Reportagem Festival Sudoeste TMN 2009
Dia 6 de Agosto
O 13º Festival Sudoeste TMN abriu no palco Planeta Sudoeste com o concerto de Dr. Estranhoamor, que se iniciou ainda em plena luz do dia. Á semelhança do que viria a ser comum neste palco, com pouca afluência de público, conseguiu no entanto atrair e conquistar mais gente após a terceira música “Mais do Mesmo”, primeiro single da banda.
Do outro lado do recinto, The Veils abriram o Palco TMN. Apesar da presença de alguns fans que se faziam notar nas grades antes do concerto ter início, o público inicialmente escasso, correspondeu e reagiu bem a esta actuação bastante animada e que foi conseguindo atrair quem passava.
De seguida, quase em simultâneo e com o público dividido quase igualmente, os concertos dos The Nationals no palco principal e Cool Hippnoise no palco Positive Vibes. E enquanto os primeiros brindavam o público com um concerto que apesar de não se ter destacado como outros o viriam a fazer, encheu certamente as medidas aos fans da banda. No palco dedicado às sonoridades reggea, pela primeira vez nesta edição do festival, se fazia dançar os festivaleiros no ambiente de festa a que este palco já nos habituou.
Macaco foi o que se seguiu no Palco TMN. Mesmo salientando que não falava português, num apelo à comunicação, conseguiu cativar e pôr o já bastante público presente a vibrar, abrindo assim lugar para o cabeça de cartaz desta primeira noite: Buraka Som Sistema.
Estes eram, sem dúvida, os mais esperados da primeira noite, começaram o concerto com a participação do grupo de percussão, Toca a Rufar, criando logo no público um êxtase de emoções. O concerto, que abriu e fechou com o tema “Kalemba” mais conhecido por “Wegue”, primou pelo sincronismo entre todas as componentes do espectáculo, desde luz a som passando pelo vídeo.
Dia 7 de Agosto
O segundo dia do SW TMN começou ao som de Carlinhos Brown que com os ritmos brasileiros conseguiu cativar o público presente e atrair muita gente com a proximidade que tomou conta de todo o concerto, descendo várias vezes do palco para se juntar à festa que ia crescendo no público e conseguindo pôr todos a dançar fazendo coreografias em uníssono, deslocando-os de um lado para o outro do recinto.
Seguidamente foi a vez de Madcon, com o recinto um pouco mais cheio fizeram com que todos balançassem ao ritmo das suas músicas. Os dois vocalistas trouxeram uma dinâmica e interacção com o público fantástica.
Mariza que subiu ao palco pouco depois, provou que o fado tem lugar nos festivais enchendo completamente o recinto, juntando público det odas as idades, incluindo as menos habituais neste tipo de eventos. A fadista trouxe consigo um convidado vindo directamente de Cabo Verde, Tito Paris, para a acompanhar em “Beijo de Saudade”,música em que participa no álbum “Terra”, sobre o qual foi centrado o alinhamento deste concerto. Como é hábito nos concertos de Mariza, houve espaço para cada um dos músicos brilhar com solos em várias músicas e numa bela “Guitarrada”. Era notório o esforço de Mariza que tentava conter as emoções quando ouvia um público, que muitos diziam não ser o seu, cantar as suas músicas e aclamar a fadista mais em jeito festivaleiro “e salta Mariza, e salta Mariza”. E ela saltou, dançou, aplaudiu, agradeceu vezes sem conta e juntou-se por fim ao público em “Gente da minha terra” para um final repleto de força e emoção. No final, num segundo encore exigido pelo público, Mariza surpreende todos com "Hedonism” dos Skunk Anansie cantado a uma só voz pela plateia. Sem dúvida um dos concertos mais marcantes deste ano no Sudoeste.
Era agora a vez de Deolinda que tinha a fasquia demasiado elevada depois do concerto anterior. A festa começa logo com o mote “Mal Por Mal nós somos os Deolinda”, proferido por Ana Bacalhau, vocalista da banda. As surpresas foram muitas e cada música ganhounova vida. Houve lugar a havaianas em “Fado Toninho”, uma banda filarmónica em “Fon Fon Fon” e uma janela que desceu do topo do palco em “Eu Não Sei Falar de Amor”. No final os quatro membros da banda saíram do palco e quando todos os esperavam para o encore, comt odos os convidados em palco prolongando um “Movimento Perpétuo Associativo”, somos surpreendidos com um camião que entra pelo meio do público com quatro elementos do grupo envergando megafones em jeito de manifestação para mais uns minutos de “Vão sem mim que eu vou lá ter”.
Para encerrar a noite no palco principal os Zero 7 não conseguiram cativar a grande maioria dos presentes. Depois de um dia de concertos marcados pela proximidade entre as bandas e o público, este concerto, demasiado estático, em que a interacção foi quase nula tornou o ambiente um pouco estranho. O alinhamento para o concerto não foi deveras bem escolhido tendo muito público saído durante a sua actuação procurando animação nos outros espaços ou seguindo directamente para as tendas.
No Palco Planeta Sudoeste um dos concertos aguardados, Legendary Tigerman, acabou tão rapidamente como começou. Paulo Furtado pediu desculpa aos presentes e às suas convidadas mas não entendia estarem reunidas as condições para que o concerto fosse possível, dado o som excessivo que chegava a este palco vindo do espaço GrooveBox situado demasiado perto.
Dia 8 de Agosto
No terceiro dia do festival era esperada casa cheia. X-wife abriram as hostes do palco principal levando bastante público a manter-se até ao final do concerto ao som do rock’n’roll. A banda originária do porto tocou temas do novo álbum com o público a reagir sempre muito bem.
O recinto ia-se compondo para os aguardados Faith no More. Mas a banda que se seguiu foram os também portuenses Blind Zero, com um palco alusivo ao novo álbum “Luna Park”. O alinhamento continha músicas dos álbuns anteriores e o novo single “Slow Time Love” . Ainda houve tempo de cantarem uma música dos Pixies "Where Is My Mind?" e, já que Miguel Guedes “não estava lesionado em nenhuma perna”, “Enjoy The Silence” dos Depeche Mode.
Os Jet, que se seguiram, deram um belíssimo concerto conseguindo entusiasmar o público, que na sua grande maioria esperava o cabeça de cartaz do dia. Os autralianos apresentaram-se com um fundo preto com o seu nome a dourado. Com "Are you gonna be my girl” o público esqueceu por momentos o concerto que se seguia e cantaram e dançaram ao som da música.
E é então que os mais aguardados Faith No More sobem ao palco começando com “Reunited” com o público a entrar logo em êxtase e não parando até ao final do concerto. Na zona de público em frente ao palco principal via-se uma nuvem de pó enorme. Mais uma vez, uma das forças deste concerto foi a interacção e comunicação com o público. Um dos pontos altos foi sem dúvida “Evidence” em que Mike Patton surpreendeu o público cantando em português. O concerto terminou após o segundo encore com “We care a lot“. O público que se deslocou à Herdade da Casa Branca foi recompensado com um grande concerto do qual certamente ninguém saiu desiludido!
Oioai, banda confirmada à última hora, no palco secundário anunciaram o novo álbum “Vem Em Segredo” com lançamento previsto para Setembro. Os quatro elementos mostraram-se bem dispostos e em sintonia nas novas músicas. Entre as músicas do primeiro álbum “Oioai”, o público presente ia correspondendo ao que se passava em palco, neste espaço que se mostrou o menos atraente para a maior parte dos festivaleiros e que pecou pela proximidade com o espaço electrónico.
Dia 9 de Agosto
Era notória a pouca afluência de público neste último dia do festival, pois muitos dos festivaleiros regressavam a casa neste dia. Anaquim abriu o Palco Planeta Sudoeste onde já havia público à sua espera. Passaram por temas de Ornatos Violeta e ainda dedicaram uma música “Pobre Velho Louco” ao actor Raul Solnado falecido no dia anterior.
Gomo começou entretanto no palco principal com muita animação e bastante ironia à mistura dizendo-se surpreendido com a quantidade de público presente visto não estarem anunciados no cartaz do festival e avisando que “Nós não somos o Marcelo d2 somos os Gomo”. Referiu ainda que o facto de estarem no palco principal deve-se ao êxito de “Felling Alive” do anterior disco. Neste concerto vieram apresentar o recentemente editado “Nosy” cujo single “Final Stroke” “já roda em algumas rádios de bom gosto”. Os seguintes foram Marcelo d2 trazendo o hip-hop e levando o público a não abandonar o espaço do palco principal num concerto onde ainda contou com um tema de White Stripes e outro de Eurythmics.
No palco secundário já se fazia ouvir Virgem Suta, uma banda vinda de Beja com um sucesso recente. Com “Ressaca” e "Tomo Conta Desta Tua Casa" colocaram o público a dançar.
De volta ao palco principal, a escocesa Amy Macdonald apela a que sendo este o seu primeiro concerto em Portugal, gostava que fosse memorável, conseguindo cativar o público que assistia a esta actuação e que estranhou mas cantou bem alto "Mr. Brightside" dos The Killers.
Lily Allen, seguiu-se com muita cumplicidade e irreverência com o público que sempre correspondeu ao que a artista ia pedindo, tendo sido um dos momentos mais participados a dedicatória a todos os homofóbicos e racistas presentes, com o tema “Fuck You”.
Para encerrar o 13º Festival Sudoeste TMN, no palco principal tocaram os também britânicos Basement Jaxx que iniciaram o concerto com “Scars”, perante uma plateia bem composta. Todos dançavam quase a jeito de gastar as últimas forças e encerrar em grande mais um festival. Já se sentia a nostalgia mas a banda não deixou ninguém descansar. Teve tempo de dedicar "Romeo" a todos "os portugueses sexy" da plateia. “Rendez-Vu”, um dos seus maiores sucessos foi o tema escolhido para finalizar um espectáculo onde luz e o som estiveram em plena harmonia.
E foi assim a edição de 2009 que com um cartaz que não convenceu os mais reticentes, garantiu a animação nos diversos stands promocionais para a recolha de brindes e prémios de participação nas diversas actividades, umas mais originais que outras, mas que mantiveram sempre o público bastante interessado.
De salientar pela positiva, apesar da continuação dos incentivos à recolha de lixo para reciclar, voltar a haver caixotes do lixo espalhados pelo recinto e a chamada de atenção para a necessidade de preservar um ecossistema que habita a Herdade da Casa Branca o ano inteiro e não apenas durante meia dúzia de dias em Agosto.
O menos positivo prende-se com as condições do campismo. Os reparos feitos em relação á proximidade do espaço electrónico das tendas no ano passado foram tidos em conta, afastando estes dois espaços tanto quanto possível, não se compreende porem a existência de um bar situado em plena zona de campismo com música mais que excessivamente alta, demasiado repetitiva e de forma incessante, desde o fim da tarde de dia 5 até meio da manhã de dia 10 não deixando descansar quem queria recuperar forças para os dias seguintes.
Ainda assim, nesta manhã de dia 10 à medida que o espaço ia ficando cada vez mais despovoado, o que se ouvia eram as despedidas ...
O menos positivo prende-se com as condições do campismo. Os reparos feitos em relação á proximidade do espaço electrónico das tendas no ano passado foram tidos em conta, afastando estes dois espaços tanto quanto possível, não se compreende porem a existência de um bar situado em plena zona de campismo com música mais que excessivamente alta, demasiado repetitiva e de forma incessante, desde o fim da tarde de dia 5 até meio da manhã de dia 10 não deixando descansar quem queria recuperar forças para os dias seguintes.
Ainda assim, nesta manhã de dia 10 à medida que o espaço ia ficando cada vez mais despovoado, o que se ouvia eram as despedidas ...
“Até para o ano Sudoeste!”
Texto: Silvana Alves
Foto: Ana Coelho