Reportagem Yo La Tengo no Porto
Conhecidos como uma das maiores e mais influentes bandas de rock alternativo norte-americano, os Yo La Tengo regressaram a Portugal para dois concertos em nome próprio. Consigo trouxeram "There’s a Riot Going On", o décimo quinto álbum de originais, que esteve presente em várias listas de melhores álbuns de 2018.
O regresso à Europa tinha como ponto de partida o nosso país, onde depois de uma primeira paragem pelo Capitólio, era a vez do Hard Club acolher a casa dos Yo Lo tengo. Refiro-me a casa porque, mais uma vez, foi essa sensação de lar e aconchego que se fez sentir durante o concerto. É recorrente os espectáculos em nome próprio conseguirem proporcionar uma maior proximidade entre público e artistas, mas no caso dos Yo La Tengo essa proximidade dá a sensação de ser ainda mais explorada.
Foi um pouco depois das 21h que James McNew, Ira Kaplan e Georgia Hubley ocupavam os lugares (em constante rotação) para a primeira de duas faces do concerto. Com a ajuda do público, que manteve a atenção e ajudou a criar o ambiente propício, a primeira parte seguiu muito a linha que se faz sentir em "There’s a Riot Going On", com doses instrumentais bem acompanhados, com a componente electrónica e com a voz a assumir a calma necessária para não nos perdemos na viagem sobre o lado bom da melancolia.
Tudo apontava para que o último álbum fosse o mais representado durante o set, mas como é hábito no registo da banda, a surpresa do que pode ser ou acontecer na próxima música está sempre presente. As oito datas que a banda realizou no Bowery Ballroom (New York) no passado mês de Dezembro, onde nenhum tema foi repetido entre concertos, demonstra bem a característica de tornar cada concerto ainda mais único e surpreendente.
Após quase uma hora dessa viagem que estava a ser proporcionada, foi tempo de uma curta paragem para enfrentar a segunda face do concerto. Uma segunda face que não abandonou por completo o estilo da primeira, mas seguiu por caminhos com mais barulho, onde sentíamos de perto a distorção, o arranhar da guitarra e a violência sónica que também está muito presente no adn do trio. Várias passagens pelo decorrer da discografia e o sentimento que por vezes estávamos a assistir a uma jam session de amigos.
No encore de despedida e já num clima de festa, James McNew aceitou o desafio de Ira Kaplan para dar voz à cover de Gates of Steel, do reportório dos Devo. Seguiu-se Did I Tell You e You Can Have It All, uma cover de George McCrae com a roupagem característica da banda.
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quinta-feira, 14 fevereiro 2019