Reportagem NOS Alive 2017
A 11.ª edição do NOS Alive foi um sucesso logo à partida, ao ter esgotado todos os bilhetes disponíveis com três meses de antecedência, feito histórico de um festival que soube conquistar reconhecimento dentro e fora de portas. O cartaz desta edição foi particularmente forte. The Weeknd, Foo Fighters e Depeche Mode arrastaram uma autêntica multidão ao palco NOS, mas é justo referir que outros artistas levaram a que capacidade máxima doutros palcos tivesse sido atingida. Percebe-se, assim, que o festival se aproximou das grandes massas mas não perdeu o contacto com uma imensa minoria.
6 de Julho
O primeiro dia do festival foi aquele cujos horários melhor permitiram cumprir o nosso roteiro ideal. Começamos com o ritmo suave dos Rhye no palco Heineken. O duo formado pelo canadiano Mike Milosh e pelo dinamarquês Robin Hannibal esteve acompanhado por mais quatro instrumentistas e cumpriu as expetativas que havia criado no ano passado, no Super Bock Super Rock. Ao vivo as canções de “Woman” (único álbum, datado de 2013) ganharam nova vida com a ajuda de uma violoncelista e de um violinista, mas o que voltou a sobressair foi a voz andrógina de Milosh, com um registo semelhante a Sade Adu. Quase no final estrearam um tema novo (“Please”), tocaram a lindíssima “Open” e fecharam com a dançável “Hunger”. Ficamos agora à espera de um concerto em sala, local mais adequado à música intimista dos Rhye.
Após termos sido seduzidos pelos Rhye, ainda espreitamos o final do concerto dos Alt-J, banda que já tínhamos visto há dois anos no Alive. Infelizmente não chegamos a tempo de ver alguma amostra do novo disco (“Relaxer”) mas, em compensação, assistimos a um entusiasmante final de concerto. As canções “Matilda” (cantada em coro por todos os presentes), “Taro”, “Fitzpleasure” e “Breezeblocks” provaram que o álbum “An Awesome Wave” (2012) continua a ser uma obra maior, que aqui surgiu com roupagens distintas da gravação em estúdio.
Enquanto os Blossoms tocavam na tenda Heineken, as nossas atenções viraram-se para o regresso dos Phoenix ao Alive, desta vez com honras de palco principal. A banda francesa tem um novo álbum (“Ti Amo”) recheado de canções de verão mas, lamentavelmente, foi traída por uma qualidade de som medíocre, pelo menos do ponto de vista de quem estava na frente do palco NOS. À parte desse problema, a banda apostou forte no início de concerto, tendo os dois novos singles “Ti Amo” e “J-Boy” (este último com uma batida ao estilo de Prince) sido recebidos com o mesmo entusiasmo dos clássicos “Lasso”, “Entertainment” e “Lisztomania”. O disco “Wolfgang Amadeus Phoenix” (2009) foi aliás o mais presente no alinhamento, tendo sido também dali que extraíram “1901”para a despedida. Por fim, a instrumental “Ti Amo di piu” serviu de pretexto para um crowdsurfing do vocalista Thomas Mars em plena comunhão com os fãs. Foi bom mas, com um som em condições, podia ter sido excelente…
De volta ao palco Heineken, vimos Ryan Adams ser igual a si próprio. Com os cabelos desgrenhados a tapar-lhe os olhos e vestido de ganga dos pés à cabeça, o norte-americano de 42 anos confirmou créditos de uma carreira que já conta com 16 álbuns de estúdio. Num cenário em que animais de peluche contrastavam com a pose rocker dos cinco músicos em palco, o concerto iniciou com “Do You Still Love Me?”, música que também abre o novo disco (“Prisioner”), editado no início do ano. Para além do rock, viajamos pelo country no tema “To Be Young (Is To Be Sad, Is To Be High)” e pelo blues na música “Gimme Something Good”. Pela resposta entusiasmada do público que encheu o recinto, não falta gente que ainda acredita no rock’n’roll.
Os The xx não eram cabeças de cartaz mas para nós foram os vencedores da primeira noite. O trio britânico apresentou quase na íntegra “I See You”, álbum lançado no início do ano. A nova sonoridade é mais expansiva e ambiciosa mas eles continuam a revelar simplicidade e sobriedade, patentes num cenário despojado de grandes efeitos e até num guarda-roupa onde sobressaiu o preto e branco. Mais confiantes em palco, fizeram maior uso das percussões digitalizadas e das programações de Jamie XX, que se revelaram apropriadas à ocasião festivaleira, sobretudo em “Shelter”, “Loud Places” e no breve DJ-set que fez a transição para “On Hold”. O baixo de Oliver Sim e a guitarra de Romy Croft complementaram-se na perfeição e deram expressão a uma pop que falou diretamente ao coração do público que encheu o recinto do palco NOS. Foi um grande concerto que alternou entre a introspeção e a dança mas onde a emoção esteve sempre presente: quando Romy tocou “Performance” a solo e em troca recebeu um beijo de Oliver Sim; quando este dedicou “Fiction” a um elemento da equipa dos The xx que tinha sido hospitalizado; quando ambos confessaram um sincero amor por Lisboa e, sobretudo, quando a lindíssima “Angels” encerrou a noite em forma de dedicatória de Romy à sua noiva.
À passagem da meia-noite, com a tenda Heineken a rebentar pelas costuras, os Royal Blood apresentaram um alinhamento baseado nos dois álbuns já editados: o disco homónimo de 2014 (de onde não faltou “Figure it Out”) e o novíssimo “How Did We Get So Dark?”, ao qual o duo britânico se atirou prontamente com “Where Are We Now” e “Lights Out”. O trabalho de estúdio ganhou mais significado ao vivo, deixando todos a pensar como é possível que tamanha potência sonora advenha de apenas dois homens. Ben Thatcher, com um baixo transformado em guitarra, e Mike Kerr, carregando na bateria sem dó nem piedade, levaram o público ao rubro e prometem repetir a dose em outubro, quando iniciarem a nova tour no Campo Pequeno.
O nosso primeiro dia de festival começou com um músico canadiano e terminou com outro. The Weeknd regressou a Portugal com o estatuto de “Starboy” e foi precisamente esse o tema inicial do concerto, já de madrugada. Muito mudou desde a sua atuação no Primavera Sound de 2012, ainda longe do estrelato conquistado à conta dos álbuns “Beauty Behind the Madness” (2015) e “Starboy” (2016). Num espetáculo que incluiu quase uma vintena de músicas, Abel Tesfaye comandou a enorme multidão de forma autoritária, pregou as virtudes do cruzamento da Electronic Dance Music com o Hip Hop e o R&B, e mostrou ser dono de um falsete que fez lembrar Michael Jackson, sobretudo na interpretação de “In The Night”. Antes disso, todos os presentes já tinham cantado em conjunto a letra de “Earned It”, tema que fez parte da banda sonora do filme “Fifthy Shades of Grey”. Em jeito de balanço, acabou por ser um concerto com altos e baixos, que perdeu algum gás nos temas com passada mais lenta mas que depois o recuperou com a brilhante sequência final (“Secrets” / “Can’t Feel My Face” / “I Feel It Coming”) que convidou à dança coletiva e conduziu a “The Hills”, celebrada com fogo-de-artifício.
7 de Julho
O segundo dia do NOS Alive’17 começou sob o signo do rock no feminino. Perto das sete da tarde, as Savages descarregaram adrenalina no palco Heineken com o seu post-punk suado e feroz. A poderosa vocalista Jehnny Beth deu um espetáculo à parte. Roupa preta em corpo esguio, descalçou os sapatos vermelhos de salto alto cada vez que subiu à grade para se entregar nas mãos de um público que começou titubeante e acabou completamente rendido. Beth deu ordens para que três dos espetadores vibrantes fossem para o centro da plateia, acendendo assim o rastilho para o moche que deflagraria em “The Answer”, canção cujo vídeo foi gravado precisamente em Lisboa, como fez questão de lembrar. Sempre com o volume no máximo, o quarteto interpretou temas dos álbuns “Silence Yourself” (2013) e “Adore Life” (2016), com destaque para “I Need Something New” e para “Fuckers”, que encerrou o concerto com um apelo: don’t let the fuckers get you down!
Ao rock selvagem das Savages, contrapôs-se logo de seguida o rock psicadélico das Warpaint, cantado a quatro vozes e pontuado pelas sedutoras linhas extraídas do baixo de Jenny Lee Linberg. As californianas apresentam pela primeira vez em Portugal o álbum “Heads Up”, lançado no ano passado, cuja sonoridade mais dançável mereceu uma boa receção da plateia, ainda que o tema mais reconhecido tenha sido “Undertow”, na única revisitação ao álbum “The Fool” (2010). Despediram-se em beleza à boleia do delicado shoegaze de ”Keep It Healthy”, do ambiente etéreo de “Love Is to Die” e das mais mexidas “New Song” e “Disco//very”.
Por voltas das dez da noite a elegante pop eletrónica dos Wild Beasts tomou conta do palco Heineken. “A Simple Beautiful Truth” recordou logo ao início quão delicada é a voz de Hayden Thorpe. O alinhamento apresentado pelo quarteto norte-americano contou com quase quinze temas, maioritariamente pertencentes a ”Boy King” (2016). O quinto disco da banda foi aliás praticamente apresentado na íntegra, com destaque para “Big Cat”, “He The Colossus”, “Alpha Female” e “Get My Bang”, temas cuja sonoridade se aproxima da eletrónica industrial dos Nine Inch Nails e que tiveram o condão de pôr toda a gente a dançar. No final de mais um excelente concerto em solo luso, uma certeza: os Wild Beasts nunca nos deixam ficar mal.
Seguiu-se uma decisão difícil: assistir ao concerto dos The Kills no palco principal ou permanecer na tenda Heineken para ver os Local Natives? Como já tínhamos visto os primeiros no Coliseu de Lisboa em novembro passado, optámos pelos Local Natives e não ficamos desiludidos. O quinteto de Los Angeles demonstrou grande versatilidade em palco. Kelcey Ayer cantou, ajudou na percussão e nas teclas; houve constantes trocas de posição entre os elementos da banda, com Kelcey e Taylor Rice alternando no papel de vocalista, que até chegou a ser interpretado pelo guitarrista Ryan Hahn, substituto de Nina Persson na fascinante “Dark Days”. A bateria de Matt Frazier sobressaiu em “Wide Eyes” e mais tarde “Airplanes” foi cantada a plenos pulmões pelo público. Destaque também para a apresentação de uma canção nova (“I Saw You Close Your Eyes”) e para o momento em que a plateia obrigou ao prolongamento da música “Who Knows Who Cares”, entoando a melodia como uma espécie de hino. Os Local Natives souberam surpreender e nós fazemos votos que continuem a ser presença assídua por cá.
Seis anos depois, os Foo Fighters regressaram ao palco principal do Alive e encerraram o primeiro dia do festival com um concerto arrasador que não deixou ninguém indiferente. Ao longo de quase duas horas e meia, o sexteto de Seattle revisitou a sua extensa discografia e apresentou dois temas inéditos, um dos quais (“La Dee Da”) foi cantado em dueto com Alison Mosshart, aproveitando a circunstância de a vocalista dos The Kills ter atuado instantes antes no mesmo palco. Os Foo Fighters são mais do que uma simples banda de rock, são os legítimos herdeiros do grunge impulsionado pelos Nirvana, banda que era de Kurt Cobain mas também de Dave Grohl e que não foi esquecida, a julgar pelas inúmeras t-shirts que vislumbramos na plateia. A interação de Grohl com a assistência foi tão frequente e cativante que, na reta final, esta acabou por tomar as rédeas entoando cânticos futebolísticos e, pasme-se, o próprio hino nacional. Não faltaram também interlúdios musicais, sobretudo quando após o clássico “The Pretender”, Grohl apresentou os restantes elementos da banda à maneira antiga, tendo nessa ocasião sido tocados excertos de músicas dos Queen, dos Ramones e também dos The Cult, que umas horas antes ali haviam atuado. Já tinham decorrido 2 horas quando Grohl avisou “If you still have a voice, I still have a voice!”, lançando um grito visceral antes de queimar os últimos cartuchos com “Best of You” e “Everlong”. Os sorrisos dentro e fora do palco diziam tudo: foi um festão, senhores!
8 de Julho
No último dia de festival trocamos os Kodaline (afinal de contas eles até já têm marcado para novembro um concerto em nome próprio) pelo norte-americano Benjamin Booker, que atuou num palco Heineken ainda pouco frequentado. Quase sempre com a guitarra nas mãos, o músico de 28 anos foi acompanhado por mais três instrumentistas (guitarra, baixo e bateria) e preencheu o alinhamento com temas dos seus dois álbuns de estúdio, o homónimo de 2014 e “Witness”, lançado no mês passado. Marcadas pela sua voz profunda e rouca, as primeiras músicas serviram de introdução ao seu rock de garagem, com referências a Nova Orleães em “Have You Seen My Son?”. Os ânimos acalmaram com “Believe” (na linha de “A Change Is Gonna Come” de Sam Cooke) e “Motivation”, que nos soou demasiado a Jack Johnson. A sonoridade multifacetada de Booker passou também pelo blues em “The Slow Drag Under” e pela soul em “Carry” e Witness”, tema que dá nome ao recente álbum e com o qual fechou o concerto apontando o dedo à violência racial.
Ali mesmo ao lado, outro Benjamim (cujo nome de batismo é Luís Nunes) começava a sua atuação no Coreto by Arruada. Acompanhado por António Dias nas teclas, Nuno Lucas no baixo e João Pinheiro na bateria, meteu logo toda a carne no assador ao abrir com “Dança com os Tubarões”, “Tarrafal” e “Auto Rádio”, temas instantaneamente reconhecidos por uma plateia que foi ensaiando os primeiros passos de dança.
Não assistimos ao resto do concerto do português porque tinha chegado a altura de tomar uma nova decisão: Imagine Dragons ou Spoon? Optámos pelos Spoon e acabamos por assistir a um belo concerto dos mestres do indie rock sofisticado, onde a distorção das guitarras arranha sem ferir. A banda formada no Texas parece não deixar nada ao acaso. Atente-se na forma elegante como o vocalista Britt Daniel se movimenta em palco e na escolha de uma iluminação em contraluz, que criou a atmosfera adequada às suas grandes canções. Que bom foi ouvir pérolas antigas como “Anything You Want” – onde não passam despercebidas influências de Lloyd Cole (“She’s a Girl and I’m a Man”) – ou como “I Turn My Camera On”, “Don’t You Evah” e “Don’t Make Me A Target”, estas últimas recuperadas do álbum “Ga Ga Ga Ga Ga” (2007). A maior parte do concerto baseou-se em temas do disco editado este ano e mesmo nessa altura o nível manteve-se elevado, com saliência para o baixo poderoso de “Hot Thoughts” e para as irresistíveis texturas eletrónicas de “Can I Sit Next You” e de “First Caress”, música que colocou um ponto final no concerto. Para quem perdeu a oportunidade de os ver, deixamos o aviso: os Spoon têm regresso marcado para novembro!
Aproximava-se a hora dos cabeças de cartaz entrarem em cena e isso fez com que lamentavelmente não tenhamos assistido ao concerto dos Fleet Foxes. À hora marcada, os Depeche Mode subiram ao palco principal ao som de um excerto de “Revolution” dos The Beatles, numa clara alusão à temática política presente em “Spirit”, novo álbum recheado de boas canções. Não cedendo ao facilitismo, o alinhamento revelou a preocupação de manter a coerência entre a matriz que caracteriza os temas antigos e os novos, onde predominam eletrónicas mais viradas para o techno. Veja-se, por exemplo, como os recentes singles “Going Backwards”e “Where’s the Revolution” foram imediatamente seguidos por “Barrel of a Gun” e por “Wrong”, respetivamente. Ficou também bem patente a importância que continuam a dar ao aspeto visual, tendo pontualmente sido utilizada a projeção de alguns filmes em detrimento das imagens da banda em palco. A dança sincronizada de dois bailarinos ao som de “In Your Room” prendeu a atenção do público aos ecrãs e o mesmo aconteceu quando “Walking in My Shoes” foi acompanhada de uma curta-metragem que desafiou os presentes a porem-se no lugar de um transsexual. Os arranjos musicais são outro aspeto em que não facilitam, tendo funcionado muito bem as novas roupagens de temas como “A Pain That I’m Used To”, “Stripped” e “Everything Counts”. Esta última teve um início ao estilo dos Kraftwerk e marcou a passagem para uma segunda metade do concerto mais condescendente com os clássicos ansiados pela maioria dos festivaleiros que encheram o recinto (“Enjoy the Silence” foi uma das que obteve maior participação). Aos 55 anos, Dave Gahan continua com um invejável jogo de ancas e com a voz de sempre. E Martin Gore continua a ter espaço próprio, tendo sido exímio na interpretação de “Judas” e “Home”, os temas mais melancólicos da noite. Com “Personal Jesus” chegou a celebração final de um concerto que acabou por ser mais curto em comparação com outros da presente digressão (uma das sacrificadas foi a versão de “Heroes” com que têm vindo a homenagear David Bowie). Um concerto em que ficou demostrado que, à beira dos 40 anos de carreira, os Depeche Mode continuam com a mesma irreverência.
Encerrada com chave de ouro a programação do palco principal, rumamos para o palco Heineken, onde os Cage The Elephant já atuavam há alguns minutos. No início deste ano a banda formada no Kentucky atuou num Coliseu do Porto esgotado e desta vez foi a vez de Lisboa viver uma grande festa de rock’n’roll, liderada por Matthew Shultz. O carismático vocalista foi o animal de palco irrequieto que se conhece, com uma energia contagiante e uma voz parecida com Alex Turner (Arctic Monkeys). Foi seguramente um dos concertos mais intensos desta edição do NOS Alive, tanto por aquilo que a banda deu em palco como pelo que recebeu de um público que encarou todas as músicas como se fossem clássicos. Só quem ali esteve presente sabe o ambiente de verdadeira loucura que por lá se viveu, sobretudo na sequência final “Cigarrette Daydreams” / “Shake Me Down” / “Come a Little Closer” / “Teeth,” já com Shultz em troco nú, qual Iggy Pop, espalhando gotas de suor no meio da plateia. É caso para se dizer que o elefante saiu da jaula e levou tudo à frente…
Os mais resistentes só se despediram do NOS Alive após terem dançando pela madrugada ao ritmo dos australianos The Avalanches e da sempre provocante Peaches.
O festival regressa ao Passeio Marítimo de Algés nos dias 12, 13 e 14 de julho do próximo ano. Até lá, resta-nos aceitar o repto da organização e nunca deixarmos de sonhar…
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Organização:Everything is New
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quinta-feira, 13 julho 2017