Reportagem Festival Sudoeste 07
Dia 2:
O recinto abriu em festa, muitos eram os pontos de divertimento, desde o "sapo wash" onde podias tomar banho como se uma lavagem automática se tratasse até ao bungee car onde eras lançado de muitos metros de altura dentro de um smart.
Após a primeira ronda pelo recinto ainda verdejante do Festival Sudoeste 2007 verificamos a A.S.A.E. em força a “estragar” o primeiro dia do festival realizando vistorias nos vários pontos de comércio tradicional do recinto.
Claud subiram ao palco pelas 19h30 com pouco público presente no Planeta Sudoeste. O grupo português canta uma música tradicional portuguesa mas com batidas de rock à mistura. Os cinco elementos do grupo vibram para um público que os via sentado e não ultrapassava as 100 pessoas. O som da tenda podia estar também um pouco melhor. A vocalista com saia de trapos rosa e t-shirt branca representa o espírito do grupo. Órgão, viola, gaita-de-foles e bateria constituem os instrumentos base da banda que já dá cartas pela Europa fora. Entre o reportório tocado ouviu-se “Sou desta terra”, “O Cacilheiro” e “Salto em Frente” entre outras.
No palco principal esperava-se por Mayra Andrade para estrear o palco TMN. A cantora entra em palco trazendo a sua música do mundo e o álbum “Navega” e o público cresce. Com um vestido cor de esperança deu alegria a um concerto de todos aqueles que nem com a falta de água que se fazia sentir no recinto faltaram à festa. E é no momento mágico em que o sol se põe que a cantora agradece e pergunta a todos se estão bem e se fizeram praia. Conseguiu ainda por todos a cantar “Comme s’il en pleuvait”.
A tenda Planeta Sudoeste encontrava-se bem composta quando os Filarmónica Gil entraram em palco. O vocalista Nuno Norte pediu a todos que se aproximassem e a energia em palco multiplicou-se pela energia do público. Todo o público cantou “Essa Gente / Aquela Gente” e “Sextos Sentidos” num concerto que devia ser maior segundo a banda.
Ojos de Brujo começara a sua actuação pelas 21h10 com Sónia a dançar flamenco. Num palco principal já com muito público presente muitos foram aqueles que dançaram e vibraram ao som do ritmo caliente da banda. A vocalista Marina "la canillas" é a alma do grupo e com o seu lenço verde alegrou a noite de todos. Na bagagem trouxeram o último álbum “Techarí” de 2006.
Os Loney Dear não convenceram. Num concerto muito morno faltou energia e magia ao grupo. O ritmo e entusiasmo não consegui passar para o lado de cá visto muito do público não conhecer a banda.
Já no palco principal toca Gilberto Gil. Com dez minutos de atraso não havia quem arredasse pé para ver o Ministro da Cultura do Brasil. Mal entrou em palco ensinou a todos que quando se pergunta: Cadê você? A resposta de todos deveria ser: Eu estou aqui. Conseguiu estabelecer uma grande empatia com o público. O samba, o funk, o reggae e o bossa nova estiveram em destaque.
Após Gilberto Gil vieram os I´m from Barcelona estes suecos enchem, ou melhor, entopem o palco e protagonizaram um dos concertos mais animados em palco a que alguma vez já assistimos. Estes suecos enchem ou melhor entopem o palco de animação, magia e fantasia.
Os balões estiveram sempre presentes durante toda a actuação mas a entrada foi em grande com “Barcelona” dos Queen. O vocalista Emanuel Lundgren entra em palco com um colchão insuflável amarelo na mão e com mais de 15 pessoas em palco é vê-los a dançar, cantar e ensinar coreografias ao público que se juntou a esta enorme festa.
“Treehouse” foi a música que abriu o concerto seguida por “Oversleeping” e “Rec & Play”. O álbum “Let me introduce my friends” esteve assim em destaque. Um grande espectáculo e um dos melhores concertos do festival Sudoeste 2007.
Damian Marley seguiu-se no palco principal. O filho mais novo do lendário Bob Marley sobe ao palco principal com 20 minutos de atraso.
A actuação começa com um erro na primeira música, tendo parado tudo para começar de novo ainda sem o vocalista em palco. Após a sua entrada Damian demarca-se pela sua interacção com o público, desde pedir para colocarem as mãos no ar até que acendessem os isqueiros e telemóveis ele esteve incansável durante o concerto. O público respondia da mesma forma curtindo e dançando durante todo o concerto. Entre os temas escutados tivemos “Hey Girl”, “Road to Zion” e “Welcome To Jamrock”. O álbum “Welcome to Jamrock” esteve em destaque.
Já na tenda Planeta Sudoeste tocam os Wraygun com uma tenda completamente cheia. O público pede outro palco para esta banda.
Mano Chao preconizou aquele que vinha a ser o grande momento da noite. Com muitas percussões, órgão e guitarras à mistura os momentos altos da noite foram com “La Primavera” e “Me Gustas Tu”. O novo álbum, La Radiolina, esteve em destaque.
Dia 3:
Para todos aqueles que se encontravam a acampar este foi o segundo dia consecutivo em que não existiu água para tomar banho entre as 19 e as 21 horas o que encheu o Sapo Wash onde se podia tomar banho em 5 segundos como se de uma lavagem automática se tratasse. Mas nada que estragasse o ambiente de festa.
Cool Hipnoise abriu o espectáculo no palco principal com “Dub is Wise”. Com uma vibe muito boa não tiveram o público que mereciam devido ao cedo da hora. A forte percussão é um dos pontos positivos da Banda que não fez arrepender nenhum dos festivaleiros que decidiu sair da praia mais cedo. “Kita Essa Dama” foi um dos temas escutados.
Os Kidnap vieram substituir Os Lambas. Com menos de uma centena de pessoas na audiência da tenda Planeta Sudoeste iniciaram a sua actuação com uma cover de “Crazy” de Gnarls Barkley.
Por Armandinho esperava um público que conhecia as suas músicas. O vocalista esteve incansável na conquista dos presentes e tocaram, entre outras, “Balanço de Rede” e “A Casinha”.
Por esta altura os Manif3stos tinham largar centenas a vê-los, terminando em grande estilo com o tema “Nosso Som” do álbum GeraSons. Alcançando um magnifico equilíbrio entre o hip hop e reggae, ninguém resistiu a estar parado.
Os Outlandish apresentam-se com 3 rappers vindos da Dinamarca mas naturais de países como Marrocos, Cuba e Paquistão e fazem-se acompanhar por uma mesa de mistura.
Até ao Sudoeste Alentejano trouxeram o seu terceiro álbum “Closer Than Veins”. Comovidos por tanto público presente agradeceram mais do que uma vez a todos pela energia. Entre os temas escutados ouviu-se “Guantanamo”, “Walou”, “Aisha” e, por fim, “I Only Ask Of God”.
Os S.O.J.A. (Soldiers of Jah Army) actuavam no Palco Positive Vibes após terem ido dar umas cambalhotas nos jogos da Santa Casa. Quando subiram ao palco já muitos os esperavam. Com as suas grandes rastas o grupo entrava em confronto directo com Balla que actuava no Planeta Sudoeste com muito menor público num concerto mais morno.
Os Cinematics subiram ao palco pelas 23h20 mas com menos público que em Outlandish. Com uma bateria e três guitarras o grupo escocês trouxe o álbum “A Strange Education” na bagagem e não deixou ninguém ficar mal. Agradeceram ainda a todos pelo facto de serem o maior público para quem tocaram apesar de se verificar que poucos eram os que conheciam a banda. Num concerto demarcado pelo rock entre as músicas tocadas ouviu-se “Race To The City”, “A Strange Education”, “Human” e “Maybe Someday”.
Começava o concerto dos Cypress Hill pelas 00h40 e é ver a malta a correr para não perder nem um bocadinho. “Como está Portugal?” pergunta o vocalista B-Real. Com um turbante na cabeça incentivava constantemente o público a fazer barulho e a saltar. Muitos eram aqueles que cantavam as músicas do inicio ao fim. “How I Could Just Kill A Man”, “Money”, “Insane In the Brain” e "(Rock) Superstar" foram alguns dos temas tocados.
É um prazer estar convosco diz o vocalista e o público responde.
Mas a verdadeira rebelião acontece na tenda Planeta Sudoeste com os Bonde do Rolé. A tenda encontrava-se completamente cheia e a vocalista hiper-super-provocante ajudada pelo guitarrista a colocar-lhe a mão na barriga e o braço entre as suas pernas. Todos os presentes saltavam, dançavam e gritavam junto com a vocalista. “E salta bonde e salta bonde olé” foi muitas vez cantado pelo público. “Solta o Frango” foi uma das músicas mais aplaudidas.
Os Buraka Som Sistema foram os últimos a actuar no palco principal. O kuduro progressivo do grupo conquistou todos e enquanto a vocalista contava até três o público respondia: “Filhos da P***”. Os grandes momentos do concerto vieram com “Ya!”, "Sem Makas" e "Wawaba" com todos a dançar, cantar, abanar o rabo… a verdadeira loucura.
Mary Anne Hobbs veio mostrar à tenda do Planeta Sudoeste as novidades em música electrónica e urbana para o pouco público que se encontrava presente mas resistente e divertido.
Dia 4:
Num dia em que a chuva ameaçava cair Eta Carinea entra em palco para dar um concerto para algumas dezenas de pessoas. A qualidade do som não estava nas melhores condições neste que era o primeiro concerto do dia.
Os Air Traffic sobem ao palco pelas 20 horas com algumas centenas de pessoas à sua espera. “Shooting Star” foi o momento alto do concerto.
Aqui fica a line up para os mais curiosos:
Just Abuse Me
Never Even told me her name
An end to all our problems
New Song
Get in line
Time goes by
This old town
Charlotte
I like that
I can´t understand
Left out in the…
No More Running
Shooting Star
Enquanto Air Traffic actuava no Palco principal no Planeta Sudoeste tocava Tiago Bettencourt com a tenda a meio de público.
Os Stepacide com os seus sons reggae encheram o Positive Vibes de energia. Muito felizes por estarem no festival conseguíram por todos a dançar – algo que caracterizou o Palco Positive Vibes, a boa onda e a dança constante.
É por volta desta hora que se dá um acidente com o bungee car – uma grua sustentava um carro a muitos metros de altura e depois largava-o e esteve ficava preso por quatro cordas. Neste acidente um dos cabos soltou-se e bateu num dos vidros laterais partindo-o. As pessoas que se encontravam dentro do carro apanharam um valente susto. Depois de realizada nova peritagem o bungee car voltou a funcionar.
“Ás vezes o amor” foi o primeiro tema cantado por Sérgio Godinho. “Rei Vai Nú” e a “Marca centopeia” e “Com um brilhozinho” foram outros dos temas ouvidos. Na bagagem Sérgio Godinho trouxe o seu último álbum Ligação Directa. Aqui fica a line up:
Ás vezes o amor
O rei vai nú
Marcha centopeia
É tão bom
Só neste país
Com um brilhozinho
Espectáculo
O homem fantasma
A democracria
1º dia
Liberdade
Os Groove Armada perderam o avião o que levou a que fossem os últimos a tocar, atrasando algumas das actuações da noite.
Sam The Kid subiu ao palco principal pelas 22h40. conseguiu por todos a cantar “O povo unido jamais será vencido (Abstenção)” e, a fechar, “Poetas De Karaoke”. O álbum “Prática(Mente)” esteve em destaque.
Patrick Wolf quase que enche a tenda Planeta Sudoeste de público para o ver. Enquanto não aparecia em palco todos chamavam por ele. A entrada foi em grande, vestido de preto e vermelho dirigiu-se logo para o piano e seguidamente para o violino. “Overture” e “Accident & Emergency” foram temas ouvidos.
Os The Streets subiram ao palco pelas 00h05 e que grande concerto este. O vocalista Mike Skinner entra em palco descalço e pede logo “mãos para cima” num Português muito arranhado. “Don't Mug Yourself”, “Let's Push Things Forward” foram temas escutados. E pela primeira vez nesta noite vê-se poeira no ar.
Do outro lado do recinto o Palco Positive Vibes e o Planeta Sudoeste estavam cheios.
Koop enche a tenda para ouvir o seu último álbum Koop Islands demarcado pelo jazz. “Hello my love is getting cold on this island” foi um dos muitos temas tocados.
Os Australian Pink Floyd protagonizaram um dos melhores concerto de todo o festival. Esta banda de tributo teve como momentos auge “Shine On Your Crazy Diamonds”, “Wish you were here”, “Another Brick In The Wall” e “Money”. O momento mágico da noite foi quando a banda tocava o seu primeiro tema e começaram a cair as primeiras gotas de chuva, como se estivessem à espera daquele momento exacto para caírem… lindo!!
Os verdadeiros resistentes esperavam pelos Groove Armada. Às 3h30 sobem ao palco para mostrar o álbum “Get Down”. O momento da noite veio com “I see you baby” com todos a dançar e a curtir até à última batida.
Dia 5:
O último dia do festival começou pelas 19 horas com os 2008. A tenda encontrava-se praticamente vazia e aqueles que se encontravam presentes esperavam pelos Tara Perdida. Mais uma vez a má qualidade do som fez-se notar.
No palco Principal Albert Hammond Jr realizava um concerto morno para algumas centenas de pessoas mas não era lá que se encontrava o maior aglomerado de festivaleiros.
A tenda Planeta Sudoeste estava completamente cheia havendo pessoas fora da tenda à espera dos Tara Perdida. Todos gritavam pela banda e quando a banda sobe ao palco o barulho foi ensurdecedor, todos batiam palmas e mais tarde todos cantavam as músicas. Mosh sempre presente ao longo de todo o concerto deixando muita poeira no ar.
“Realidade (Não Sou De Ninguém)" abre o concerto. “Quanto Mais Eu Grito” e “Até M'embebedar” foram dois dos melhores momentos.
Por mais que não se goste deste estilo musical (entenda-se Punk) ou até se goste muito fica a ideia incontestável que mereciam um palco principal e mais tempo de actuação… talvez para o ano.
Alioune K subiu ao Positive Vibes pelas 20h45 fazendo-se acompanhar por três sopros, duas guitarras, teclados e bateria. O indispensável para mais uma vez por todos a dançar ao som do reggae.
Razorlight subiram ao palco principal pelas 21h05 com pouco público presente
ainda consequência do concerto dos Tara Perdida. Todo de branco Borrell entrou em palco para cantar “In The Morning”, seguído por “Hold on” e “Golden Touch”. Mas o grande momento foi com “America” Segundo Borrel: “To show how much I love George W. Bush”.
Os Phoenix apresentaram o último álbum “It's Never Been Like That” para um público que pouco conhecia da banda. Pela primeira vez em Portugal Thomas Mars (vocalista) foi incansável na conquista do público. “Run Run Run”,” e “Consolation Prices” foram temas escutados.
Of Montreal no Planeta Sudoeste entraram em palco com uma grande produção cénica. Por trás dos membros encontrava-se um plasma onde passavam diversos vídeos consoante o tema tocado. Durante as músicas vários elementos da banda entravam em palco e protagonizavam pequenas cenas, desde acrobacias até uma simples leitura de um jornal. Trouxeram cor à tenda do Planeta Sudoeste estando o guitarrista vestido de anjo e todos os elementos vestidos de forma original. “Suffer For Fashion” e “Bunny Ain't No Kind Of Rider” foram os momentos altos do concerto.
Ás 23h45 sobe ao palco uma das bandas mais aguardadas - James. Tim Booth de calças azuis e camisola branca dançou freneticamente durante todo o concerto.
“Born Of Frustration”, “Tomorrow” e “Sit Down” abriram em grande o concerto. “Out To Get You” foi contado por todos e no final Tim Booth ainda revelou que não precisávamos dele para nada visto as vozes do público serem muito bonitas. Em “Say Something” Tim desceu até junto do público onde cantou praticamente em cima da audiência. “Sometimes”segui-se. O encore foi constituído por “Getting Away With It (All Messed Up)” e “She's A Star”.
Uma forma fenomenal de terminar um concerto excelente. James prometem regressar no próximo ano… ficamos à espera!!!
...And You Will Know us by the Trail of Dead trouxeram o que de melhor rock erudito se faz nos E.U.A. Jason Reece e Conrad Kelly conseguíram contagiar todos os presentes num concerto envolto em magia. O álbum em destaque foi So Divided.
Os Babylon Circus subiram ao palco principal pela 1h35 trazendo o seu ritmo de blues, jazz, ska e reggae. Os 10 músicos adeptos de artes circenses realizaram palhaçadas, acrobacias e conseguíram pôr todos a dançar até ao último som escutado no palco principal na última noite do festival Sudoeste 2007.
Rui Vargas esteve em grande no festival. Este DJ que tocou em todas as edições do festival conseguiu a proeza de por todos a abanar o capacete e de reacender os ânimos não deixando nem os mais resistentes parados. A música tocou até cerca das 6 da matina mas muitos eram aqueles que lá continuariam se a música continuasse.
Este foi um festival de diversos géneros musicais conseguindo desta forma agradar às 40 mil pessoas presentes. Além dos 3 palcos principais havia também o palco riso que contava com stand-up comedy todos os dias e a tenda silent club onde se podia ouvir música de headphones.
O Festival Sudoeste promete voltar a animar o Sudoeste Alentejano em 2008 nos dias 7, 8, 9 e 10 de Agosto.