Reportagem Optimus Alive 2012
Teresa Silva
13 de julho
Este ano o Alive! voltou ao seu registo habitual de três dias de festival. Sexta-feira foi o primeiro mas não houve superstição que afectasse quem se dirigiu ao Passeio Marítimo de Algés para ver as bandas deste dia. Pela uma da tarde, já a entrada estava cheia de fãs de LMFAO ansiosos por guardar lugar o mais à frente possível. A novidade era o ecrã colocado de um dos lados exteriores do palco Heineken, para que quem não conseguisse entrar, pudesse ao menos ver o que se passava lá dentro.
A abrir a edição de 2012, no palco secundário – este ano denominado palco Heineken -, estiveram os portugueses The Royal Blasphemy, vencedores do concurso da Câmara Municipal de Oeiras. A banda mostrou alguns originais e encheu o palco com o seu heavy rock. Por esta altura, a plateia dos LMFAO tinha assentado arraial e ocupava grande parte do recinto.
Logo a seguir, The Parkinsons. Outra banda portuguesa, esta já com muita história. Na bateria, desta feita, tínhamos Kaló, dos Bunnyranch, que acompanha a banda nesta nova temporada de renascimento. Talvez muitos dos presentes não soubessem ao que vinham, mas rapidamente lhes foi mostrado o que isso era: muita energia, alguma dança à mistura e a atitude inconfundível do vocalista Afonso Pinto, também conhecido como Al Zheimer. A abrir, ouviu-se “Streets of London”. Alguns fãs na plateia fizeram-se ouvir e notar, com t-shirts e apoio à banda por entre uma multidão algo perplexa perante o que se lhe passava diante dos olhos. Ao segundo tema, já Afonso não tinha a t-shirt vestida e o recinto enchia cada vez mais. Mesmo com alguns enganos por parte do vocalista, nada abrandou a banda. Apresentaram singles novos do mais recente trabalho Back to Life, entre eles “Good Reality”, “Too Late” ou ainda “Better Life”, dedicada à cidade de Leeds. O vocalista bem pediu ao público que «abanasse o cu», mas sem grande êxito, talvez pela infeliz frase que se lhe seguiu («Só abanam o cu para o futebol») ou talvez porque mais de metade dos presentes apenas aguardava LMFAO.
O palco Optimus inaugurou com chave de ouro. Danko Jones, artilhado de boa disposição, trouxe até à zona centro aquilo que distribuiu pelo norte há alguns meses atrás: uma energia impensável, a um público inversamente proporcional ao que aguardava no outro palco. A rasgar, “Sticky Situation” e “Forget My Name”, introdutórias de dois dos álbuns mais antigos dos canadianos. Após “First Date”, Danko Jones obrigou os fotógrafos a continuarem o seu trabalho – “Vou ser o tipo que vai esgotar a bateria das vossas máquinas”, dizia, exibindo poses de guitarra que, a quem não presenciou a cena, parecerão tão legítimas quanto as outras, ainda que Danko admita que não sabe solar. A acamar “I Think Bad Thoughts” do último Below the Belt, ouvi-se o início de “A Song for the Dead” dos Queens of the Stone Age, e alguns toques de Judas Priest, antes de “Had Enough” do mesmo disco. A presença da banda em palco é irrepreensível, Danko fez questão de ir conversando com o público, fazendo piadas e elogiando o cartaz do festival. A aproximar-se do fim, “White Cadillac” do álbum de estreia fez as delícias de um público que certamente não esperava tamanha força a abrir o festival.
Enquanto isto, as californianas Dum Dum Girls mostravam o que valem no palco Heineken. No meio da multidão, via-se inclusive a bandeira da banda, orgulhosamente ostentada por alguns dos vários fãs da banda presentes. E quem não era fã, rapidamente ficou. É inegável o sucesso que as quatro californianas fizeram junto do público masculino, recebendo assobios e piropos por várias ocasiões. Mas quem estava para realmente a apreciar a música conseguiu-o, através de temas como “Baby Don’t Go” ou “Bhang Bhang, I’m a Burnout”. Houve ainda oportunidade de ouvir “Wasted Away” e “Hold Your Hand” num concerto que certamente encheu as medidas a quem mais as queria ver e ouvir.
Coube aos Refused começar cedo, por volta das 19h40, e elevar o nível musical para o resto do dia com um concerto absolutamente explosivo. Depois de acabarem em 1998, com apenas 7 anos de carreira, e de se terem consagrado como uma das bandas hardcore punk de excelência, voltam em 2012 para terminar o que começaram – e essa não podia ter sido melhor ideia. Dennis Lyxzén e companhia, apesar de já se encontrarem no final dos 30, início dos 40, mostram que têm toda a pujança da juventude, ao tocarem temas como “Refused are Fucking Dead”, a brilhante “Coup d’État” e “Rather Be Dead” com toda a energia requisitada. Mas é no single de The Shape of Punk to Come, “New Noise”, que o público português perde a cabeça, saltando e debatendo-se no mosh, naquele que foi um dos derradeiros momentos do dia (e talvez do festival). Os Refused voltaram, voltaram os mesmos e recebemo-los de braços abertos.
No palco Heineken, seguia-se MIÚDA, projecto nacional que conta com a participação de Tiago Bettencourt, entre outros. A protagonista é Mel, rapariga de 25 anos, cujos mini-calções em padrão zebra fizeram mais uma vez as delícias do público masculino. A abrir, esteve “Enquanto”, seguida de imediato pelo single que já é um verdadeiro sucesso: “Com Quem Eu Quero”. O tema não encantou, a voz de Mel parecia não chegar ao patamar a que o álbum de estúdio deixava antever e faltou algo à actuação. São os primeiros passos da banda, ainda, esperemos que com o tempo a coisa chegue lá. O público, no entanto, não arredava pé e cada vez mais espectadores se juntavam no recinto para ouvir temas como “Fluxo das Flores”, “Meu Amor” e “Na Cidade”. Mel agradecia de braços bem levantados (a t-shirt ia atrás, agradeceram alguns) e espalhava felicidade pela plateia. Para o fim, ouvimos de novo “Com Quem Eu Quero”, antes da saída da banda.
A banda que actuou logo a seguir no festival pode ter sido uma mudança anti-climática, mas mostrou-se eficaz e adequada no grande esquema do festival Optimus Alive!. Os Snow Patrol dispensam apresentações, são “aquela banda daquela música muito conhecida”, mas a maior parte das pessoas ignora que já têm uma considerável carreira por trás e que são bem competentes no que fazem. Começam com “Hands Open”, e o público desde logo é embalado na sua música delicada, no seu pop rock suave de massas. A banda liderada por Gary Lightbody, o único membro original desde a formação da banda em 1994, dedicou-se a um alinhamento constituído por temas do novo álbum Fallen Empires, como “This Isn’t Everything You Are” ou “Called Out in the Dark”, mas não esquece os temas do álbum que os cimentou na fama e popularidade – trata-se de Eyes Open (2006). Se “You’re All I Have” é energética e é recebida de forma morna, é a famosíssima “Chasing Cars” que invoca um cantarolar massivo dos milhares de pessoas que assistiam a banda irlandesa/escocesa.
Finalmente tinha chegado a hora mais aguardada pela maioria dos presentes Optimus Alive!. Sendo que esta maioria consistia em famílias e muitos jovens (alguns ainda nem adolescentes) que haviam feito romaria a Algés para ver LMFAO e cantar a plenos pulmões temas como “I Am Not a Whore”, “I’m In Miami Bitch”, “Shots” e, claro, as responsáveis pelo tremendo sucesso da banda, “Party Rock Anthem” e “Sexy and I Know It”. O recinto estava mais que lotado. Andar por ali naquela altura era mais que um pesadelo e continuava sempre a chegar mais e mais gente. Para infelicidade dos fãs, SkyBlue ficou de novo em terras americanas, ainda a recuperar do problema das costas. Mas tal facto não impediu que a festa não fosse feita. Entre dançarinos, bonecos insufláveis e música em altos berros, as expectativas dos fãs estavam satisfeitas. Mais tarde, passámos por um grupo de jovens que seguia RedFoo (acompanhado do seu guarda-costas) compenetrado no telemóvel. Talvez a sua vida social tão activa o impedisse de sequer levantar a cabeça para sorrir para as fotos ou dar um mínimo de atenção aos fãs, mas estes também não se pareceram importar muito.
Enquanto os The Stone Roses entravam no palco Optimus, poucos resistiam a Santigold para ir espreitar a banda inglesa. A abrir, ouviram-se músicas do primeiro álbum, entre as quais “Lights Out”, “L.E.S. Artistes” e “Say Aha”. Com direito a duas mudas de roupa, Santi White provocou um verdadeiro tumulto no recinto do palco Heineken. Dançava-se e cantava-se, enquanto a presença da cantora conquistava todos e provocava reacções de perplexidade para quem nunca a tinha visto ao vivo. A energia não passou despercebida e mesmo os temas do seu último trabalho recebiam o mesmo carinho que os antigos, como foi o caso de “Freak Like Me”, ou ainda “Disparate Youth”. Houve quem tivesse a sorte de subir ao palco e dançar com a cantora e as suas bailarinas durante “Creator”. Para o fim, guardou-se “Shove It”, sempre popular.
Um concerto que dividiu opiniões e foi meio esquizofrénico por si, foi o dos britânicos The Stone Roses. Sabe-se que estes são uma das bandas inglesas mais emblemáticas do final dos anos 80 e que gozam um estatuto invejável na terra mãe, um pouco se calhar pelo síndrome de acabar antes de lançar álbuns terríveis e perderem influência, e são um misto de influências da pop imortal de Beatles, Beach Boys e do movimento punk dos anos 80, como Clash e Sex Pistols. Sabe-se que são perfeitos para encabeçar um festival e que o álbum homónimo é excelente, um dos melhores da década. Daí que não se consiga explicar os desequilíbrios num concerto que tinha potencial para ser o melhor do festival, e acabou por ficar aquém das expectativas.
Se pouco comunicam com o público, fazem mostrar o seu carinho por Portugal, empunhando a bandeira portuguesa ou ostentada no set onde tocavam, e a recepção é boa, apesar das inconsistências nesta performance. O concerto parece atingir o seu máximo com a tripla “This is The One”/”She Bangs The Drums”/”I Am The Resurrection”, mas fica a sensação de que se perdeu algo no desempenho dos grandes cabeças de cartaz. Fica a oportunidade para os ouvir noutra ocasião.
Antes de outro dos nomes grandes da noite, os portugueses Buraka Som Sistema ocupavam o fundo do festival. Só quem nunca ouviu falar deles poderá dizer que não fazem uma festa à altura de um festival desta dimensão. A quem os conhece, sabe que clássicos como já o é “Kalemba (Wegue Wegue)” garantem bons momentos. Foi sem dúvida um dos pontos altos do festival.
Para encerrar o palco Optimus, estiveram os franceses Justice, ao vivo. A banda chamou bastante gente ao recinto, mas antevia-se que os dois dias seguintes trariam muito mais. Com um palco quase teatral, centrado na clássica cruz que dá nome ao primeiro álbum do duo, dançou-se ao som de “Civilization”, “New Lands”, “DVNO” e, como não podia deixar de ser, “D.A.N.C.E.”, entre bastantes outras, numa noite fria com chuviscos, mas que nem por isso impediu que a festa continuasse a ser feita noite dentro. O último Audio Video Disco já estava mais que na ponta dos pés do público de Algés.
Um pouco depois do começo de Justice no palco principal, é no palco Heineken que a Zola Jesus se faz ouvir. Nika Roza Danilova tem a tarefa árdua de captar a atenção dos transeuntes que chegam de Stone Roses e consegue o feito bastante bem, gozando de considerável público a assistir. Conatus, de 2011, enche o alinhamento e os festivaleiros com um post-punk psicadélico e electrónico, em temas como “Vessel” e “In Your Nature”. “Night” é também um bom momento no concerto da americana, que pode considerar a sua nova passagem em Portugal como um sucesso, considerando a colocação tão tardia no alinhamento do primeiro dia do Optimus Alive.
Por volta das 3 da manhã, são os Death In Vegas que se dedicam a entreter quem ainda tem pernas (e cabeça) para o festival. Num concerto apenas instrumental, mas de enorme qualidade, o conjunto britânico brindou os festivaleiros com electrónica de excelência, com temas como “Dirge” e “Hands Around My Throat”, e fechou assim (a par de Brodinski no palco Clubbing por onde só conseguimo passar ocasionalmente) o cartaz do Optimus Alive no dia 13 de Julho.
14 de julho
No segundo dia, o público mudou bastante. Para além disso, era também muito mais. Desde cedo que era difícil andar à vontade pelo recinto do Optimus Alive! e foi assim praticamente o dia todo.
Depois de Lisa Hanningan ter aberto o dia, houve Big Deal. Os londrinos traziam na mala o álbum de lançamento da banda, composta por Kacey Underwood e Alice Costelloe, Lights Out. Os temas não prometiam um grande concerto, antes algo mais íntimo e doce, capaz de tocar qualquer um com a simplicidade das letras e a sinceridade com que foram tocadas. Entre o público, alguns fãs fizeram-se notar, especialmente no single “Chair”. Mas foram temas como “Seraphine” – que abriu o concerto –, “With the World at My Feet” e “Homework” que encantaram os presentes e despertaram a curiosidade de querer saber mais sobre este duo. Tivemos ainda direito a um tema novo que deixa antever o próximo trabalho. Promete ser um pouco mais enérgico, mas ainda fiel ao estilo presente em Lights Out. No fim, expressaram vontade de voltar, depois de terem passado dois dias a conhecer a cidade e aproveitar o sol do nosso país.
A primeira ocupação do palco Optimus estava reservada para os We Trust, banda de André Tentúgal que conta com alguns músicos invejáveis. A banda que tem vindo a ganhar popularidade – essencialmente através da mais que batida “Time (Better Not Stop)” tipicamente cantada em coro com o público – apresentou a Algés o singelo These New Countries, a um público bastante receptivo.
Seguiram-se os Here We Go Magic, no palco Heineken. Os norte-americanos deram um concerto agradável, muito constituído por temas de A Different Ship (2012), onde exercitam o seu synth pop rock com maior consistência. Apenas perdem com a qualidade de som menos boa do palco Heineken, que não faz jus à repetição sistemática de temas como “How Do I Know” e “I Believe in Action”. Espera-se um melhor contexto para os Here We Go Magic.
Entretanto, no palco Optimus, Noah and the Whale prometiam um concerto merecedor do público que já se encontrava perante eles. Por esta altura, já o recinto estava bem composto, com cada vez mais gente a chegar. “Life is Life” fez as honras, seguida de imediato pela bem-disposta “Me Before We Met”. A plateia rendeu-se à simpatia do vocalista Charlie Fink e receberam com entusiasmo temas como “Give It All Back” ou “Rocks and Daggers” que, juntamente com “Waiting for My Chance to Come” e “Tonight’s the Kind of Night”, protagonizaram os momentos altos do espectáculo. Fink elogiou os céus azuis de Portugal, que nos «deviam fazer muito orgulhosos» e sublinhou o facto de muito poucos festivais pela Europa terem a sorte de ter o tempo que temos. Concordamos, Charlie. Para o fim, estavam reservadas “5 Years Time” e “L.I.F.E.G.O.E.S.O.N.”; um final em beleza para um concerto que preparou perfeitamente o público para o que se seguia.
Foi a vez de os The Antlers tocarem no palco secundário do Optimus Alive. A banda americana esteve cá em Novembro do ano passado, e repetem a dose este ano com o intuito de apresentarem alguns temas de Burst Apart (2011), tal como de novos temas. Indie Rock emotivo, com guitarradas etéreas e grandiosas, pauteadas pelo falsetto afetado de Peter Silberman, que lidera confortavelmente na sua pele. Bem recebidos no Palco Heineken, os The Antlers gracejaram os presentes com temas como “Rolled Together”, “No Widows” e a fantástica “I Don’t Want Love” e provaram-se capazes, apesar da sonoridade necessitar de um ambiente mais intimista para funcionar devidamente. Mesmo assim, foi um óptimo concerto na fase inicial do segundo dia do Optimus Alive. x.
De regresso ao palco principal, seguiam-se Mumford and Sons. Os fãs eram mais que muitos e isso notou-se desde o momento em que a banda pisou o palco. A abrir, ouviu-se “Lovers’ Eyes”, tema que estará presente no novo albúm que irá ser lançado em Setembro e que dá pelo nome de “Babel”. Logo de seguida, ouviu-se “Little Lion Man” e a resposta dos fãs foi imensa e intensa. Rapidamente se percebeu que a banda iria contrariar qualquer subestimação que lhe pudesse ser atribuída. E, de facto, foi um concerto sinceramente melhor do que o que se esperava. “Winter Winds” fez sucesso e o português que a banda fez questão de falar ao longo de todo o concerto também. Os fãs ficaram ainda mais cativados e os curiosos ficaram convencidos. O concerto foi bem equilibrado entre os temas antigos e os novos que virão em breve, como foi o caso de “Below My Feet” e “Lover of the Light”. “Thistle & Weeds” proporcionou um dos momentos mais calmos e o fim foi perfeito para os admiradores: “The Cave” pôs todos a saltar e cantar em uníssono e foi a cereja no topo de um bolo que não se esperava que fosse tão saboroso.
Awolnation subiam agora ao palco. A banda de Aaron Bruno que se popularizou como tantas outras – através de anúncios de televisão – trouxe até ao Passeio Marítimo o único Megalithic Symphony, editado no ano passado. Convenceu bastantes, e prometeu um regresso no final do ano.
Com a notícia do cancelamento da actuação de Florence + the Machine por razões de saúde, foram muitos os que ficaram desapontados por não poder ver Florence Welch a dar ares de sua graça em pleno palco Optimus. Para substituir, os escolhidos foram os Morcheeba. A banda inglesa entregou a alma aos presentes para os ver e não desiludiu. Ainda íamos no início do concerto quando pudemos ouvir “Otherwise” e comprovar que a voz de Skye continua perfeita como sempre. A cantora parece não fazer absolutamente esforço nenhum para alcançar qualquer nota e não falha uma única vez. Bem disposta e com vontade de conquistar, cumpriu o seu objectivo quando cantou “You’ve Got the Love” (que, embora não seja um original dos Florence + the Machine, foi um dos temas que os tornou mais conhecidos pelo mundo fora), depois de ter invejado a voz de Florence. E embora temas como “Never an Easy Way” ou “Rome Wasn’t Built in a Day” já tenham mais bem mais de uma década, custa a crer que já tenha passado tanto tempo e damos por nós a reparar na característica de intemporalidade patente em cada um dos temas da banda e na própria voz de Skye, que permanece sem a mais pequena alteração. Pelo fim do concerto, já poucos se lembravam de que aquela não era a banda originalmente escolhida – os parabéns à organizadora Everything is New, que arranjou uma alternativa à altura em tão pouco tempo.
Tricky, que actuou por volta das onze. Se a introdução de “Feeling Good”, de Nina Simone, augurava um bom presságio, o resto do concerto rapidamente se tornou num exercício autoindulgente e pouco dedicado de uma das figuras mais imponentes do trip hop. Sem Martina Topley-Bird e acompanhado de uma voz feminina capaz, mas sem o carisma afectante da cantora londrina, o grupo que acompanha Tricky pareceu captar a atenção do já numeroso público que assistia no Palco Heineken. Uma versão de “Ace of Spades” (originalmente dos Motörhead) incitou os muitos jovens que se encontravam nas filas dianteiras a invadir o palco, só que a geração Facebook estava mais preocupada em tirar fotos com Tricky e a fotografar o palco do que propriamente a desfrutar de uma cover feita em espírito rebelde e revoltado com o mundo. “Black Steel”, do excelente Maxinquaye, fica prejudicada por causa de alguns problemas de som no palco secundário, que pouco deixavam ouvir Tricky e a acompanhante, e “Really Real” é executada com excelência, mas como o resto do alinhamento, prolongada até à exaustão. Mais preocupados com a forma do que o conteúdo, é com pena que nos afastamos do palco secundário desapontados.
Esperava-se um grande concerto dos The Cure, e foi isso que foi, literalmente: um longo concerto, três horas e dez de duração, trinta e seis músicas tocadas, três encores. Nada melhor do que este concerto para nos apercebermos realmente da extensão da carreira dos The Cure. São o peso pesado deste festival por alguma razão, já contam com quase trinta e quatro anos de carreira e uma influência não só na música como na cultura pop inimaginável e impossível de quantificar, daí que faça sentido um alinhamento tão grande como este. Se faz sentido num festival? Não sabemos. No entanto, a viagem musical pelo reportório dos The Cure foi mais do que satisfatória, embora tenha requerido uma atenção e resistência maior por parte dos festivaleiros.
O relógio marca meia-noite e a banda britânica é pontual. A imagem de marca de Robert Smith é instantaneamente reconhecível: cabelo desgrenhado, sombra preta e batom, e é bom saber que há coisas que nunca mudam. Postas as mãos na massa, os The Cure apostam no trio “Plainsong”/”Pictures of You”/”Lullaby” para iniciar o concerto, e não podia ter sido recebido de melhor maneira. É certo que os temas de Disintegration (1989) estão em foco no alinhamento do concerto, naquele que marcou o ponto mais mainstream da banda até à altura. “Lovesong”, também de Disintegration, desperta reação imediata no público assistente no palco principal, tal como “Just Like Heaven” e “Friday I’m In Love”. A banda britânica não esquece os grandes hits, mas embarca também em alguns temas mais desconhecidos: “Wrong Number”, de uma compilação de singles, e “The Hungry Ghost”, do esforço mais recente (4:13 Dream, de 2008) fazem com que o alinhamento se alongue desnecessariamente, apesar da sua qualidade. Por vezes, parecem em piloto automático, debitando música atrás de música sem comunicar muito com o público, mas os fãs derradeiros (e estavam muitos a assistir no palco principal) aceitam tudo o que lhes é oferecido.
Na altura do primeiro encore, já são muitos a abandonar o recinto. A sombria “The Same Deep Water of You”, outro tema de Disintegration, é a escolhida, antes de uma nova pausa, e um novo encore. A resistência é muito pouca e apesar de temas como “Close To Me” e “The Lovecats” serem bastante conhecidos, só se observa uma enchente de pessoas a voltar ao palco principal a correr quando os The Cure pegam em “Boys Don’t Cry”, um tema animado, mas auto-flagelante. Muitas queixas de frio e de aborrecimento depois, o concerto finalmente acaba com “10.15 Saturday Night” e “Killing An Arab”. Tecnicamente eficientes, ninguém poderá ter dito que o concerto foi mau, mas demasiado alongado, demasiado dividido entre alegrar o público e ser indulgente para os músicos, certamente dividiu a opinião pública. De qualquer maneira, é de recordar esta nova passagem a Portugal por uma das bandas de excelência de já quase 40 anos..
Enquanto os The Cure tocavam no palco Optimus, a britânica Katy B actuava perante um recinto cheio no palco Heineken. O ambiente não podia ser mais de festa e a energia mais contagiante. A boa disposição e à-vontade em palco da cantora conquistaram os presentes e o concerto não desiludiu. Havia bastante gente para a ver a ela e não apenas ao que estava a tocar no palco por mera curiosidade e foram temas como “What You Came For” e “Katy on a Mission”, retirados de “On a Mission”, que provocaram um verdadeiro festim onde ninguém se parecia cansar. Foi também apresentado um tema novo, “Hot Like Fire”, que promete manter o ambiente de festa e dança em trabalhos futuros da artista.
Pelas 2 horas, ainda tocavam os The Cure, mas nada impediu que James Murphy, juntamente com Pat Mahoney, chamassem uma verdadeira legião de admiradores ao palco Clubbing, para uma actuação onde não faltaria ambiente de dança e celebração da música.
SebastiAn live, no palco Heineken, foi um êxito tremendo, considerando o número de pessoas restantes no lado oposto do recinto. “Embody” e “Ross Ross Ross” foram alguns dos temas que deixaram os festivaleiros a dançar até horas altas da noite, com um electro/house contagiante, antes de os portugueses Blasted Mechanism assumirem o posto.
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15 de julho
O último dia era, sem sombra para dúvidas, o mais aguardado pelo público do Optimus Alive. Esperava-se um grande dia e o dia que tivemos foi nada menos que espectacular. Foi ainda na primeira actuação do dia, no palco Heineken, que começámos a desconfiar – desconfiança, essa, que rapidamente se transformou em certeza – de que os melhores concertos do dia teriam lugar precisamente neste palco. Não ficámos desiludidos e comprovámos tal suspeita ser verdade. É que o melhor concerto do festival inteiro teve lugar naquele mesmo palco. Mas já lá iremos.
Para abrir o palco principal, o artista convidado era o americano Eli “Paperboy” Reed, que teve direito à sua própria introdução. Não foi preciso nem a primeira música chegar ao fim para se perceber que iria ser um de muitos grandes concertos que por ali iriam passar. “The Satisfier” fez as honras. A banda que tocou com Eli era composta por músicos fenomenais que enriqueceram o palco com os seus instrumentos de uma forma completamente cativante. Se no início do concerto estava muita gente sentada, pelo fim havia bem mais gente em pé, incapaz de lutar contra os ritmos de temas como “Stake Your Claim” ou “Take My Love With You”, que pediam que batêssemos o pé ou abanássemos a cabeça.
Contente por estar de volta, o “Paperboy” perguntou se os iríamos receber de novo um dia. Depois deste concerto, não acredito que haja alguém que tenha uma resposta negativa para dar. Tivemos ainda direito a ouvir “Shock to the System”, tema do novo álbum que chegará no Outono. Enquanto mais e mais gente chegava, curiosa pela festa que acontecia no palco Heineken, Eli “Paperboy” Reed continuava a dar um autêntico espectáculo. Conseguiu pôr toda a gente que se encontrava em pé de cócoras e a explodir e saltar ao sinal dele. Subiu poste acima e saltou e dançou e cantou como se aquele fosse o primeiro espectáculo da tour e não o último. Um concerto inesquecível que deixou qualquer um a salivar por mais.
Mais conhecido por ser metade dos The Last Shadow Puppets (sendo a outra metade Alex Turner, dos Arctic Monkeys) e por ser frontman dos The Rascals, Miles Kane aproveitou para vir a Portugal apresentar-nos o seu álbum a solo, Colour of the Trap, do ano passado. Vestido de calças com padrão pantera e acompanhado por quatro músicos, Kane deu um energético concerto no qual foi estrela do espetáculo. Perseverante e dedicado, embalou os festivaleiros que o assistiam no Palco Heineken num indie rock, que pode não ser nada de ultra original, mas ganha por ser eficaz. Temas como “Rearrange” e “Come Closer” fizeram com que todos dançassem ao longo da música, naquele que foi um óptimo concerto na fase inicial do último dia do Optimus Alive.
A abrir o palco Optimus no último dia, estiveram os portugueses PAUS. A banda encabeçada por Hélio Morais e Joaquim Albergaria trouxe a energia esperada deles e mostrou-se mais que feliz por ter tanto público para os ver. Verdadeiramente emocionado, os dois bateristas pedia que o público dançasse e se despisse (só o tronco, na verdade), enquanto a banda tocava temas como “Deixa-me Ser”, um dos favoritos, e “Pelo Pulso”, que encerrou o concerto. Uma actuação que trouxe mais até do que era esperado da primeira banda do dia no palco Optimus. Sem cerimónias, Makoto e Hélio subiram até aos braços do público para um crowdsurf que mais nenhuma banda arriscou.
As Warpaint acalmaram um pouco os ânimos (que, depois de Miles Kane e Eli “Paperboy” Reed, estavam bem exaltados) mas nem por isso deixaram de dar um belo concerto. Os fãs eram bastantes e não ficaram desiludidos com uma actuação que contou com a popular “Undertow”, tema que, na verdade, começou como sendo uma versão de “Polly”, dos Nirvana, mas que depois evoluiu para um tema independente. As semelhanças continuam bem visíveis, mas a personalidade das Warpaint está bem patente. Pudemos também ouvir três temas novos da banda, por entre temas do álbum “The Fool”, tais como “Bees”, “Composure” e “Shadows”. Contentes por estar de volta, mostraram-no e deram um concerto que deixou os fãs felizes e os curiosos com vontade de ouvir mais.
A seguir, no palco Optimus, seguiram-se os The Kooks. Pela terceira vez em Portugal e pela segunda naquele mesmo palco, os britânicos apresentaram-se perante uma plateia recheada de fãs desejosos de os voltar a ver. A abrir, “Seaside”, adequada ao local do festival, ali à beira-mar. Tanto os temas do último álbum – “Junk of the Heart” –, já do ano passado, como dos dois álbuns anteriores, fizeram sucesso entre a multidão. Destaque para “She Moves in Her Own Way” que, apesar de já ter seis anos, continua a ser um dos sucessos da setlist, juntamente com “Always Where I Need to Be” ou a mais recente “Rosie”. O vocalista Luke Pritchard chamou ao Optimus Alive! um festival de grande prestígio e mostrou-se feliz por voltar a um sítio onde é sempre bem recebido. Foi um concerto animado, que satisfez os fãs e entreteve os restantes presentes que aguardavam Caribou e, sobretudo, Radiohead.
Logo após da atuação de Warpaint, coube aos The Maccabees continuarem com a onda indie rock no palco secundário. Com o recente Given to the Wild (2012), a banda britânica mostra-se mais etérea, mais completa, menos resignada a moldes ou fórmulas específicas, e isso reflete-se bastante na sua prestação ao vivo. Os temas do novo álbum como “Child” e “Pelican” deliciam os muitos fãs nas filas dianteiras, mas estes não esquecem temas mais antigos como “First Love” e “Love You Better”. Agradável concerto da banda britânica, que aqueceu o palco Heineken já por hora de jantar.
A colocação de Caribou no palco principal também nos parece algo caricata, talvez ficando melhor num palco secundário a horas mais tardias, mas o músico americano e a banda acompanhante acabaram por dar um óptimo concerto, embora um pouco curto. E mais, considerando que a maior parte do público estava a guardar lugar para Radiohead, podemos dizer que até gozaram de uma óptima recepção por parte dos portugueses. Não é o mais acessível, não vai suscitar cânticos em uníssono, mas a electrónica sistemática e orgânica que faz chega até nós e para um festival isso chega e sobra. Dan Snaith, o cérebro por detrás deste projeto, pouco chama a atenção para si e insiste em tocar com os seus parceiros virados uns para os outros, algo que faz com que nos concentremos na música também. Os temas de Sun (2010) foram os mais proeminentes, como “Sun”, “Jamelia” e a fantástica “Odessa”, e são tão envolventes que se estranha quando acabam. É, de fato, um dos nomes que raramente desaponta.
Foi com entusiasmo e alegria que muitos fãs de Mazzy Star receberam a notícia de que a banda iria voltar aos palcos em 2012. Por isso, quando os confirmaram para tocar no Optimus Alive!, foi apenas natural que muitos fãs se reunissem para ver a épica banda de Hope Sandoval ao vivo, na sua estreia em Portugal. O concerto, contudo, desapontou. Colocados um pouco antes dos Radiohead, o que levou a alguma perda de público – ainda que o target não seja propriamente o mesmo -, uma Hope Sandoval calada e desligada do público cantava as músicas que queríamos ouvir mas sem qualquer réstia de calor ou emoção pelo que fazia. Típico de uma banda cujo género encaixa no shoegaze ou dream pop, entre outros, mas, ainda assim, esperava-se algo mais que os muitos e literais “virar de costas” ao público que obtivemos durante a actuação. Ouvimos “Disappear”, “She Hangs Brightly” e a encerrar tivemos “So Tonight That I Might See”, que dá o nome ao álbum onde consta a tão esperada “Fade Into You”, que se ouviu pouco antes do fim do concerto. Certamente uma desilusão para a verdadeira tropa de fãs que adiou a ida para Radiohead apenas para ouvir a mítica voz de Hope Sandoval e alguns dos temas que marcaram uma geração.
Dez anos é muito tempo sem a presença dos Radiohead em palcos portugueses. Parece até tortura que, em 2002, tenham apontado três datas seguidas no Coliseu dos Recreios, ficando uma década sem aparecerem em Portugal. Não sabemos os motivos desta prolongada ausência, apenas sabemos que a espera, naturalmente, foi aflitiva e as expectativas eram redobradas. Sentia-se um ambiente expectante já na fase final do último dia do Optimus Alive e apenas se pode admirar a banda que causa tamanha impressão nos seus fãs. No entanto, podemos dizer que deram um concerto formidável, que ultrapassou as expectativas de muito boa gente.
Um jogo de luzes, ecrãs com efeitos visuais e uma banda singela, sedente de pouca atenção – era o que podíamos ver no palco principal. Se o espectáculo visual era hipnotizante, também o podemos dizer da música. “Bloom” foi a primeira aposta do banda britânica, do recente King of Limbs, e marcou o ambiente desde logo, com uma batida esquizofrénica e uma sonoridade celestial. Os temas de King of Limbs foram proeminentes, como já se esperava, e temas como “Morning Mr. Magpie”, “Separator” e “Feral” foram executados de forma exemplar, apesar de algo desconhecidos no público português. “The Gloaming” foi a primeira ventura por material mais antigo, seguido por “Pyramid Song”, ambas excelentes e recebidas por um público sedento de mais.
Ora, à partida parecia que os Radiohead iam apostar num alinhamento menos óbvio, trocando as voltas aos festivaleiros (como eles bem sabem fazer), mas à medida que o concerto ia avançando, entregavam umas pérolas ao público. “Exit Music (For a Film)”, com o carismático Thom Yorke em guitarra acústica e Jonny Greenwoord na guitarra elétrica, deliciou a hoste com uma tristeza fantasmagórica e permitiu que todos cantassem em uníssono. Já o verdadeiro momento do concerto, foi já no primeiro encore, com a deslumbrante “Lucky”, seguida do autêntico hino “Paranoid Android”, na qual a guitarra fulminante de Greenwood deu ares da sua graça. Melhor ainda, seguiram-se “Everything in It’s Right Place” e a fantástica “Idioteque”, temas de “Kid A” mostrando que a banda britânica sabe encantar, mas também entreter.
O público pediu por mais, e os seus salvadores atenderam ao pedido. Os Radiohead voltaram por uma segunda vez para tocar “Street Spirit (Fade Out)” e despedirem-se numa explosão de palmas e gritos. Absolutamente sublimes, durante mais de duas horas, aproximando o público português àquilo que quase foi uma experiência religiosa. Mas os Radiohead são assim, fazendo com que tudo isto pareça fácil, e é por isso que são umas das maiores bandas rock do último milénio. Esperemos que seja em menos de uma década que voltam.
Assim que terminou o concerto de Radiohead no palco Optimus, começou a ouvir-se os primeiros sinais de vida de SBTRKT. As pessoas iam chegando e embora muitos puxassem cadeiras para descansar depois de duas horas em pé a ver Radiohead, outros continuavam a festa e dançavam até mais não. Viam-se máscaras feitas à semelhança da do DJ (que se fez acompanhar por um colega na vinda a Algés) espalhadas pelo público, enquanto se ouviam temas como “Hold On”, “Something Goes Right” e “Wildfire”, um dos singles. Foi um concerto perfeito para dar início ao que seria o fim da sexta edição do Optimus Alive.
Mas o concerto do dia (podemos dizer “do festival”?) ainda estava para vir. O recinto do palco Heineken já estava sobrelotado quando Alison Mosshart e Jamie Hince pisaram o palco. VV (nome pelo qual Alison é conhecida) vinha eléctrica, com uma energia notável (e invejável), como se fossem dez da noite e não duas da manhã. O público já delirava mesmo antes de se ouvirem os primeiros acordes da “No Wow”, uma das favoritas do público.
Este sim, foi O concerto do Optimus Alive! de 2012. The Kills significa rock puro e duro perante os nossos olhos. E no entanto, o duo conseguiu transformar toda a experiência em algo muito mais dinâmico. O grupo de quatro figuras de lenços vermelhos na cara que ocupavam a precursão, juntamente com duas cantoras de gospel que cantaram e dançaram (ainda que apenas durante duas músicas) levou o concerto a um outro nível, sem nunca tirar o protagonismo ao duo que actuava diante de nós como se fosse o último concerto que dariam na vida.
“Heart is a Beating Drum” descrevia bem o que se passava com cada pessoa ali presente – uma sensação de euforia que nos enchia o peito e cuja única solução era simplesmente seguir a banda e alinhar na festa. Já em “Kissy Kissy” os músicos tocaram cara a cara, com microfones cruzados, num quase beijo durante todo o tema – pura perfeição. “Tape Song” e “Last Day of Magic foram dos temas preferidos, num concerto onde falar em “momentos altos” não faz sentido; todo o concerto foi O momento alto do festival. A acalmar um pouco os ânimos (ainda que por breves minutos), ouvimos “The Last Goodbye”, interrompida quando Alison viu um rapaz a sentir-se mal e fez questão de ter a certeza de que estava em boas mãos para ser visto por alguém antes de recomeçar a música e dedicá-la ao fã. Visivelmente emocionada durante o tema, viu-se perante um público simplesmente rendido aos seus encantos e à sua presença inebriante e electrizante que fez questão de o mostrar, através de palmas e gritos, muitos gritos. No fim, um abraço de Jamie lá a deixou de novo pronta para retomar a actuação, mais arrebitada. Ouviu-se então “Pots and Pans”, mas foi em “Fuck the People”, que se lhe seguiu que assistimos a um verdadeiro motim. Música perfeita para um festival, sem dúvida. A fechar, “Monkey 23”, ainda que mais calma, igualmente cativante. No fim, toda a banda se abraçou e fez vénias ao público, que VV descreveu como «fucking amazing». Mas na verdade, um público só o é quando a banda o é também. Foi uma actuação perfeita de ambas as partes; o duo estava perplexo ao ver tanta gente (e era mesmo muita, acreditem) às duas da manhã à espera de os ver, e mais, tanta energia e calor para os receber àquela hora tardia do último dia do festival; como forma de agradecimento, nada menos que a melhor actuação de todo o festival. Já mencionei a expressão «pura perfeição»? Porque foi.
A tarefa estava dificultada mas bem entregue aos ingleses Metronomy, que prometiam o encerramento da sexta edição do festival em grande estilo e com boa música. O recinto do palco Heineken continuava cheio e as pessoas não aparentavam cansaço evidente; antes dançavam como se aquele fosse o primeiro dia do festival. O vocalista Joseph Mount confessou que estava preocupado por tocar tão tarde (entraram em palco às 3h10) e recear que ninguém fosse estar lá para os ver, mas mostrou-se muito contente ao perceber que tal não se confirmou. Ouvimos “The Bay” e “Heartbreaker” bem no início do concerto, que contou ainda com “Eveything Goes My Way” e “She Wants”. Facto engraçado que nos foi dado pelo vocalista: o segundo concerto que eles deram no estrangeiro quando começaram a tocar fora pela primeira vez foi no Porto. O público mostrou o apreço pelos ingleses e continuo a fazer a festa noite dentro, ao som de “The Look” e “Radio Ladio”, que finalizou o concerto.
Numa edição do festival que podemos declarar como histórica (regresso dos Radiohead a terras lusas após 10 anos e os The Cure à frente dos nossos olhos a tocar clássicos com que os nossos pais cresceram), o balanço só pode ser positivo. Por mais estranho que pareça, foi mais fácil circular no terceiro dia do festival (quando se deu a maior enchente por ser o único que estava esgotado) do que durante o segundo. Apenas realce para as enormes filas que se formaram no primeiro dia por causa da troca de pulseiras, dentro do recinto, e também para o som do palco Heineken: ora estava muito alto, insuportável mesmo, até para quem estivesse bem atrás da primeira fila, ora estava pastoso e era simplesmente uma amálgama de sons indistinta durante algumas bandas. Fora isso, um festival impecavelmente organizado, onde nem a irritante chuva do primeiro dia conseguiu demover ninguém. A sétima edição do festival decorrerá de 12 a 14 de julho de 2013.
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quarta-feira, 26 junho 2013