Reportagem Xutos e Pontapés no Meo Arena
Os Xutos & Pontapés deram na passada sexta-feira um de dois concertos para celebrar os seus 35 anos de actividade.
A primeira parte ficou a cargo do DJ Cruzfader que entre músicas dos C2C, Aerosmith ou Rage Against the Machine, foi animando o público que começou a encher aquele espaço. Muita gente (ou não estivesse o recinto esgotado) e das mais variadas idades, todos estavam com o mesmo propósito: ver e ouvir a banda que os acompanhou na infância e na adolescência. E foi precisamente com a ajuda de Cruzfader que o concerto dos Xutos & Pontapés começou.
Enquanto a banda descia pelas escadas do Meo Arena, relembrando uma entrada semelhante realizada no Estádio do Restelo uns anos antes e desta vez a demorar muito menos tempo do que da ultima vez, o dj de serviço ia revisitando temas da banda enquanto que no ecrã iam passando imagens do grupo bem como várias datas. Estavam então abertas as hostes para mais uma grande noite. A primeira música seria “Tu Também (Há 10.000 anos atrás)” seguindo-se “Salve-se Quem Puder” e “De Madrugada (Tu e Eu)”, relembrando ao público que apesar de se comemorar os 35 anos o objectivo passa também por dar a conhecer o novo trabalho da banda, Puro.
Preparava-se o público para descansar um pouco quando chega a surpresa que o grupo tinha prometido: uma enorme parede de contentores de mercadorias pintados a representar uma cidade prevendo-se que a música que se seguiria seria “Contentores”. E assim foi: o público explodiu de alegria, saltou, cantou e berrou e os Xutos & Pontapés responderam da melhor maneira que podiam com “Ai Se Ele Cai” e “Não Sou o Único” não deixando ninguém sentado e o Meo Arena num estado de festa autêntico. Seria agora a vez de regressar ao novo álbum com “Ligações Directas” e “Um Deus” e a um ambiente mais calmo com “Negras como a Noite”, “Superjacto”, “Da Nação” e “Nesta Cidade” (onde o publico apesar de mais calado, respondeu bem). Foi com “N`América” e “Barcos Gregos”, nesta última com Tim a esquecer-se de parte da letra, que o publico começou a despertar lentamente para o que viria a seguir com “Homem do Leme”, “Remar Remar”, “Inferno II” e “Mundo ao Contrário”, esta última tendo sido cantada por grande parte de quem se encontrava no pavilhão. Segue-se “Voz do Dono” e “Milagre de Fátima”, onde muitos foram o que estranharam que os Xutos & Pontapés ainda tocassem desta forma tão aguerrida e frontal, onde apesar de pertencerem ao ultimo album passaram um pouco ao lado de quem estava presente.
Chega a vez de “Submissão”, cantada pelo Zé Pedro com a voz de criança irrequieta, “Á Minha Maneira” e “Dia de São Receber” esta ultima com um twist: na pausa que o Kalu tão sagradamente faz enquanto o publico bate palmas e berra em plenos pulmões, os Xutos & Pontapés tocam parte de “Telecaster”, uma surpresa para quem segue o grupo a alguns anos e uma desconfiança para aqueles que apenas se seguem pelos hits da banda portuguesa e esperavam pela voz do Kalu em “a puta da minha vida” como se um comando militar se tratasse para colocar o concerto ao rubro. Se o mote já estava dado, assim continuou com “Chuva Dissolvente”, “Sémen”, “Cordas e Correntes” e “Vida Malvada”. Segue-se a vez de Kalu tomar conta do microfone com “Falhas” e “Tonto” desta vez sem crowdsurfing e também sem “Tu Aí”, na altura em que muitos pensavam que seria essa a música escolhida pelo baterista portuense.
Com o concerto quase no fim, os Xutos & Pontapés apresentam as músicas que, normalmente, são obrigatórias de serem tocadas nos seus concertos: “Circo de Feras”, “Para Ti Maria”, “Casinha”, terminando com “Para Sempre” (com um efeito visual que de longe, formava um coração no centro do palco) o primeiro de dois dias de concertos.
Os Xutos & Pontapés demonstraram que, apesar de 35 anos no bucho ainda estão para as curvas e recomendam-se. Há muito que deixou de ser um evento especial e passou a ser uma reunião familiar, quiçá de religião, de todas as idades (e ontem ficou novamente provado onde uma criança no alto dos seus 6 anos dizia para a sua mãe “Amanhã podemos vir novamente, mãe?”) onde nenhum familiar se cansa e o grupo, também não.
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sábado, 20 dezembro 2014