Reportagem Maré de Agosto 2011
Na ilha de Santa Maria, decorreu o festival mais aguardado dos açorianos, enquadrando-se numa categoria de festival de "world music". A Praia Formosa em Santa Maria recebeu este ano a 27ª Edição do Festival Maré de Agosto, que contou apenas com um palco principal intitulado palco TMN, por noite recebia três bandas e um dj set. A Maré contou além das actuações musicais com diversas actividades promovidas pela TMN, prova especial de downhill regional e uma exposição de fotografia.
Quinta-Feira, 18 de Agosto:
Ao fim da tarde quente e solarenga em Santa Maria, com os últimos preparativos a decorrer em palco bem como outras logísticas, decorria a apresentação do XXVII Festival Internacional Maré de Agosto.
Representante do Governo dos Açores bem como da TMN, entre outros, destacaram a singularidade deste evento que têm como patrocinador principal a TMN pela terceira vez consecutiva.
Feitas as apresentações, é a altura da banda local de Santa Maria apresentar o seu terceiro trabalho discográfico. Os Ronda da Madrugada com muita satisfação pretendem dar um destaque merecido a nível nacional, abrindo assim a noite de actuações. Apresentaram novos temas que contaram com várias presenças especiais em palco como ou por exemplo Janelo dos Kussundulola ou o micalense Zeca Medeiros e Paula Oliveira que encantou o anfiteatro da Maré com o tema “Da Minha Janela” cantado com Roberto Freitas, entre outros.
A legião de fãs esperançosa de ver os Ronda em palco na Maré era visível, e o concerto com cerca de duas horas surpreendeu os que não conheciam o grupo de folk-rock contemporâneo.
Seguiu-se a noite com Mumbai Queen, o grupo da Grã-Bretanha que proporcionou curiosidade aos festivaleiros que se encaixaram devagar com os ritmos mais pesados que os 4 membros demonstraram. Temas que soam sempre bem aos ouvidos de quem gosta dos clássicos como “Purple Rain”, animaram mais um concerto de Rock na Maré.
A noite prosseguiu com a percussão dos Djambes, começando com os franceses Kaophonic Tribu que mostraram uma fusão interessante de música destacada pelo Didjeridoo ligado a um pedal de efeitos.
Terminadas as 3 actuações, restava apenas a formação dos Blast-U que levaram o público ao rubro com mixes de temas dos Blasted Mechanism como “Start to Move”, entre outros.
Como sempre, a iniciativa de trazer "um pouco de tudo" a nível de sonoridades do mundo pela Associação Cultural Maré de Agosto estava patente na noite de actuações de Sexta. O fado que se fez sentir e ouvir através da conceituada e jovem cantora nacional, repleta de experiências musicais por todo o mundo.
Ana Moura levou um público atento a admirar e cantar "a melodia dos portugueses". Ana sentiu-se encantada e referiu como estava a adorar cantar "naquele sítio mágico".
Do Senegal, Cheikh Lô. Os trajes dos artistas do grupo reflectiam as suas raízes culturais e num ritmo característico, notou-se mais uma vez uma audiência que se fundiu na actuação, que até nas sonoridades do Oeste e Centro Africano com música cubana e flamenco, conseguiu adequar-se à voz da Ana Moura que se colocou lado a lado em palco com Cheikh Lô e maravilhou todos num dos melhores momentos da noite.
Da Escócia, Paetbog Faeries, muito semelhante aos Wolfstone que haviam pisado o mesmo palco dois anos antes, impressionaram o público com a típica e espectacular fusão da gaita-de-foles e a brilhante actuação no violino pelo jovem Peter Tickell. Com batidas fortes e o acompanhamento especial do teclado, fez-se mais um grande concerto.
A encerrar a noite, estave Dj Panko. O espanhol trouxe as batidas dos balcãs muito apreciadas pelos festivaleiros que marcam presença na Maré nas últimas edições. A energia de Francisco Gabas Criado (Dj Panko) contagiou todos até ao "fecho de portas".
Sábado, 20 de Agosto:
As portas abriram e a multidão entrava aos poucos para mais uma noite. Já tocava Frankie Chavez, o artista nacional que demonstrava o poder de um "one man show". Num abrir e fechar de olhos já o recinto estava cheio e o artista sentia o carinho dos açorianos. Temas aguardados e conhecidos já pelo público como "The Search" levaram os festivaleiros a aproveitar ao máximo fazendo Frankie sentir-se cada vez mais bem acarinhado pelos milhares. À conversa com Frankie Chavez, este admite: "Este festival é genial!".
A noite seguiu com o soul/r&b do britânico James Hunter. O ideal para um bom "pé de dança" com o ritmo à medida dos ouvintes. A chuva não deixou o fim do concerto decorrer nas condições normais para os artistas mas o público demonstrava-se indiferente às condições meteorológicas.
No festival de ambiente idílico, que traz todos os anos formações musicais do globo inteiro, este ano recebeu-se pela primeira vez um grupo Neo-Zelandês. Os Katchafire trouxeram mais uma vez o reggae à Maré. Dos estilos favoritos dos festivaleiros que frequentam a Maré, além dos temas do álbum mais recente da banda “On the road again”, clássicos como "Don't worry be happy" animaram ainda mais o ambiente.
A encerrar a noite, estava a dupla de dj's mais aguardada do festival. Os Stereo Addiction ergueram as batidas ao patamar mais alto da madrugada que por aquela altura já estava estrelada e agradável. Mais uma vez, levaram ao rubro a multidão desejosa de sentir as sonoridades baseadas nos estilos musicais electro, house e techno.
Domingo, 21 de Agosto:
“E já passava mais uma Maré”, é isto que os açorianos, e em especial os Marienses, comentavam por todo o lado. Os 4 dias que são aguardados e planeados desde o início do ano estavam a chegar ao fim, mas ainda muito estava reservado para a madrugada.
Sem dúvida incrível e impressionante, o artista de Nova Iorque cego, com um estilo muito próprio de saco de pano a tiracolo espantou todos os que estavam no recinto do Palco TMN. Raul Midón, foi mais um dos artistas desta edição capazes de fazer-se ouvir como uma banda inteira, formada por um só membro. A forma como o "slap" feito por Raul no violão acústico provocava uma melodia espantosa, a imitação de um instrumento de sopro com a boca e o espantoso timbre do norte-americano captou a atenção de todos e marcou um momento memorável de mais uma Maré. O artista ao contar as suas experiências de vida e estando elas adjacentes à sua música, mostrou muita descontracção e entusiasmo quando o mesmo admitiu que "sentia o calor da audiência".
A estreia nos Açores dos Diabo na Cruz foi o total êxtase na segunda actuação de Domingo. A fusão da música tradicional portuguesa com um rock muito próprio fez soar bem aos ouvidos de todos os que já haviam ensaiado as letras em casa e fizeram a festa junto do grupo nacional. Os membros do grupo ao ser entrevistados com muita descontracção e animação presentes referiram como estavam mais que satisfeitos pela estreia nos Açores e num festival com uma singularidade espectacular.
A encerrar a noite e numa enchente que segundo João Pimentel, presidente da A.C.M.A., foi algo que nunca se tinha visto para um Domingo, os Asian Dub Foundation, um grupo britânico com membros de vários pontos do globo que através de uma energia bastante motivadora dos vocalistas, aumentaram o que denominam como "Spirrit" da Maré, que todos os anos é visível. “Flyover” ou “Fortess Europe”, letras mais que conhecidas pelos jovens muito pela presença das sonoridades em vários vídeo-jogos foram cantadas bem alto pela madrugada.
A noite estava muito quente, e a população que vagueava a marginal da Praia Formosa era imensa, alguns campistas preparavam as malas para apanhar o barco logo de manhã, e outros estavam prontos para mais um pé de dança no último dj set desta edição. Capazes de despertar o sentido de ritmo e dança de todos, os No DJ's, 3 rapazes prontos a dar uma grande festa, passavam sonoridades desde o rock, ao reggae, passando pelo house conseguindo encerrar em grande o Festival.
Segundo a direcção do festival, o balanço é positivo, relativamente ao ano passado foram vendidos cerca de 200 bilhetes a mais por dia e o objectivo da direcção é assegurar a repetição anual e com o sucesso que têm tido.