Reportagem Xavier Rudd - Lisboa
Depois de 4 anos, Xavier Rudd volta à sala que o viu mostrar-se pela primeira vez aos portugueses. A Aula Magna estava já bem composta para Ben Howard, encarregues de abrir o concerto do até-há-pouco-tempo one man band australiano. Ben Howard é o nome do par Chris Bond e India Bourne que, numa noite fria, foram aquecidos pela hospitalidade dos lisboetas. O folk amoroso de guitarras nos joelhos e violoncelo, era aguentado até à última nota para culminar numa explosão de palmas e constantes ovações. O casal que acompanha Xavier Rudd na tour europeia não se pode queixar de uma má recepção.
Também o homem da noite foi evidentemente recebido de braços abertos. Apresentando-se em palco sozinho, senta-se com a guitarra no colo e com poucas palavras começa Messages. Better People continuou a deixá-lo sozinho em palco, na companhia das cores da sua cidade, Newtown na Austrália. A bandeira vibrava por traz do talentoso músico durante Fortune Teller para onde puxou o didgeridoo. À entrada da banda que o acompanha há cerca de um ano, já se sentia um groove extra enquanto se montava o aparato à volta de Xavier. Por entre ritmos mais africanos, enquanto a bancada se levantava para um pé de dança e a zona doutoral gradualmente cedia, Set Me Free fez com que os próprios músicos dançassem em palco sem timidez. De harmónica aos ombros, White Moth ecoa por toda a sala. Já havia pessoas descalças, a Aula Magna foi por momentos transformada numa selva, com sons de pássaros a virem do fundo da bancada e Xavier Rudd a imitar um macaco na perfeição.
De guizos nos pés, passeia-se pelo palco e a banda chega-se à frente para uma espécie de cântico tribal antes de The Reasons We Were Blessed. Uma passagem imediata de The Let para Footprint não deixaram descansar e à saída da banda, ninguém conseguiu ficar quieto até tê-los de volta.
De regresso, mais uma vez solitário, Xavier fala da opressão no seu país e dedica Land Rights a toda a Austrália. Seguiu-se Gift of the Trees num registo (ainda) mais dançável. Incansável, manda chegar a banda ao palco para Let me Be que não deixou que ninguém tivesse os pés no chão. Tanto em palco como pela sala, todos dançaram e saltaram, com direito a invasão de palco que terminou em festa um concerto que, mais uma vez, não justificava a sala.
Depois de marcar presença no Optimus Alive!08, Xavier Rudd volta a deixar saudades.
Não houve promessas de regressos, mas os sorrisos estampados na cara de quem saía da excelsa Aula Magna mostram essa vontade.