Reportagem AJA no Porto
AJA, um dos porta-estandartes deste estranho universo baptizado de “New Weird Britain”, passou recentemente pelo nosso país para nos proporcionar uma bizarra viagem pelo seu igualmente bizarro mundo artístico.
No Porto a sala escolhida foi o Understage, esse canto escondido do Rivoli que se revelou perfeito para acolher esta sessão musical de cariz experimental. A mistura de sons e ideias desta compositora singular, cujas referências vão desde noise/power electronics a techno, é naturalmente ruidosa mas igualmente performativa. Esse lado cénico reflectiu-se nas roupas extravagantes, mas também nos momentos em que AJA se pendurava nas grades do palco ou sempre que berrava de forma agonizante perante a audiência que a observava atentamente num misto de confusão e encanto. Não se tratava, afinal, de um concerto “normal”, mas sim de uma insólita experiência audiovisual, uma visita ao universo obscuro mas envolvente de uma figura tão carismática quanto misteriosa.
Contudo, por muito interessante que o serão tenha sido, aquilo que ouvimos e que visualizamos em excertos disponibilizados no Youtube acabou por criar expectativas demasiado elevadas. Nesta noite, AJA focou-se sobretudo na componente electrónica da sua arte e menos nos elementos sonoros de natureza esquizofrénica que a aproximam de nomes como Pharmakon, ainda que essa faceta tenha estado presente. Não quer isto dizer que a actuação tenha sido má – muito pelo contrário – simplesmente foi um pouco menos violenta e infernal do que, muito honestamente, poderia ter sido.
Ainda assim, a artista sediada em Nottingham protagonizou uma prestação competente e mostrou ser um dos nomes mais promissores do actual panorama internacional. No final, isso foi suficiente para que tenhamos abandonado a sala contentes com o que vimos e sentimos.
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quarta-feira, 21 fevereiro 2018