Reportagem Festival Ilha do Ermal 2009
O dia 27 de Agosto foi o dia de recepção aos campistas do Festival Ilha do Ermal.
Depois de 8 anos parado, o Festival do Metal trouxe muitas expectativas e a banda de covers, RCA, foi a escolhida para acolher os que já estavam acampados, à espera da muita música que iria preencher os dias seguintes.
28 de Agosto
No dia 28 de Agosto começou o festival que todos ansiavam. No palco secundário, “Seduction Stage”, estiveram presentes as bandas: The Godiva, Solid Spectrum, Decrepidemic, Confront Hate, Seregon, Killem, Witchbreed, Desire, Thanatoschizo, One Man Army, The Temple.
Destacamos Witchbreed e The Temple, duas bandas portuguesas com grandes actuações que apesar do pouco tempo que lhes deram, conseguiram demonstrar o seu poder e prender todos os que enfrentaram o calor para assistir aos concertos.
No palco principal com alguns problemas de som iniciais, os espanhóis Dark Moor tiveram as honras da casa para abrir as actuações neste “Dream Stage”. Com uma excelente voz, algumas melodias árabes e influências celtas, dão a esta banda um estatuto importante no meio power/symphonic metal. De salientar o muito tempo que tiveram de improviso em palco, o que para um concerto relativamente curto se tornou excessivo.
De seguida foi a vez dos alemães Disbelief que apresentaram a este festival o death metal, seguidos dos holandeses Textures que com um som mais progressivo fizeram as delícias de muitos. Era notória a segurança da actuação, lançando ao público enormes sorrisos mesmo durante as passagens mais complexas.
Os Obituary apoderaram-se do palco com uma grande presença e trazendo ao público o seu death metal vindo directamente da Florida, USA. Para fechar esta noite, os gregos Firewind subiram ao palco e apresentaram-nos um metal mais melódico, com riffs muito bem tocados, com uma voz bastante adequada ao seu tipo de música, onde tudo estava bem afinado. Com músicas como “My loneliness”, “Maniac of dance floor”, “Till the end of time”, num concerto onde dominou a comunicação com o público e muito boa presença em palco. Tivemos também oportunidade de presenciar solos de guitarra e de bateria muito bem concebidos e com grande impacto. Tudo isto numa actuação que fez com que o primeiro dia acabasse em grande.
29 de Agosto
O dia 29 era, provavelmente, o dia mais esperado. Todos aguardavam os grandes Sepultura, mas antes deles subiram ao palco secundário: Prayers of Sanity, Artworx, My eyes inside, Assassinner, My Enchantment, De profundis, E.A.K, Concealment, Wykked Wythc, W.A.K.O., Heavenwood.
Deste segundo palco, o destaque vai para My Enchantment que surpreendeu pela positiva com grandes músicas; W.A.K.O. com um concerto muito bom, com uma energia contagiante que se espalhou e atraiu rapidamente muita gente para frente do palco; e ainda os Heavenwood que se juntaram este ano depois de uma pausa, demonstrando que voltaram em grande, com boa música e muita energia.
No palco principal os concertos começaram com uma boa performance dos Nightrage, um quinteto com elementos suecos e gregos que mostram músicas muito bem conseguidas e com muito poder. De seguida os Hatesphere, vindos da Dinamarca, deram mais um concerto cheio de energia, com músicas muito boas. Logo depois entraram os holandeses Pestilence que apesar da muita energia e grande comunicação com o público viram o concerto fortemente penalizado pela fraquíssima qualidade do som, tornando-se a melodia quase imperceptível no meio de muita distorção e exagero de graves.
Inicia-se a actuação mais esperada da noite, os brasileiros Sepultura. Com um som muito equilibrado, muita energia e com um alinhamento virado essencialmente para músicas bastante conhecidas de todos, fizeram as delícias dos que ansiavam por este concerto.
Para acabar a noite subiram ao palco os Korpliklaani, uma banda de folk metal que foi a revelação do festival. Não fazendo ideia do que esperar, a maior parte do público depois da surpresa inicial deixou-se contagiar e juntou-se à festa que tinha lugar no palco. Juntando ao trivial do metal, um violino e um acordeão, dando um gosto especial à sonoridade da banda, foi impossível estar parado ao ouvi-los. Todos os festivaleiros dançaram, acabando este dia em plena festa.
30 de Agosto
O dia 30, último dia do festival, prometia ser o mais melódico dos três. No palco Seduction Stage actuaram: Don’t Disturb My Circles, Duelo Eterno, Minim, Angriff, Sound Storm, Crushing Sun, Switchtense, Gauntlet, Pitch Black, Deville, Men Eater.
Este foi o dia que este palco mais surpreendeu, com muita qualidade das bandas apresentadas, das quais o destaque vai para Switchtense que teve uma performance bastante boa e muito cativante.
No palco Dream Stage da Noruega chegou-nos o metal dos Thunderbolt que nos brindou com uma grande voz e excelentes músicas. A qualidade continuou com os franceses Nightmare que estiveram igualmente muito bem. Seguidamente foi a vez dos portugueses Ramp que voltavam ao festival. Esta banda presenteou-nos com um bom concerto, com grandiosas músicas e muita energia. São a prova que as bandas portuguesas também estão ao nível das internacionais e não precisam de um palco secundário para darem concertos.
Os alemães Blind Guardian foram os que se seguiram presenteando-nos com mais um agradável concerto. Esta banda teve uma qualidade sonora indiscutível, onde o mais pequeno detalhe era perceptível. Com músicas muito boas e tecnicamente bem concebidas deliciaram todos os presentes. Abrilhantaram o concerto com um tema acústico e com as referências ao “Senhor dos Anéis”.
Os brasileiros Angra foram os escolhidos para encerrar a edição deste ano do Festival do Ermal, com um concerto ao nível da qualidade do resto do dia: muito bom. Apesar de alguns problemas de som que a grande voz e os grandes instrumentistas conseguiram ultrapassar, sendo impossível ficar indiferente à excelente qualidade dos mesmos. “Angles and demons”, “The course of nature”e “Rebirth” foram alguns dos temas tocados.
A volta do Festival Ilha do Ermal tinha tudo para ser inesquecível mas, infelizmente, nem tudo correu pelo melhor havendo alguns pontos, a nosso ver importantes referir. Estes dias valeram pelo magnífico sítio onde se realiza, pela grande qualidade das bandas presentes e pelo público que, apesar de muitas vezes ser alvo de discriminação e preconceito, foi ele que fez deste o festival com melhor ambiente e onde o campismo menos custou, tornando a utilização das casas de banho e dos chuveiros pouco penosa. Contudo começar os concertos ao meio dia, mostrou-se muito injusto para as bandas, pois ninguém conseguia aguentar o sol com as temperaturas que se registaram, e mesmo os que conseguiam, acabavam por desistir devido às longas mudanças de palco, e partiam à procura de uma sombra ou de um mergulho e por lá ficavam.
De lamentar a forma como foram tratadas algumas bandas presentes e a imprensa. Esperemos que na edição de 2010 do Festival do Ermal, algumas lacunas venham a ser suprimidas, nomeadamente a disponibilização de uma sala de uso exclusivo para a imprensa, para que esta consiga trabalhar e promover assim o festival.
Texto: Cátia Caetano
Fotos: Ana Coelho