Reportagem Festival Alive!07
Numa primeira edição de um festival nunca se sabe muito bem o que se vai encontrar.
A primeira sensação foi boa, um recinto amplo e com muita gente. Este que é um festival que ainda está a definir a sua personalidade e estilo leva uma nota muito positiva. As condições quer ao nível da restauração como das casas de banho eram eficazes. A área dos sanitários encontrava-se distante e apesar de nos intervalos entre artistas ocorrerem filas nada era significativo. Na restauração havia comida para quase todos os gostos: cachorros, hambúrgueres, pizzas, frango, pão com chouriço, bifanas e a tachadinha e que boa tachadinha.
1º Dia: O recinto encontrava-se cheio, segundo a organização eram 35 mil festivaleiros, todas as expectativas foram superadas.
Eram quase 16h30 quando abriram as portas do recinto e era ver os adolescentes a correr para se encostarem as grades do palco principal e de lá não mais saírem. O palco principal e secundário estavam bastante afastados o que permitiu que os sons não se misturassem.
Falemos então de música.
Eram 18 horas quando os Oioai sobem ao palco para tocarem apenas 40 minutos. Esta banda que passou por muitas das queimas do país tentou conquistar os festivaleiros com o seu single mais conhecido Sushi Baby e que levou os presentes a trautear a letra em conjunto com a banda.
Ainda a decorrer o concerto dos Oioai quando os The Used sobem ao palco. O vocalista Bert McCracken trazia no punho um cachecol de Portugal e não mais o largou. Muitas das pessoas presentes não estavam ali para os ouvir mas a verdade é que conseguiram conquistar o público perguntando várias vezes: Are U Alive??
Os Loto apresentaram um concerto muito morno. À parte dos singles mais conhecidos faltou garra ao vocalista para agarrar no pouco público presente e fazer daquele concerto algo especial. O facto do palco se encontrar dentro de uma tenda de circo não facilitou a “libertação” e originalidade da banda, para juntar à festa o som não estava com grande qualidade.
Para todos aqueles que já viram alguma vez um concerto dos Blasted Mechanism já conhecem a energia que eles conseguem pôr em palco e a magia que criam, transportando-nos para outro mundo. Os sons rock, funk e reggae mesclados levaram o público ao rubro e a dança, ninguém conseguia estar parado e muitos eram os que cantavam do início ao fim.
No palco secundário, Unkle Bob não acrescentaram nada a este dia, com uma música que pouco ou nada fazia vibrar os presentes foram poucos aqueles que resistiram até ao final do concerto visto os Linkin Park estarem quase quase a entrar em palco.
E o que dizer dos Linkin Park? Desde a primeira à última música que tiveram o público mais que conquistado. Mas também foram conquistados, já que segundo os mesmos o público do Alive!07 foi um dos melhores públicos que eles alguma vez tiveram o que levou ainda a uma maior adesão ao ritmo da banda por todos. Chester e Mike Shinoda com as suas vozes conseguiram, desde as músicas mais rítmicas à “Pushing me Away” apenas com piano, que todas as vozes gritassem as letras.
Os LP tocaram músicas desde o primeiro ao último álbum que saiu ainda este ano. De seguida fica a line-up:
- One Step Closer (1ª album)
- Lying From You (2º album)
- Somewhere I belong (2º album)
- No More Sorrow Papercut (1ª album)
- Points (3ª album)
- Given Up (3ª album)
- Don’t Stay (2º album)
- From The Inside (2º album)
- Leave Out All The Rest Numb (2º album)
- Pushing me Away (1º album)
- Breaking The Habit (2º album)
- In The End (1ª album)
- Crawling (1ª album) (Encore)
- What I’ve Done (3ª album)
- Little things (3ª album)
- Bleed It Out (3ª album)
- Faint (2º album)
One Step Closer abriu com chave de ouro este concerto e Faint terminou com uma hora e 30 minutos de bom rock americano.
The Sounds foi a grande surpresa da noite no palco secundário. Uma rapariga, loira, provocante e calções muito curtinhos cantava e dança sensualmente a sua música punk, contagiando todo o público de emoção e divertimento. Para uma actuação que não contava com mais de 200 pessoas muitos dos que lá estavam conheciam as letras e a vocalista Maja Ivarsson que levava todos os presentes à loucura. A garra demonstrada em palco levou-a a subir à bateria e a cantar de lá mesmo, ficando mais alta que todos provocando toda a audiência presente. Uma grande senhora que merecia bem mais público do que aquele presente. Um ponto menos positivo para a organização que colocou as bandas do palco secundário ao mesmo tempo que as do palco principal.
Pearl Jam era aguardado por muitos desde o início da tarde, tendo sido o maior concerto da noite. A banda não fez mais do que aquilo que já nos habituou a ver mas que foi o suficiente para colocar todo o público em harmonia e energeticamente cantando todas as letras de todas as músicas. Eddie Vedder mantinha a sua presença incontestável e única. Pearl Jam entraram no palco pouco antes da meia noite e com os primeiros acordes levavam o público ao êxtase. A máquina de rock esteve em palco quase duas horas e na sua line-up incluíram temas como "Do the evolution", "Animal", "Life wasted", "Alive", "Better man", "Black", “Daughter” e “Rearviewmirror”. O som foi um ponto negativo pois encontrava-se um pouco baixo.
Bucovina Club iniciou a sua actuação ainda a decorrer o concerto dos Pearl Jam o que os levou a subir ao palco com uma audiência inferior a 30 pessoas. Mas esta logo aumentou pois os seus ritmos estimulantes para a dança atraíram mais gente e colocaram todos a dançar até às 3 da matina. Uma excelente forma de terminar o primeiro dia da primeira edição do Festival Alive.
2º Dia: O segundo dia começa com uma estimativa de pessoas inferior ao anterior: 20 mil. O cartaz garantia o regresso dos Smashing Pumpkins o que por si só levou muita gente ao recinto, mas todos os restantes músicos não atraíram tanto público como na primeira noite do evento.
Dapunksportiff abrem o dia festivaleiro no palco secundário pelas 18 horas. O concerto foi sólido e com muita energia mas devido à hora o público não abundava nem reagia ao concerto.
Os Triângulo de Amor Bizarro foram os primeiros a subir ao palco principal. Este trio espanhol situado no indie-rock não conquistou o público. Ninguém os parecia conhecer e poucas foram as pessoas que se mantiveram em frente ao palco para os verem (comparativamente a The Used no dia anterior). Ainda a decorrer o concerto dos Triângulo de Amor Bizarro quando se inicia o concerto no palco secundário dos Plástica. A sua brit-pop conseguiu encher a tenda secundária com o novo álbum Kaleidoscope.
Os Balla iniciaram o concerto de uma forma muito calma o que levou à pouca adesão do público. Quando estes se encontravam a dar os últimos acordes já mais ritmados o público aderiu mais um pouco. Este 2º dia foi fraco no que refere a bandas do palco principal antes dos dois cabeças de cartazes.
O primeiro grande momento da noite ocorre com os White Stripes. Pela primeira vez em Portugal este era um concerto muito aguardado. Com um palco vermelho e branco Jack e Meg White encheram o espaço de sonoridade rock. Ela de branco, ele de vermelho comanda o espectáculo e a máquina de garage rock não parava. Nas músicas que trouxeram a Portugal encontram-se "Fell in love with a girl", "We're going to be friends", "I just don't know what to do with myself" e "Seven nation army", uma das grandes canções rock que andam por aí e sendo o grande auge da noite. O concerto termina com Meg e Jack abraçados e dobrando o corpo numa vénia a todo o público presente.
Os The Go! Team estiveram surpreendentemente bem mas mais uma vez mereciam mais público. Esta banda britânica mescla elementos do pop, electro, hip-hop, rock e punk. Músicas em destaque “Ladyflash” e “Bottle Rocket”, já conhecidas pela maior parte dos presentes. Com "Let's have fun" como base do concerto o dinamismo criado com duas baterias a tocar em simultâneo e com Ninia, a vocalista, a desafiar todas para a dança fez deste um dos melhores concertos no palco secundário de todo o festival. Ficamos a aguardar o seu regresso num palco maior que este.
Como por magia com os primeiros acordes de “Today” dos Smashing Pumpkins caiem as primeiras gotas de chuva neste festival. Mas as pequenas gotas não afastavam o público mas atraiam-no para o palco através do som inconfundível. Na playlist deste concerto constaram músicas como "Disarm", "Bullet with butterfly with wings", “1979”, “Zero”, “To Sheila” e "Tonight, Tonight".
3º Dia: São 17 horas e 12 elementos de seis nacionalidades sobem ao palco secundário.
São os Tora Tora Big Band com uma fusão de funk, jazz e ritmos latinos. O público não era muito mas dançava sem cansaço, afinal era o inicio do último dia deste festival.
Eram 18h30 quando Sam The Kid entra em palco para pôr a malta a curtir. Ele que se encontra na lista do que melhor existe no hip-hop tuga. Fez-se acompanhar de músicos excelentes: quatro MC, bateria, dois Cool Hipnoise nas teclas (João Gomes) e baixo (Francisco Rebelo) e o DJ Cruzfader atrás dos pratos. Consegue por todos a gritar "O povo unido jamais será vencido" no tema “Abstenção”. “Não Percebes” foi outro dos momentos altos do concerto. A actuação terminou com “Poetas do Karaoke”.
Os The Vicious Five são uma das melhores bandas de rock português da actualidade. Uma hora de concerto foi pouco para todos que estavam ali para o mosh. Tudo terminou com o vocalista a trepar a tenda num dos melhores momentos de todo o festival. “Suicide Club” e “Smile On Those Daggers” foram os temas da noite.
Matisyahu entra em palco e as cores do reggae já se respiram. O rapper judeu brilha com “King Without a Crown” com todo o público a cantar em coro.
Os Wraygunn tocavam, entretanto, no palco secundário conseguindo uma das maiores enchentes. Shangri-La, o álbum mais recente era já cantado por muitos.
Foi no último dia que o cheiro das casas de banho invadiram o recinto, mais propriamente, a zona de alimentação. O cheiro não era nada confortável.
Os Da Weasel fizeram aquilo que sabem fazer melhor: animar o público. O apelo à utilização do preservativo foi um ponto positivo nesta actuação. Matisyahu para espanto de todos sobe a palco e Pacman chama-o de gajo grande. Como habitual os Da Wasel terminaram com “Tás Na Boa” e tocaram todos os seus êxitos para maravilha do público presente.
Eram 20 mil as pessoas a assistirem à estreia dos Beastie Boys em Portugal. O público este sempre incansável nos aplausos e reagindo a temas como “Body Moving” que abriu o concerto, “Triple Trouble” “Root Down”, “Skills to Pay the Bill”, “Pass the Mic”, “No Sleep 'Till Brooklyn”, “Brass Monkey”, “Sure Shot”, “Intergalactic”, despedindo-se com “Sabotage”, tema dedicado ao Presidente dos Estados Unidos da América – George W. Bush.
Coube a honra de finalizar este festival aos Buraka Som Sistema. Uma grande festa para todos aqueles que ainda tinham energia para abanar o rabo. Já passava da 1h30 da manhã quando se deu por encerrado a primeira edição do Festival Alive.
A 2ª Edição está já garantida para os dias 10, 11 e 12 de Julho de 2008.
Até já, Alive.