Reportagem Zu no Porto

A Cave 45 voltou a proporcionar, na quinta-feira passada, uma noite dedicada ao que de melhor se faz no underground, acolhendo o regresso à Invicta dos italianos Zu – mestres incontornáveis do experimentalismo sem limites e cuja longa carreira já lhes permitiu colaborar com nomes como Buzz Osborne (líder dos Melvins) ou Mike Patton.

O trio, já familiar com o público português devido às suas apresentações em locais como o Passos Manuel ou o festival Milhões de Festa, foi responsável por um dos mais ensurdecedores e enérgicos concertos que já vimos neste espaço. A Cave estava abafada, o volume elevado e a música que emanava das colunas era desafiante e complexa, variando entre devastadoras explosões sonoras e passagens ligeiramente mais calmas, mas sempre com um acentuado toque experimental e um impressionante domínio de uma imprevisível fórmula de math rock, free jazz e noise.

Tudo isto é ainda mais surpreendente se tivermos em conta que o grupo necessita somente de um saxofone, um baixo (cheio de distorção) e uma bateria para levar a cabo as suas explorações sonoras, provando que mesmo um formato simples pode produzir algo grandioso. Todos os elementos são igualmente excelentes músicos, destacando-se a prestação selvagem e tecnicamente irrepreensível do baterista Tomas Järmyr.

Enquanto estiveram em palco, os Zu deram tudo o que tinham e exibiram bastante coesão, sendo que a prestação foi de tal forma intensa que a banda necessitou de breves pausas para recuperar o fôlego.

No final, embora estivéssemos cansados, sentíamo-nos extremamente satisfeitos. Não é todos os dias que testemunhamos um concerto tão alucinante e pujante - na verdade, por muito que aqui se escreva, só quem marcou presença nesta noite memorável é que poderá compreender plenamente o que aqui se viveu e sentiu; os Zu chegaram e não deixaram ninguém indiferente.