Reportagem Yo La Tengo em Lisboa
O fim de semana passado foi alvo de um regresso já há muito esperado. Yo La Tengo, projecto de Ira Kaplan, Georgia Hubley, sua esposa, e James McNew, oriundos de Hoboken, EUA, já não precisa de apresentações mas sim apenas louvor depois do concerto que os trouxe de volta à nobre Aula Magna de Lisboa. Fade, o sucessor do simpático Popular Songs (2009), constou em peso no alinhamento ao longo de duas horas e meia (com pausa) e duas partes (bem) distintas.
Com o relógio a rondar vinte minutos após a hora prevista e com um palco extremamente alusivo à capa do décimo terceiro registo, o trio entra em palco calmamente e com um claro sorriso por estar de volta ao país que os calorosamente recebe desde de 1998. A primeira parte foca-se num registo mais acustico e com claras tendências folk. Ohm, faixa de abertura de Fade, é imediatamente reconhecida, seguida de Two Trains. Ira Kaplan é dado ao improviso e logo após Double Dare, do álbum Painful (1993), pede um forte aplauso para os Snapper e inicia Gentle Hour, encerrando mais tarde com Tom Courtenay (uma das faixas mais relevantes de Electr-o-Pura de 1995) o primeiro segmento do concerto.
Yo La Tengo é daquele tipo de bandas que pode dar-se ao luxo de fazer uma pausa e voltar, porque serão sempre recebidos com fervorosos aplausos e entusiasmo, e tal acabou por se verificar assim que as primeiras notas de Nothing To Hide se tornam perceptiveis. Com uma nova visita a Fade ,com Before We Run e a repetição de Ohm na versão que se tornou conhecida, mais o regresso a Painful, com Sudden Organ e uma paragem por The Beach Boys em Little Honda, eis que chega o momento da noite: Pass The Hatchet, I Think I’m Goodkind, que ao longo de quinze minutos de pura distorção e destruição se verifica uma sincronia sublime da bateria de Hubley com o baixo de McNew, enquanto Ira Kaplan extravaza toda a sua energia, debruçado na sua guitarra.
Como é normal, depois do “fim” vem sempre o encore e este acaba por se realizar com uma, regra geral, sessão de covers. Com direito a The Seeds com Can’t See To Make You Mine, A Message To Pretty dos Love e uma encomenda fornecida pelo público com Frenzy dos The Fugs, os Yo La Tengo optam por encerrar a “sessão de covers” com um original: Big Day Coming. Houve quem tentasse The Smiths ou a clássica Sugarcube ou até I Can Hear The Heart Beating As One mas, infelizmente, não houve qualquer tipo de sucesso. Os lisboetas, sedentos por mais, ainda tiveram direito a Griselda dos The Holy Moda Rounders num segundo encore que marcou o ponto final (definitivo) num concerto de uma qualidade e de um profissionalismo louvável.
Afinal de contas são os Yo La Tengo, têm uma carreira vasta, de excepcional qualidade e não precisam de rigorosamente mais nada enquanto fizerem o que fazem melhor: música
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sábado, 20 dezembro 2014