Reportagem Angel Olsen em Guimarães
Descrever a beleza do concerto que Angel Olsen proporcionou nesta noite de Domingo, o primeiro de três esgotados em Portugal, é uma tarefa ingrata; no fundo, por muito que aqui se escreva, só quem testemunhou esta prestação é que compreenderá realmente o quão inesquecível foi. Se no ano passado a vimos no palco principal do NOS Primavera Sound, num ambiente que retirou muita da intimidade que a sua música pede, nesta noite o cenário revelou-se ideal: Angel esteve sozinha num palco parcamente iluminado, servindo-se somente das delicadas melodias da sua guitarra e da sua poderosíssima voz para criar uma atmosfera de doce introspecção.
Mesmo sem banda de apoio conquistou imediatamente a nossa atenção e os nossos corações através de majestosas composições como “Unfucktheworld”, “Lonely Universe”, “Sans” ou “White Fire”, e nem a ausência de temas do aclamado “My Woman” pareceu aborrecer uma audiência maravilhada com cada acorde e cada palavra proferida.
A mera presença de Angel Olsen, num registo comunicativo mas ainda assim ligeiramente tímido, foi suficiente para que todos aqueles que encheram o Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor embarcassem numa extraordinária viagem de tons contemplativos, como se a magnífica realidade que observávamos fosse, na verdade, um sonho do qual recusávamos acordar. Nesta noite verteram-se lágrimas de felicidade (viemos aqui para chorar, como a artista fez questão de referir), esboçaram-se sorrisos e, acima de tudo, escreveu-se mais um capítulo no memorável romance entre Angel Olsen e o público português.
Quando abandonamos a sala sentimos logo saudades da experiência que tínhamos acabado de viver, mas enquanto durou saboreamos cada segundo. Resta-nos agora preservar as memórias deste esplêndido e emotivo serão.
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quinta-feira, 17 maio 2018