Reportagem Dead Can Dance na Casa da Música
Sob o selo da mítica 4AD, Dead Can Dance não se define de forma fácil nem sucinta. Eles próprios inventaram uma nova categoria musical, uma linguagem muito própria que engloba resquícios daquilo que se pode chamar de dark folk etéreo, étnico e, porque não, também apocalíptico.
Às nove e meia as portas da Sala Suggia abriram e impreterivelmente à hora marcada, a banda surge em palco emoldurada por uma plateia expectante, nervosa e que de pé aplaudia entusiasticamente os primeiros acordes tocados.
Detentores de uma carreira internacional fulgurante, Dead Can Dance são uma das últimas grandes bandas. Ao vivo inebriam pela delicadeza da voz de Lisa Gerrard e pelo timbre seguro e perfeito de Brendan Perry. Tal como seria de esperar, tocam na íntegra o mais recente trabalho, "Anastasis", editado este ano, alternando com temas dos anteriores álbuns, canções emblemáticas e incontornáveis como "The Host of Seraphim" e a delicada e inconfundível "Song to the Siren".
Após cada tema, durante duas horas exactas, o público aplaudiu efusivamente sempre de pé. Durante cada tema tocado o silêncio na sala era aterrador, como se se estivesse perante algo divino e em determinados momentos, sobretudo já no final, durante a incrível interpretação de "Rising of the Moon", a voz de Lisa Gerrard ganha vida, imiscuíu-se de forma brusca e simultaneamente subtil em cada um dos ouvintes e ninguém saiu indiferente. "You're beautiful, I love you" foram as últimas palavras que se escutaram e quase todos saíram da sala com a certeza de terem saído de um sonho que finalmente se tornou realidade.
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sábado, 20 dezembro 2014