Reportagem Zola Jesus no Porto
Foi no domingo passado que Nika Danilova, mais conhecida como Zola Jesus, visitou pela primeira vez o Porto, actuando no Maus Hábitos perante uma plateia que a recebeu de braços abertos.
A recepção calorosa é fruto do carácter único da sua obra e da voz bela e poderosa que possui, mas esta actuação mostrou-nos um lado de Zola Jesus verdadeiramente surpreendente - o da performer confiante e solta. Vimo-la correr pelo palco, cantar no meio do público ou, já no final, despedir-se com um intenso momento de percussão – uma postura imprevisível que contrasta com a natureza intimista das suas composições. No entanto, não passa de uma expressão genuína de garra e paixão, pois Zola Jesus é, sem dúvida alguma, uma artista apaixonada por aquilo que faz.
Vemos e sentimos também o gosto pela exploração de diversos mundos musicais: há aqui pop, influências clássicas, electrónica ou mesmo industrial, mas desta ecléctica mistura nasce uma sonoridade bastante própria. Apesar de certas músicas nos fazerem pensar em nomes consagrados (como, por exemplo, Siouxsie & the Banshees), a verdade é que identificamos aqui uma personalidade bem vincada. Além disso, a banda que a acompanha é extremamente competente, sendo que a inclusão do trombone contribui ainda mais para que a música da artista norte-americana se torne difícil de categorizar.
O setlist, como já era de esperar, foi baseado no mais recente álbum “Taiga”, do qual ouvimos temas como “Dangerous Days”, “Dust”, “Lawless” ou “Hunger”; contudo, houve ainda tempo para recordar um passado não muito distante com “Sea Talk” ou a majestosa “Night”, onde a voz magnífica desta senhora realmente se destacou. Já no encore, Zola Jesus deu por terminada uma prestação memorável com a beleza melancólica de "Skin" e a atmosfera electrónica arrepiante de "Vessel”.
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domingo, 24 novembro 2024