Reportagem Zack Hill + Lobster @ Plano B
Review Zack Hill + Lobster - PlanoB - Fotos
No passado sábado viveu-se uma noite de rock mais experimental no Plano B. Zach Hill e Lobster fizeram aquecer o público portuense com os seus ritmos frenéticos e eufóricos.
Perante um público algo distante e parado os Lobster entraram em palco, apresentando o seu rock cáustico e complexo, essencialmente retirado do seu último trabalho Sexually Transmited Electricity, com a mestria de quem já tem bastante tempo de estrada.
Há que dizer que para um duo, enchem bem as medidas de uma sala, conquistando o público rapidamente.
Isto deve-se, em parte, da grande perícia possuída por ambos os músicos. Quer a bateria, quer a guitarra apresentam linhas bastante complexas, que brincam com os tempos e com o público de uma forma espectacular. Acabando em nota alta, salientaram o seu gosto e saudade pela cidade do Porto, massajando o ego dos presentes, mas de uma forma sincera e sentida.
Uma banda com boa música e uma atitude humilde, algo raro nos dias de hoje.
Seguidamente, foi a vez de entrar em palco um verdadeiro virtuoso da bateria, Zach Hill (mais conhecido pelos seus ritmos nos Hella).
Com uma pose calma e descontraída, subiu ao palco para preparar o seu espaço de forma relaxada, mas mal se sentou em frente à sua bateria para efectuar a performance de Necromancer, transformou-se.
É dificil acreditar que alguém consiga tocar com a velocidade e força de Zach sem estar possuído por um demónio ou sem estar sob alguma influência. Mas a verdade é que aguentar uma peça inteira com semelhante velocidade é um feito incrivel, e um testamento à dedicação dada ao instrumento por este californiano. Uma pequena noção da força de Zach Hill pode ser dada pelo facto de ter sido necessário colocar uma tábua a travar o bombo para este não cair do palco, mesmo assim não resultando, sendo preciso que um membro do público segurasse o pedaço de madeira.
O facto de um dos timbalões cair várias vezes ao longo do concerto perante as baquetadas intensas de Zach mostra o seu ímpeto. Apesar de ter sido um set mais experimental, não ostentando a apresentação do seu novo albúm a solo Astrological Straits (que não fica nada atrás dos seus trabalhos com os Hella), foi um espectáculo interessante, onde foi possível ver até que limites alguns músicos levam os seus instrumentos, quase fluindo com eles para uma outra dimensão, tornando-se numa única entidade.
Marco Castro