Reportagem Noites Ritual 2011
Mais uma vez as Noites Ritual, no Palácio de Cristal, celebram o fim do verão. Nesta vigésima edição, a organização inovou com a criação de mais um palco acústico – Palco Ritual - e também com a adição dos “Ritual Late Night Dj’s” no Pavilhão Rosa Mota, a partir das duas e meia da manhã, uma espécie de After-hours para quem considera que a noite acaba muito cedo.
26 de Agosto
Para dar início à série de concertos, apresentaram-se os Dan Riverman, uma banda indie recém-criada de Santo Tirso. Dan Alves, vocalista da banda mostrou o desejo e o prazer em tocar neste festival portuense tão aclamado. Com um som reconfortante e original, os Dan Riverman apresentaram o single mais recente, “Sea and the Breeze”, e também “To live a dream”, “Yellow Flower” e “Fragile Hands”. Como surpresa fizeram uma cover da música “I just called to say i love you” de Stevie Wonder, deixando o público em surpresa.
Para apresentar o novo álbum, Casa Ocupada, os Linda Martini, uma banda fortemente influenciada pelos Sonic Youth, chegam ao Palco 1 das Noites Ritual, fazendo uma introdução eléctrica com o single “Dá-me a tua melhor faca”, deixando todos em expectativa para o seu seguimento. Com a música “Amor combate”, esta banda de rock alternativo ficou surpreendida com a motivação do público em todos os concertos realizados, considerando-os “merecedores de uma salva de palmas”.Tocaram ainda “Nós os outros” e “O amor é não haver polícia”. As duas últimas músicas foram dedicadas a um dos elementos da equipa, “Belarmino” e “100 metros sereia”. Estudantes universitários dizem que apesar do curto período de tempo de concerto, Linda Martini foi “tão explosivo como em Paredes de Coura 2011”.
Os We Trust, apresentaram o seu álbum de estreia com o famoso single “Time (better not stop) ” que tem tanto prestígio a nível internacional, e também com a música “Them Lies”. Elogiando a experiência anterior no Paredes de Coura 2011, não deixou de valorizar o público do Porto, fazendo-o cantar em simultâneo.
De volta ao Palco 1, os X-Wife, banda fixa nas últimas edições das Noites Ritual, trazem ao público um novo álbum, Infectious Affectional. Esta banda indie-rock partilha novas músicas como “I live abroad”, “Little love”, “Keep on dancing”, “Wonderman”, “That’s Right” e para recordar o antigo álbum cantaram hits como “Ping Pong”, “Heart of the world”, “Fireworks” e “On the radio”. A plateia portuense aplaudiu constantemente esta banda indie, que se despediu dizendo que adoravam tocar no porto, na sua cidade.
No Palco Ritual, os Guta Naki, uma banda suave mas energética ao mesmo tempo, chegaram ao Porto para apresentar algumas das suas músicas como “Clark nova (Metal house)”, “Cantiga de amigo”, “Margarida”, e novos singles como “Loseyland” e “Novo Mundo” que deixaram o público surpreendido com a sonoridade desta banda.
Para marcar o final da noite, a banda mais aguardada pelo público, os ZEN marcaram o primeiro dia das Noites Ritual porque ofereceram a maior interacção e energia da noite com o vocalista mais ousado e original. Cantaram músicas como “Mutant”, “Relativland”, entre outras. Realizaram também o primeira e único moche desta vigésima edição, fazendo com que o cantor dissesse “Da próxima vez que não me segurarem, dou-vos um estalo ok?”. Esta banda de punk alternativo lotou por completo o Palco 1, deixando os espectadores e fãs desta banda em alvoroço.
27 de Agosto
Neste segunda e última noite do festival, esperava-se por uma mistura entre o funk, soul, hip-hop e reggae, sem deixar de mencionar as bandas de rock alternativo no palco Ritual.
Às 21h30, The Chargers, abrem o palco Ritual, e pela primeira vez todos os elementos da banda surgem no palco a usarem máscaras indecifráveis e originais. Esta banda de rock instrumental tinha uma capacidade fora do normal para fazer o público dançar, especialmente quando exclamaram “Hey Ho Let’s Go!”.
No palco 1, seguiram-se um grupo de amigos que mostravam imensa cumplicidade em palco, os Terrakota. Esta banda, influenciada pelos sons de África, Caraíbas e Oriente, veio apresentar o novo álbum World Massala. Começaram o concerto dizendo que o seu objectivo era iniciar uma festa de amor e liberdade, criando também diversos jogos de batidas típicas do reggae. Todas as músicas incentivaram o público a dançar e a trocar sons e energias positivas com a banda. Com a partilha de músicas do novo álbum, voltaram também às origens com a música – “Métisses”, “Oba train” e “Bawo”. No fim do concerto, agradeceram ao público, chamando-o de família e apelaram à necessidade que a vida tem direito ao manifesto.
De poucas palavras e muita música, The Underdogs estrearam-se neste festival e mostraram como era realmente a verdadeira definição de rock n’ roll. Apresentaram músicas que ficavam no ouvido, como “It is no plain to see”, “She is la”, “The Stonewalkers”, e “Ode For Queens”.
Finalmente, a banda mais esperada nesta segunda noite, Mind Da Gap, superou e ultrapassou todas as expectativas dos verdadeiros fãs do hip-hop nacional. Com a apresentação do novo álbum, A Essência, o trio portuense contava também com a presença de uma recente aquisição da banda, o DJ Slimcutz. Depois da recepcção calorosa do público, os Mind Da Gap cantaram temas como “O Eremita”, “Abre os Olhos”, o clássico “Sem Stresses”, “A Dedicatória”, “Como Conseguem?”, “Não Pára”, “Sintonia” e “Só pra Ti” – que foi ternuramente dedicada ao Porto. Durante o concerto, os Mind Da Gap trouxeram um convidado surpresa, o Maze dos Dealema, com quem cantaram o primeiro single do novo álbum, “A Essência”.
Para ultimar os concertos no Palco Ritual, os D3Ö surgem para nos oferecer o mais puro rock alternativo. Sendo a banda que mais promoveu a interacção com o público neste palco, apesar do pouco tempo que tinham para fazer uma festa do verdadeiro rock n’ roll, conseguiram realizar um concerto eléctrico com hits como “Say you will”, “Wanna hold you”,”Blind man”.
No fecho dos concertos da vigésima edição das Noites Ritual, os Orelha Negra tomaram conta dessa responsabilidade, tornando-se na banda com a plateia mais cheia da segunda noite. Com fortes referências da cultura portuguesa, este projecto de funk-soul português esteve à altura de ser cabeça de cartaz. De acordo com Isabel Roque, estudante universitária, Orelha Negra fez um espectáculo muito semelhante ao de Paredes de Coura 2011 e correspondeu ao máximo em todas as suas expectativas. Começaram com a música “Since you’ve been gone”, e seguiram com “A memória”, “Barrio Blue” e finalmente, “A força da razão”.
Com o fim dos concertos e um balanço muito positivo destas duas noites de verão com um travo a música portuguesa, que excedeu as expectativas de todos, o público dirigiu-se para o pavilhão Rosa Mota para continuar a festa que as Noites Ritual ofereceram com a nova criação das “Ritual Late Nights”, até de manhã.
Texto: Inês Sousa