Reportagem Yann Tiersen no Porto
No passado dia 13 de Março, o Coliseu do Porto viu subir a palco um dos compositores multi-instrumentistas mais entranhados na sabedoria pop: nada mais nada menos do que o francês Yann Tiersen, nome que atingiu níveis de celebridade astronómicos quando se propôs a fazer a banda sonora de Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain.
A noite, era, de alguma pompa e circunstância, e o público nortenho não se fez rogado a mostrar o quanto aprecia o inegável talento do artista francófono. Num concerto dividido em duas partes, durante cerca de 1h20, foi clara a empatia existente entre o músico e o público, que tanto se observa numa sala sentada e mais formal como o Coliseu como num festival de Verão (relembro que esteve presente em 2012 no altura Optimus Primavera Sound).
A primeira parte foi inteiramente dedicada a EUSA, registo que já data de 2016, reproduzido apenas pelo artista no seu piano e gravações num tape deck. Como acompanhamento, apenas diversos sons de natureza, como o canto de pássaros e som de correntes de água, entrelaçados com poesia recitada na língua bretã. Uma ponte bucólica entre o Porto e a região de Brest, que viu o músico nascer. Temas cristalinos e doces, melancólicos também, um pouco como a sua discografia nos habituou.
Posteriormente, na segunda parte, revisitou temas anteriores do seu reportório, tanto no piano clássico como no violino, sem esquecer um curioso piano de brincar. O momento de maior exaltação chegaria com um desses temas mais antigos, no encore, com “La Dispute” a arrebatar a maior salva de palmas da sala. Era sempre interessante ver como é que o músico ia circulando pelo palco, pegando ora num instrumento, ora noutro.
Foi por isso um concerto doce e delicado, com muita música e pouco diálogo (se bem que seria interessante, dado o clima intimista, saber uma ou duas coisas acerca dos temas tocados) e que certamente encheu a alma dos presentes. À bientôt monsieur Tiersen!
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sexta-feira, 23 março 2018