Reportagem Delta Tejo 2010
2 de Julho de 2010 - Fotos
Mais uma vez o festival que aposta em artistas originários de países produtores de café, juntou a boa música e os ritmos quentes no primeiro dia da edição de 2010. Para abrir o palco principal estavam preparados os brasileiros Natiruts, que no ano passado encheram o palco Santa Casa, perante uma plateia não muito preenchida. Alexandre Carlo com a saudação "Boa noite Lisboa" fez descer mais gente ao palco principal e assim pôr toda a gente a mexer ao som do reggae. Entre singles de trabalhos anteriores os brasileiros apresentaram também o "Raçaman"- último álbum da banda.
Seguiu-se Carlinhos Brown que cumprimentou todos os presente no Alto da Ajuda com "Olá Brasil". A alegria que Carlinhos deixa em palco já toda a gente conhece e a ligação que o cantor tem com o público também, fazendo-o descer vária vezes para perto deles. Enquanto fazia mexer a plateia inteira da direita para a esquerda do recinto, mencionava que o espectáculo é no publico.
Os mais esperados da noite eram os portugueses Buraka Som Sistema. A plateia já se apresentava bem composta para dançar ao som do kuduro. "Buraka entra, o som rebenta" é um verso de uma música dos próprios que descreve na perfeição os concertos de Buraka. "Kalemba", "Sound of Kuduro" , "Aqui pra vocês" e "Luanda Lisboa" foram algumas das músicas que fizeram vibrar os presentes. Em a "Filha do General" o palco encheu-se de mulheres vindas da plateia. Os BSS anunciaram que este seria o último concerto do presente ano em Lisboa.
O senhor que se seguiu foi Shaggy mais conhecido por Mr. Bombastic. Um início com o Dj a percorrer algumas músicas conhecidas de todos aqueceu as vozes do público que o esperava. "it is a party in lisbon?" e o público pouco reagiu até que se soltou o "I Gotta feeling" vindo do Dj e Shaggy afirmou "This how we party in New York". A festa continuou até ao final do concerto com muito reggae.
O segundo dia do Delta Tejo foi cantado no feminino. A posição ingrata de abrir o palco coube a Susana Félix que revelou que "Não há nada melhor que passar o final de uma tarde de verão em boa companhia". mas as palavras não foram suficientes para animar a plateia. A cantora apresentou-se descalça e descontraída apresentando "Mais Olhos que Barriga" num registo bossa nova conseguindo assim que o público a acompanha-se a cantar. Para finalizar a cantora surpreendeu cantando o tema da "Rua Sésamo".
Ana Moura mostrou que o fado também tem um lugar cativo nos festivais, agradecendo o convite por parte da organização. O início pertenceu ao grupo de percussão "Tocándar" que fez a introdução para "Não é um fado normal". Entre as músicas bem portuguesas "Fado Corrido", "Os Búzios" e "Fado Bailado", Ana Moura brindou os presentes com "No Expectations" tema que cantou com os Rolling Stones. Ainda houve tempo para tocar o homónimo do seu último disco, "Leva-me aos Fados".
Já se notava a grande presença de público brasileiro que esperavam ansiosamente a subida ao palco de Ana Carolina. A cantora que na edição de 2008 marcou presença também no dia das mulheres. "É Isso Aí" foi das músicas mais aclamadas pelo público presente a par de "Cabide". Foi dos concertos mais concorridos do palco principal nesta noite.
Quando se esperava uma enchente no palco principal, o mesmo não aconteceu. A cantora que no ano de 2009 marcou presença no palco Santa Casa com uma grande afluência de público. Nneka não conseguiu cativar o público que desmobilizou depois de Ana Carolina. Embora não falta-se animação nos temas "V.I.P" e "Heartbeat", a Nigeriana com o seu estilo hip hop/reggae, ficou prejudicada pelo som demasiado baixo tirando assim muita emoção as suas músicas.
No terceiro e último dia do Delta Tejo esperava-se ritmos vindos de África e do Brasil. E foi ao som de África que começou o dia com o Angolano Paulo Flores que fez mexer o bastante público presente no recinto. Segundo a organização estiveram cerca de 20 Mil pessoas, o dia mais concorrido do festival. Do palco pedia-se que o público dança-se e assim se fez, quase como num aquecimento para o resto da noite.
Os artistas que se seguiram tem o nome de Grupo Revelação e vieram para fazer a festa. O público esperava-os para saltar e sambar, acompanhando os músicos em todas as músicas, "Eu te quero só para mim" foi uma delas. A massa de público fazia-se sentir no Alto da Ajuda, só se via verde e amarelo por todo o lado, t-shirts, bandeiras, tudo remetia ao Brasil. A Noite era deles.
De seguida subia ao palco o já bem conhecido Martinho da Vila, quarenta anos de carreira, não necessita de apresentação. Muito do público presente veio para o ver e manifestaram-se cantando e dançando todas as músicas de Martinho enquanto o músico distribuia sorrisos para a plateia. O cantor ordenou: "toda a gente tem de dançar do jeito que pode" e ninguém se atreveu a não corresponder. "Mulheres" foi cantada incessantemente pelo público e assim terminou um concerto mágico.
E para fechar o festival em grande, os Asa de Águia não muito conhecidos dos portugueses foram muito aclamados pelos brasileiros. A poeira ainda não tinha assentado do concerto de Martinho da Vila e já estava de novo no ar. O grupo Baiano de axé, gênero musical surgido no estado da Bahia que mistura forró, reggea e calipso tocou músicas como "É Hora de Amar" e "Vale Night". A energia era muita e ninguém queria que o concerto chega-se ao fim mas dei-se o final e só havia sorrisos e boa disposição no final de mais um Delta Tejo.
A referir que comparativamente com a edição anterior o palco secundário não conseguiu rivalizar com o palco principal, mantendo-se a grande parte dos 3 dias muito despido.
Numa edição com menos aderência que a anterior, mas com o mesmo espírito de sempre, resta-nos esperar pela edição do próximo ano.