Reportagem Festival Paredes de Coura 2008
O Festival Paredes de Coura 2008 arrancou em grande. A parceria com a Everything is New está para durar e eles prometem não faltar ao melhor Festival Alternativo do Ano em 2009.
A abertura do palco principal esteve a cargo dos Bunnyranch. A banda portuguesa sobe ao palco pelas 19h30 já com alguns milhares de festivaleiros no recinto, para mostrarem o novo álbum “Teach us lord”. Conseguiram amornar o fim de tarde que começava a esfriar e colocar o público a gritar "Can't Stop The Ranch" após pedido de Kaló.
Seguiram-se os X-Wife. Depois de uma conferência de imprensa onde referiram que iriam tocar temas novos do álbum que sairá daqui a dois meses – “Are You Ready For The Blackout”. O momento alto do concerto acontece com “Eno” e “Ping-Pong” com o público a cantar junto com a banda e a bater palmas. E ocorre um dos momentos mais esperados da noite, o primeiro mosh da edição de 2008 do Festival de Paredes de Coura.
Com 10 minutos de atraso e alguns problemas técnicos com o som, os The Bellrays defirenciam-se pela sua vocalista Lisa Kekaula, com um vozeirão, uma grande cabeleira castanha, um vestido lilás, uns sapatos bem altos e uma pandeireta na mão direita electrizou todos aqueles que queriam que este concerto lhes passasse despercebido. Poucos eram os festivaleiros que pareciam conhecer a banda. “Fire on the Moon” abre o concerto. Com uma forte percussão e duas guitarras a banda conseguiu ligar a tomada e colocar a energia no ar. "Blues For Godzilla" e "Testify" foram os momentos mais animados deste concerto.
São 23h10 e os festivaleiros gritam Mando Diao, assubiem, fazem barulho, impacientes para que a banda entre em palco. Com um cigarro na boca o vocalista Gustaf Norén tive problemas com o som da sua guitarra e microfone, mas tudo se resolve rapidamente. A banda mostra o seu entusiasmo por estar em Portugal e em “Clean Town” pede ao público para colocar as mãos no ar mas este responde doutra forma e começa o crowd surfing. “Never Seen The Light Of Day” seguiu-se e dedicam “If I Don’t Live Today, Then I Might Be HereTomorrow” a Michael Jackson. No encore ouve-se “Sheepdog” e “Down In The Pass” e Gustaf refere que esta é a última hipótese dos festivaleiros dançarem.
- Intro
- One Blood
- Mexican Hard Core
- Clean Town
- Neven Seen the Light of Day
- Tv and Me
- Good Morning Herr Horst
- Dalarna
- Train on Fire
- All my senses
- Song for Aberdeen
- If i don't Live Today
- God Knows
- Long Before Rock and Roll
- Sheepdog
- Down in the past
Mais de trinta anos passados de Never Mind The Bollocks, Here's The Sex Pistols as expectativas para ver os Sex Pistols eram altas. “Good fucking evening Portugal” diz Johnny Rotten. "Pretty Vacant" abre o concerto. Logo de seguida começam as queixas de Johnny “There is no need this fucking feedback”. "Submission" não teve garra suficiente para aquecer ao máximo o ambiente mas com "Holiday In The Sun", "No Fun" e "God Save The Queen" colocou o mosh em alta e compensou o preço do bilhete pago para ali estar. O primeiro encore fez-se com "Bodies" e com três festivaleiros a invadirem o palco. Johnny Rotten grita “This is My Stage”. Seguiu-se "Anarchy In The UK" para fechar o primeiro encore. O segundo encore foi com "Silver Machine", dos Hawkwind, e "Roadrunner", dos Modern Lovers. Assim aconteceu um dos concertos mais esperados do ano, alguns festivaleiros ficaram satisfeitos outros nem por isso, mas já podem colocar o visto no quadradinho de Sex Pistols.
1 de Agosto
Os Two Gallants entram em palco a afinar os instrumentos. Apenas com dois elementos, o guitarrista Adam Stephens e baterista Tyson Vogel foram suficientes para amornar o ambiente. A grande maioria do público aguardou sentado que o concerto terminasse.
Os The Rakes sobem ao palco com 5 minutos de atraso. Em “We Dance Together” o público bate palmas e o vocalista Alan Donohoe agradece. Com "22 Grand Job" e "The World Was a Mess But His Hair Was Perfect" o mosh esteve quente.
Os The Sounds abrem o concerto com “America”. Maja Ivarsson pergunta: “Are you ready to have a good time with The Sounds tonight?”. Seguiu-se “Hit me” e “Queen of Apologies”. Maja refere que não estavam em tour mas quando foram convidados tinham mesmo de vir porque adoram Portugal, segue-se “Hurt You”. A vocalista conseguiu ainda, sensivelmente a meio do concerto, colocar os rapazes e as raparigas a cantar separadamente “na na na na na”. Em “Fire” desce junto ao público e abraça-se aos festivaleiros mais sortudos junto as grades. Quem tinha visto estes suecos no Alive 2007 já tinha ficado com boa impressão mas em Paredes de Coura deram o máximo e foi um concerto muito animado.
- Intro
- America
- Hit Me
- Queen Of Apology
- Seven Days a Week
- Hurt You
- Ego
- Night After Night
- Intermission
- Painted by Numbers
- Fire
- Song With a Mission
- Rock N Roll
- Hope You're Happy Now
Os Editors tinham o concerto ganho. A voz de Tom Smith esteve em grande e o público ajudou. "Bones", "Blood" e "Sparks" abriram o concerto. O momento alto da noite chegou com "Smokers Outside The Hospital Doors" e "Munich" e era ver a malta jovem de colete verde reflector no mosh.
Depois de alguns minutos de atraso que com o frio custavam muito a passar é a vez de Primal Scream aquecer o ambiente de Coura. Abrem o espectáculo com “Can’t Go Back” e Bobby Gillespie pede ao público para bater palmas em “Dolls”. “Beautiful Future” é o título do novo álbum e do novo single que surgiu como um dos momentos mais quentes do concerto. “I Wanna Testify” e “Country Girl” também não se ficaram atrás. A actuação terminou com “Rocks” e sem encore para tristeza de alguns fãs. O frio não ajudou a tornar este um dos concertos memoráveis deste ano em Paredes de Coura.
- Can't Go Back
- Dolls
- Miss Lucifer
- JailBird
- Beatiful Future
- Losing More
- Kill All Hippies
- Suicide Bomb
- Love to Hurt
- Shoot Speed
- Snatika Eyes
- Movin On Up
- Country Girl
- Rocks
Os Spiritual Front são os primeiros a subir ao palco principal no terceiro dia do Festival Paredes de Coura 2008. Vestidos de preto e branco o vocalista Simone "Hellvis" Salvatori questiona ao público Como estão?. Começam o concerto com “The Shining Circle”, seguida por “Bastard Angel”. “Jesus died in Las Vegas” foi um dos temas ouvidos para uma plateia com poucos milhares de pessoas que assistiu ao concerto sentada.
Com os The Teenagers já estavam mais festivaleiros no recinto. O vocalista Michael refere que como é a primeira vez em Portugal querem ver toda a gente a dançar, mas isso só acontece com o momento alto da noite - "Homecoming". O vocalista precisava de cheerleaders mas depois de as escolher não as deixaram subir ao palco, segurança demais num evento que se quer de festa???. Apenas uma rapariga subiu ao palco para dançar, pular e cantar pois a versão original tem duas vozes, uma masculina e uma feminina. A cheerleader portuguesa esteve em alta no palco a mostrar que em Portugal sabemos ser os maiores em palco (comprovado pelo último concerto da noite).
Os The Mars Volta foram a banda mais controversa da noite. Houve festivaleiros que amaram e outros que só não adormeceram porque os solos de guitarra tinham o som muito alto. Era vê-los de um lado a bater palmas e a abanar a cabeça e do outro a olhar para o relógio (porra que nunca mais acaba). Tenho de assumir que olhei muito para o relógio. Na bagagem a banda trazia o novo álbum “The Bedlam in Goliath”. Ainda houve alguns festivaleiros que para se aquecerem fizeram mosh mas logo Cedric tentou acalmá-los para, segundo o mesmo, não saírem do festival feridos. Aqui fica a Set list:
- Goliath
- Viscera Eyes
- Wax Simulacra
- Ouroboros
- The Widow
- Ilyena Cygnus...
- Vismund Cygnus
Omar Rodriguez-Lopez é um dos melhores guitarristas da actualidade contudo não foi suficiente para conquistar o público. A sensação que fica para quem não conhecia Mars Volta é que isoladamente são muito bons mas como uma banda podiam ser melhores. Com onze elementos em palco faltou mais interacção com os festivaleiros.
dEUS exibe um dos melhores concertos do festival. Vestidos de preto e com o novo álbum “Vantage Point” na bagagem conseguiram fazer do que sabem melhor. “Instant Street” foi um dos momentos grandiosos da noite. "The Architecht", "Slow", "Fell Off the Floor, Man", "Suds and Soda" e "Roses" foram momentos intensos de um concerto sempre em alta. "Serpentine", já no encore, fecha com chave de ouro, um momento único para todos os presentes convencendo os festivaleiros a passar pelos Coliseus em Outubro. Hora e meia de concerto não foi suficiente para muitos que queriam ouvir mais de dEUS.
- When She Comes Down
- Instant Street
- Fell off the Floor, Man
- Is a Robot
- Turnpike
- The Architect
- Favourite Game
- Slow
- Smokers Reflect
- Nothing Really Ends
- Bad Timing
- Suds and Soda
- Roses
- Oh your God
- Serpentine
E devido a alteração realizada pelos The Mars Volta foram os WrayGunn que tiveram o prazer de fechar a noite. E que excelente fecho. Para aqueles que pensavam que o público ia todo embora mal acabasse dEUS engaram-se. Os festivaleiros não arredaram pé e valeu a pena. A atitude em palco já característica de Paulo Furtado pedindo logo no inicio do concerto aos seguranças para tratarem bem os festivaleiros que faziam crowd surfing demonstrou o espírito da banda e a boa atitude para com a malta cá de baixo, entenda-se público. Rock, soul, gospel e punk deram espectáculo e como com a banda anterior só houve momentos em alta. "Everything's Gonna Be OK", "She's a Go Go Dancer" colocaram o público a cantar, a mexer o pezinho, a moshar, a fazer crowd surfing, um concerto brutal numa grande noite. Com “All Night Long” repetido, ecoado, cantado mil vez por Paulo Furtado e pelo público, o vocalista desce até ao pit e pede aos seguranças para o largarem e lá vai ele, em crowdsurfing gritando “Love That Woman”. Um momento histórico.
3 de Agosto
Os Ra Ra Riot sobem ao palco pelas 19 horas com muito pouco público no recinto. Um concerto que passou completamente despercebido e que valeu pelas cordas, violoncelo e violino que faziam do pop um som mais irreverente.
Au Revoir Simone seguiu-se com as vocalistas a referirem logo no início do concerto que este será provavelmente o concerto que elas mais gostaram. Muito do público ouvia sentado contudo é difícil ficar indiferente às três meninas no palco e à sua música. Erika, Annie e Heather conseguiram conquistar Paredes de Coura ainda de dia. O álbum “The Bird of Music” era conhecido por muitos dos presentes que correspondiam e aplaudiam todas as músicas. "A Violent Yet Flammable World" e "Sad Song" foram cantadas por muitos festivaleiros. Mostraram ainda alguns temas novos mas mais uma vez tiveram a aceitação completa da audiência.
O tributo a Joy Division abre com "Atmosphere". Ninguém sabia bem o que iria acontecer neste tributo. E a verdade é que muitos festivaleiros não acharam grande piada ao concerto. A ideia até era engraçada, realizar um tributo com a uma banda épica com bons músicos portugueses (entre outros, Nuno Gonçalves (The Gift), Tiago Dias (Room 74), Ricardo Braga (Cindy Kat) e Rodrigo Leão) contudo algo falhou, as vozes dos vocalistas a tentar imitar a voz original saía forçada e o concerto teve muitos tempos mortos.Com "Transmission" aconteceu o momento menos frio da noite, com o público a cantarolar e a bater palmas.
Os Biffy Clyro entram em palco com mais de meia hora de atraso. Vestidos com umas calças brancas de Lycra o trio não passa despercebido. A banda escocesa conseguiu dar umas boas rockalhadas e conquistaram muitos dos que não os conheciam. "Machines", "Love Has a Diameter" e "Who's Got A Match" foram dos temas mais acalorados pela audiência. A fechar, "Mountains". Um concerto que demonstrou a qualidade da banda, colocando os festivaleiros a moshar e a fazer crowdsurfing com grande estilo.
Os Lemonheads sobem ao palco para darem um dos concertos mais mornos do festival. O guitarrista Dando a meio do concerto ficou a solo no palco a tocar algumas canções colocando o ambiente ainda mais frio. "My Drug Buddy", "Shame About Ray", "Alison's Starting To Happen", "Skulls", uma versão dos Misfits, e "Into Your Arms", foram os momentos mais altos de um concerto que esteve muito morno,
Os Thievery Corporation entram em palco para o último concerto do festival numa onda mais reggae, étnica e festiva. Muito do público já se tinha ido embora quando a plateia resistente dançava imparável. A uma certa altura alguém perguntava: mas afinal eles são quantos?? O rodopio em palco de vocalistas era constante ajudando a aquecer os ânimos. Rob Garza e Eric Hilton anunciaram um espectáculo dedicado ao público português com destaque para os dois primeiros discos, "Sounds from the Thievery Hi-Fi" e "The mirror conspiaçy" e com uma dezena de músicos convidados. Uma das vocalistas, a brasileira, repetiu várias vezes: Olá Porto. O que levou a alguns assobios. Mas a empatia com a banda superou tudo isso, a boa onda esteve em grande no término do festival.
Depois do after hours já pelas 7 horas da matina havia distribuição de pães com chouriço à borla. Que grande forma de terminar o festival em grande.
Em geral aponta-se como aspectos positivos da edição deste ano: o grande ambiente que este festival têm e o sol que esteve sempre presente (ou a chuva que esteve ausente). Os aspectos negativos, e a melhorar na próxima edição são as casas de banho que nunca estiveram tão más na zona do campismo, quer pela pouca frequência que eram limpas quer pelos entupimentos que deixavam um cheiro insuportável; os seguranças no fosso que algumas vezes mostraram agressividade a mais para com quem caia no pit; apenas uma caixa multibanco no recinto (sempre com muita fila) e o som dos anúncios que passavam entre os concertos que raramente estava sintonizado com a imagem.
Que saudades de Paredes de Coura, agora só mesmo em 2009. O Festival Paredes de Coura irá realizar-se a 30 e 31 de Julho, 1 e 2 de Agosto de 2009.