Reportagem Festival Paredes de Coura 2007
O Festival Paredes de Coura 2007 realizou-se com grande expectativa pelas bandas que preenchiam o cartaz, pois muitas delas encontravam-se pela primeira vez no país.
O dia de recepção ao campismo serviu de aquecimento para os que se seguíram. As actuações decorreram no Palco Ibero Sounds / After-Hours, que se localizava agora na antiga zona de restauração.
Os Sizo estrearam a noite e o festival. A banda do Porto, veio mostrar o álbum Nice to Miss You. entrou com um ligeiro atraso de dez minutos em palco mas logo o vocalista João Guedes se prontificou a pedir ao público para se chegarem mais perto, para saltarem e no fim lhes pagarem um fino. A banda deu tudo o que tinha em palco conquistando aqueles que se encontravam presentes para ouvir bom rock português. Muito ritmo marcou o início do Festival Paredes de Coura 2007.
Devotchka seguiu-se, em tons de vermelho e preto, a mistura de música cigana, grega e mariachi foi explosiva. Muitos eram os instrumentos em palco, desde as cordas com o contrabaixo, guitarra e violino, até aos instrumentos de sopro e percussão, como o acordeão, a bateria e a tuba. Durante o concerto levanta uma garrafa de vinho e diz a todos os presentes: “Saúde”. Todos os que tinham cerveja na mão ergueram o copo. Em “The Last Beat of My Heart” partiu-se uma das cordas da viola, nada que impedisse Nick Urata de parar o concerto. No fecho do concerto conseguiu por todos a gritar: Yo Yo Yo!!O público demonstrava o seu agrado total batendo palmas e dançando sem parar.
A música cigana deu lugar à música electrónica pelo DJ Fra. Alguns festivaleiros abandonaram o recinto mas DJ Fra conseguiu pôr os resistentes a dançar até depois das 3 da manhã.
Os Simian Mobile Disco vieram mostrar o seu EP com o mesmo nome. Constituídos por Mr. James Ford & Mr. James Shaw e reconhecidos pelas remisturas de grandes bandas da música indie e rock, ouviram-se, entre outras, “Simple” e “It’s The Beat”.
O dia nasce com sol, muitos chegam-se para o Jazz na Relva para relaxarem, jogarem cartas ou futebol, e até dormirem. Este que já é um palco carismático e essencial deste festival.
Pelas 16 horas os Zappa – Low Budget Research Kitchen entraram em palco e muitos foram os que não resistiram a estar atentos, o que levou ao pouco público no inicio do concerto dos Slimmy no Palco Ibero Sounds. Com o álbum Beatsound Loverboy na bagagem, “Set Me on Fire” foi a música mais aguardada pelos presentes. A combinação da música electrónica com o rock resultou e convenceu aqueles que desconheciam por completo a banda. “Night Out” foi pela primeira vez tocada em palco e fecharam com “Self Control”. Despediram-se com um “Até para o ano” e porque não??
The Blows subiram ao palco pelas 17h30 já com uma maior afluência de público pois o Jazz na Relva já tinha terminado. O grupo espanhol tem uma grande presença em palco conseguindo puxar os festivaleiros e agarrá-los ao bom rock new wave que sabem fazer. “107 dBs”, “Sin City Lies” e “We Want You” foram temas escutados.
Os Londrinos New Young Pony Club subiram ao palco principal para apresentarem o seu álbum de estreia Fantastic Playroom e muitas centenas de pessoas vibraram com o concerto, muitas delas sabendo de cor algumas das letras. Tahita Bulmer grita: "Let’s All Have a Good Time!" E o público bate palmas. Mais tarde pergunta se algum dos festivaleiros já tinha ouvido falar deles e muitos são aqueles que gritam em resposta. Sem dúvida uma banda indie/electrónica em ascensão e um concerto a recordar. Aqui fica o line-up dos New Young Pony Club:
- Get Lucky
- Hiding on the Staircase
- Grey
- The Bomb
- Jerk Me
- F.A.N.
- Ice Cream
- Tight Fit
- Descend
- The Get Go
Mal se ouviu o primeiro acorde de Sparta muitos são os que se levantam e batem palmas para a entrada da banda em palco. “Untreatable Disease” abre com estilo. Três guitarras e uma bateria constituem os instrumentos que dão força à música dos Sparta. Todos vestidos de preto só as guitarras dão uma cor mais clara ao grupo americano. O álbum Threes, editado em 2006, esteve em destaque. Para os fãs aqui está a line-up:
- Untreatable Disease
- Crawl
- Light Burns Clear
- Most Vicious Crime
- Breaking the Broken
- Erase it Again
- Glasshouse Tarot
- Assemble the Empire
- Atlas
- Taking Back Control
- Air
Devido ao cancelamento de Mando Diao, por motivos de saúde do vocalista, as primeiras bandas actuaram uma hora mais tarde.
Pelos Blasted Mechanism esperava uma multidão de gente. Muitos eram aqueles que ainda não tinham assistido a um concerto da banda após a edição do álbum Sound in Light. Os festivaleiros gritavam por Blasted quando estes entraram em palco com “Battles of Tribes”, o novo single do último álbum. Karkov teve alguma dificuldade durante esta música pois o microfone falhava um pouco, trocou-se o micro e o problema ficou resolvido. O espectáculo de imagem proporcionado pela banda junto com a música e a energia que transmitem coloca-os no pódio das melhores bandas portuguesas da actualidade. O “mosh dançante” e o “crowd surfing” caracterizou o concerto. “I believe” levantou poeira no anfiteatro natural. “Blasted Empire”, “Sun Goes Down”, “All the way” e “Karkov” foram os momentos altos destes concerto electrizante. No fim Karkov ainda tirou a máscara para poder olhar nos olhos a quantidade de público presente.
M.I.A. sobe ao palco pelas 23 horas e traz consigo o álbum Kala. O número de público decresceu e o estilo musical que a caracteriza (hip-hop, ragga e dancehall) não pareceu agradar a muitos dos que se encontravam presentes. A sua irreverência em palco e a constante dança conseguiu contudo colocar aqueles que resistiram a dançar. Os momentos altos foram com “Sunshowerz” e “Boyz”. A line-up de M.I.A. em Paredes de Coura, 2007:
- Bamboo Banga
- World Town
- XR2
- Bucky
- Pull Up
- Sunshowerz
- 20 Dolla
- Jimmy
- 10 Dolla
- Uraqt
- Bird Flu
Babyshambles sobem ao palco e muitos eram aqueles que os aguardavam impacientemente. O guitarrista não pode estar presente pois segundo Peter Doherty (vocalista) não lhe foi concedido o visto o que levou a que a música produzida não estivesse na sua melhor qualidade. Mas nada que estragasse a festa. Entre as músicas presentes ouviu-se: “The Blinding” e “Delivery” com mosh à mistura em frente ao palco.
Os Mundo Cão tocaram para uma plateia bem composta. Entre os temas tocados tivemos “Caixão”, “Da Vertigem Sou Mendigo”, “Louva a Deus”, “Canção Amigo”, “Duna de Tule” e a fechar “Olga Diz”. Pedro Laginha foi ainda ao lado direito do palco dar autógrafos aos fãs.
Os 6 PM trouxeram o seu pop electrónico até às margens do Rio Tabuão. Ivan Oubiña e Raul Mon conquistaram os presentes com o seu primeiro disco “Far From Perfect”. Contudo, tocaram em simultâneo que Spoon no palco principal o que levou o público a ter de optar por uma das bandas. “The Beast and Dragon Adored” foi a primeira música escutada, seguida por “Don’t you Evah” e “Don’t Make Me a Target”. "Ga Ga Ga Ga GA" é o disco que a banda trouxe na bagagem para dar a conhecer aos festivaleiros de Coura.
Imaginem música cigana misturada com punk e ambiente de cabaret?? Conseguem imaginar?? Pois nem lá perto estão! Um concerto de Gogol Bordello é uma experiência única que deve ser vivida pelo menos uma vez na vida. Este que, para nós, foi o concerto do festival foi realizado ainda de dia e teve como personagens principais: Eugene Hutz, Sergey Ryabtsev e Yuri Lemeshev, entre outros. Mas tudo começava antes do concerto, no check sound. Sergey foi realizar o check sound ao seu violino e tudo o que ele fizesse era copiado pela audiência. “Ultimate”, “Not a Crime”, “Start Wearing Purple”, “Wonderlust King”, foram os momentos altos do concerto em que todos saltavam, cantavam, moshavam. Tudo era desculpa para não estar parada enquanto a Gypsy music estava em força no palco principal. Tudo acaba demasiado cedo, apenas uma hora de espectáculo com Eugene Hutz a realizar um solo tão magnífico com a sua viola que partiu praticamente todas as cordas. Um espectáculo digno de repetição nos tempos próximos num qualquer cantinho de Portugal.
Architecture in Helsinki são australianos e trouxeram até Paredes de Coura o álbum Places Like This. Mais uma vez o rock electrónico enchia o festival de música. “Debbie”, “Hold Music” e “Heart It Races” foram temas escutados.
O concerto dos Mão Morta era aguardado por muitos e abriu com “Maria Oh Maria” que foi muito aplaudido pelo público. Contudo a chuva que já vinha salpicando os presentes começou a cair com mais força o que levou a que aos poucos alguns festivaleiros decidissem voltar para as tendas. Mas muitos foram os resistentes muitos deles munidos de impermeáveis (o negócio do dia)!! O Festival Paredes de Coura sem chuva nem parece o mesmo. Por isso o baptismo começou e só iria acabar no dia seguinte de manhã, para mal daqueles que não tinham tendas impermeáveis. Voltando à música, a multidão que aguardou pelos Mão Morta manteve-se fiel, conseguindo levantar poeira mesmo com a chuva que se fazia sentir. Ouviram-se todos estes temas:
- Maria oh Maria
- Oub’lá
- E se Depois
- Tu disseste
- Cadáver 1º Novembro
- Budapeste
- Gnoma
- T.V.
- Vertigem
- Barcelona
- Vamos Fugir
- Cão da Morte
- Anarquista
Adolfo Luxúria Cabral referiu um “Adeus ao rock’n’roll” mas até ao momento não conseguimos confirmar se irá realmente acontecer.
David Johansen entra em palco com grande estilo. De calças de ganga e um lenço vermelho ao pescoço promete um grande concerto. Com o seu punk rock os New York Dolls trouxeram até nós o álbum One Day It Will Please Us To Remember Even This e a line-up foi:
- Looking for a Kiss
- We’re all in love
- Piece of my heart
- Volcano
- Private World
- Rainbow store
- Gimme luv & Turn On The Light
- Fishnets & Cigarrettes
- Punishing World
- Plenty of music
- Frankenstien
- Arms / Lonely
- Pills
- Monkey
- Trash
- Jet Boy
Com a chuva a cair com mais força Dinossaur Jr. sobe ao palco principal de Paredes de Coura com muitos a aplaudi-lo. Após um interregno entre 1997 e 2005 a banda volta em força com o novo álbum Beyond. Os momentos altos do concerto foram com “Almost Ready”, “Just Like Heaven”, “Freak Scene”, “Out there” e “Forget the Swan”.
Este que foi o último dia de festival teve também a maior afluência de público. Sonic Youth foi o nome que mais festivaleiros trouxe ao festival.
Os Right Ons iniciaram a sua actuação pelas 16h30 no Palco Ibero Sounds. O soul, funk e rock dominou a actuação. Seguídos pelos portugueses da Marinha Grande Born a Lion a multidão já era extensa e o funk deu lugar ao blues e ao country.
Os Linda Martini abriram o último dia no palco principal. Com quatro guitarras em palco este foi um concerto marcado pelo bom rock experimental que cá se faz. Muitos foram aqueles que já sabiam a letra de “Amor Combate” de cor. O vocalista André Henriques ainda referiu que há dois anos se encontravam do lado do público a sonhar estar neste palco e ainda bem que o sonho se concretizou.
Os ingleses Electrelane trouxeram até Coura "No Shouts, No Calls", álbum editado em Maio deste ano. Com muito público no anfiteatro natural muitos eram aqueles que os viam sentados. “Olá Coura” foram as primeiras palavras da vocalista Verity Susman e logo mais adiante refere que é fantástico estar em Paredes de Coura pois é um festival muito bonito. Aqui fica a line-up para os mais curiosos:
- Bells
- After the Call
- V.O.R.
- To the East
- Birds
- Eight Steps
- I’m on Fire
- Between the Wolf and the Dog
- If not now, When?
- Long Dark
The Sunshine Underground deram um concerto enérgico em que ninguém conseguiu parar por um momento. A dança e a poeira no ar foi constante e o punk, funk e indie estiveram em força com estes ingleses de Leeds. “Commercial Breakdown” e “Put You in Your Place” foram os momentos altos deste concerto.
Peter, Bjorn & John sobem ao palco com um versão oriental de “Youg Folks” e abrem o concerto com “Let’s Call it Off”. Referiram ainda que são da Suécia e que não achavam que em Portugal estivesse tanto frio.. agradeceram. Na bagagem trouxeram o álbum Writer’s Block, editado em 2006, e tocaram:
- Let’s Call it Off
- See –Through
- Far Away, By My Side
- The Chills
- Start To Melt
- Amsterdam
- Paris 2004
- Young Folks
- Teen Love
- Objects Of My Affection
- Up Against The Wall
Cansei de Ser Sexy sobe ao palco com balões de várias cores. A vocalista Lovefoxxx trazia uma roupa que brilhava no escuro e foi incansável em palco. Disse que adorava vinho do porto e bacalhau. O álbum com o mesmo nome da banda esteve em destaque. A line-up fica para os mais curiosos:
- Jager Yoga
- Alala
- Fuck Off is Not the Only Thing You Have to Show
- Meeting Paris Hilton
- This Month, Day 10
- Alcohol
- Lindja
- Patins
- Pretend
- Off The Hook
- J.Lo
- Music is My Hot Hot Sex
- Lets Make Love and Listen to Death From Above
Sonic Youth foi a banda mais aguardada da noite. A impaciência do público sentia-se no ar e o frio que se fazia sentir não ajudava. Com a entrada em palco a temperatura subiu e já ninguém sentia o nariz a gelar. Todos dançavam, cantavam e o mosh e o crowd surfing estavam em força. O álbum "Rather Ripped" esteve em destaque e “Incinerate” e “Reena” colocaram a audiência ao rubro, a magia fazia-se em Coura.
O Festival Paredes de Coura 2007 decorreu sem grandes problemas, a organização esteve bem, os campistas apenas se queixaram de pouca limpeza das casas de banho fixas. Tudo o resto parecia agradar os festivaleiros, até a presença de burros (animais em vias de extinção) foi momento alto. Devido à chuva os mergulhos no Rio Tabuão não aconteceram com tanta frequência e a malta tentou-se aquecer com cerveja, a um euro e cinquenta cêntimos!! O ambiente foi de festa e de descontracção, para o ano há mais.
O Festival Paredes de Coura promete voltar em 2008 mas com datas bem distintas das deste ano. 31 de Julho a 3 de Agosto de 2008 são as datas previstas para encher o Rio Tabuão e a Vila de Paredes de Coura cheia de festivaleiros e animação.