas, pois a vontade era a de voltar. Emily Kokal regressa, desta vez sozinha, e só se pode esperar maravilhas, maravilhas essas que se transformaram numa versão hipnotizante de “Baby”, com um pequeno contributo das letras de “Because The Night” de Patti Smith e com uma envolvência vocal capaz de fazer inveja a Elizabeth Fraser dos Cocteau Twins.
Se “Undertow” fez com que as Warpaint fossem quem são, “Elephants” vem dar a mão a esse ilustre single, numa versão prolongada fazendo o resumo da pequena grande carreira que Emily Kokal, Jenny Lee Lindberg, Theresa Wayman e Stella Mozgawa construíram para si.
Quem as viu em Paredes de Coura teve o privilégio, talvez, de ter visto o melhor concerto que as Warpaint deram em Portugal mas o da Aula Magna, num registo mais íntimo, não lhe ficou nada atrás.
Para quem quiser repetir a dose, o Optimus Primavera Sound oferece a oportunidade de reviver o momento no próximo mês de Junho, pois o que se viveu na noite de 1 de Março foi algo emocionante e que certamente se perpetuará nas memórias dos presentes, pois momentos de comunhão entre o público e artistas estão a torna-se cada vez mais escassos.
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sábado, 20 dezembro 2014