Reportagem Optimus Alive!09
Dia 9 de Julho
Chega finalmente o primeiro dia de um dos festivais mais esperados deste ano – o Optimus Alive! Aparte de algum atraso com as entradas, o evento apresenta-se com melhores condições tanto a nível de infra-estruturas como a nível de organização. Aqueles que conheciam o Alive! com dois palcos, passaram a vê-lo com mais um – o Optimus Discos - com bandas nacionais, e as tradicionais pulseiras cor de laranja são substituídas por pulseiras negras de pano. Não terá sido propositadamente que a organização fez combinar as pulseiras com a roupa da maior parte dos festivaleiros. O primeiro dia, - dedicado, no Palco Optimus, ao heavy metal americano, e no Palco Super Bock a um estilo mais alternativo maioritariamente inglês - contou com a presença de cerca de 40 mil pessoas.
As honras de abertura do festival, além da banda sob o pórtico de entrada, foi d’Os Golpes. Sob um sol abrasador, muitos refugiaram-se na sombra do palco Super Bock a ouvir a primeira banda que tocou, enquanto outros marcavam já o seu lugar no palco principal. Após a primeira música, que foi apenas instrumental – Cruz Vermelha -, fazendo as delícias dos observadores, o vocalista Manuel Fúria dos Golpes gritou ao público: “Só temos 40 minutos para mostrar o que valemos, por isso aqui vai!”, prometendo apresentar o melhor da banda no palco. A apresentação do albúm fresquinho Cruz Vermelha Sobre Fundo Branco foi uma escolha acertada para a inauguração da edição deste ano do festival.
Meia hora passada sob o corte da fita inaugural, abre-se o Palco Optimus para todos aqueles que desde cedo marcavam lugar para os grandes nomes que se viriam a apresentar mais tarde. Foi um recinto já bastante cheio que acolheu os nacionais RAMP, com coros que gritavam “Portugal” a fazerem-se ouvir no Passeio Marítimo de Algés. A banda deu provas do seu talento, deixando o público orgulhoso do rock nacional, chamando cada vez mais ouvintes. As faixas do mais recente Visions como Blind Enchantement e The Cold, fizeram parte do repertório que fez as delícias dos fãs.
Apesar de curto, o concerto dos metaleiros nacionais ainda se sobrepôs aos Silversun Pickups. Não foi razão, contudo, para que o tapete verde em frente ao Palco Super Bock estivesse vazio, antes pelo contrário. Os californianos também conhecidos como SSPU, entraram em palco, efusivamente aplaudidos pela audiência. Para quem conhecia, a actuação esteve um quanto aquem das expectativas elevadas pela qualidade dos albuns, mas para os mais novos nestas andanças, a banda não desiludiu e deu um espectáculo digno de ser presenciado. Mesmo depois de um salto para o chão diante do público menos gracioso, o vocalista Brian Aubert fez questão de puxar pelo público português, que dançou e entoou alguns temas em uníssono. Um dos exemplos foi o tema Growing Old is Getting Old. A banda mostrou ser bem disposta e de uma alegria em palco contagiante.
Enquanto isto, entravam os Mastodon em palco. Um dos nomes mais aguardados deste dia, não destoando do resto do cartaz do palco principal, a banda norte-americana esteve à altura do público português, que agradeceu com entoações em conjunto, mosh-pits e uma energia um pouco suprimida. Ao contrário do que era esperado pelos fãs, que em busca de semelhanças com setlists dos últimos concertos em que os Mastodon tocaram o último Crack the Skye na íntegra, desta vez a banda que nos visitou pela última vez há dois anos no Super Bock Super Rock, presenteou-nos com uma setlist mais diversificada. Ouviu-se Oblivion a abrir, sim, ma seguiu-se imediatamente de The Wolf is Loose e Crystal Skull do Blood Mountain de 2006 e Blood & Thunder de Leviathan. A par destas, também The Czar e Crack the Skye fizeram parte da lista de músicas que levou o público a um rubro algo tímido.
Os Mazgani ficam encarregues da abertura do terceiro e novo palco – Optimus Discos, colocado entre os dois palcos primórdios. Apesar de não ter uma audiência muito vasta, a banda conseguiu agradar a quem aprecia música mais calma e alternativa à que se ouvia nos outros palcos.
Mesmo 15 minutos atrasados, os Delphic conseguiram deliciar o público com a sua música electrónica e energia contagiantes. Mesmo perante um recinto ligeiramente mais vazio que na banda anterior, os Delphic tocaram músicas sucessivamente mais e mais animadas, puxando pelo público que agradeceu o momento de dança. No final do concerto, a banda actualizou a sua página oficial no Twitter, a agradecer aos fãs lusos.
O festival divide entre todos os palcos bandas igualmente boas, ainda que de estilos distintos. Os Lamb of God prometiam agitação no palco principal e não faltaram às expectativas. Perante uma audiência animada em que os moshs eram mais que muitos, espalhando-se pelo recinto, conseguiram que todo o público aderisse e se deixasse levar pelos acordes das músicas, causando momentos de pura loucura. O recinto ia enchendo à medida que o tempo passava, demonstrando o quão incansáveis são os seus fãs.
De volta ao mais recente filho do Optimus Alive!, no palco Optimus Discos os The Bombazines deram mostras do seu talento. Com uma postura enérgica e incansável em palco, a voz de Marta Ren encheu o recinto, enquanto Rui Silva “Gon” deambulava pelo palco levantando a camisola inúmeras vezes e tentando levar os espectadores a dançar. O tema This Song is for Tomorrow foi um dos picos do concerto, bem como o “número” especial do baixo, juntamento com os teclados e a programação. Um orgulho nacional que deixou a sua marca bem patente nesta edição do festival.
Os Air Traffic foram carinhosamente recebidos pelo público português, que demonstrou o seu apreço pela banda com uma adesão sem igual ao concerto. Os membros da banda mostraram-se simpáticos e o baterista fez questão de tirar fotos ao público no final do concerto. Depois desta actuação, o público ficou com apetite e curiosidade para ver mais desta banda que promete elevar ainda mais o seu nível.
O público português e os fãs de Machine Head tiveram o privilégio de assitir a uma performance de alta qualidade por parte da banda. Constantemente a puxar pela audiência e a chamar por Lisboa, a banda deu mostras do seu apreço pelos fãs que não desiludiram na adesão ao concerto. Tocaram temas recentes, bem como alguns antigos. Do primeiro albúm Burn My Eyes, como é caso disso o tema Old e Davidian (com a qual encerraram o concerto). Além destas contou-se com uma fileira de 3 músicas – Imperium, 10 Ton e Beautiful que deliciaram os fãs que à medida que o tempo passava, pareciam mais felizes. Perto do final do concerto, a mãe do baixista Adam Duce foi chamada ao palco, apresentada pelo vocalista Robb Flynn como sendo lusitana de sangue, e presente pela primeira vez no nosso país.
À medida que o Sol se punha, o palco Super Bock enchia cada vez mais, pelo que acolheu calorosamente os TV on the Radio, que proporcionaram um concerto digno de palco maior, como haviam feito anteriormente por terras nacionais. A energia da banda norte-americana contagiou o ar no Optimus Alive! e deu ares da sua graça em temas como Red Dress e outros singles que foram entoados em conjunto com os ávidos fãs, tendo alguns sido inclusive dedicados a Lisboa.
A caminho do Palco Optimus, encarávamos os The Vicious Five, prontos a fazerem a casa mexer, que aproveitavam, segundo o vocalista, o momento de silêncio que vinha do palco maior para começarem a festa.
Num saltitar constante de palco em palco, voltamos à aparentemente maior concentração de todo o festival – os Slipknot entram em palco ostentanto as suas máscaras. Com uma pequena reprodução se um vídeo do far oeste acompanhado de uma introdução para Sic, a banda de Corey Taylor faz explodir a multidão com Eyeless e Wait and Bleed quase a abrir o concerto. Com a ajuda do público, a banda de Iowa vê-se perante milhares de pessoas a cantarem Before I Forget e Sulfur. A trágica morte de um familiar impediu o percussionista Chris Fehn de se juntar à banda para o concerto no Alive!. O seu lugar foi assumido, assim, pelo rodopiante Shawn "Clown" Crahan que largava as suas “latas” na plataforma elevada para ir até ao outro lado do palco fazer a vez do ostentador da máscara de nariz comprido. Em honra de Chris, cantou-se Dead Memories num tom quase comovente, seguida de Disasterpiece. De volta do mais recente All Hope is Gone, era quase arrepiante ver a colaboração gigantesca do público que saltava ao som de Psychosocial. Ficava por aqui a viagem ao álbum de 2008 e iniciava-se um gigante arrepio com Duality e People = Shit. A encerrar o concerto, os Slipknot deram-nos aquela que é uma das músicas favoritas dos portugueses – Spit it Out, antecedida pela não menos contagiante Surfacing.
De regresso ao local onde tínhamos visto pela última vez os The Vicious Five, está agora Nuno Lopes, integrante da série Os Contemporâneos, que dá início ao uso dos pratos.
Ao mesmo tempo que decorria o espectáculo de máscaras, subiam ao palco do lado oposto os Klaxons, a fazer rebentar o espaço pelas costuras. A banda que volta a Portugal 2 anos depois da sua actuação no festival Super Bock Super Rock de 2007, abre a sua actuação com Atlantis to Interzone foi a escolha perfeita para a abertura do que prometia ser um concerto memorável. O público entoou na perfeição temas como Totem on the Timeline ou Golden Skans. Aos primeiros acordes da Gravity’s Rainbow, os fãs mostraram o quanto ansiavam por este concerto, cantando cada parte da música enquanto dançavam noite fora. O tema Not Over Yet foi outro bem acolhido pelo público, embora a música que obteve mais adesão tenha sido a Magick. Jamie Reynolds fez excursões ao público, mas mesmo apesar disso, o concerto não superou o seu antecedente que tinha deixado grandes expectativas neste retorno.
Passado um ano, o quarteto de S. Francisco estava de volta, ao som de Ecstasy Of Gold de Ennio Morricone como já é tradição. À semelhança do concerto de há cinco anos, os Metallica abriram com Blackened do épico ...And Justice For All, conquistando de imediato os cerca de 40.000 presentes no recinto. For Whom The Bell Tolls foi o tema seguinte, e apesar de cativar sempre os mais devotos, faz sempre com que os mais nostálgicos fãs da banda recordem com saudade a forma como o ex-baixista Jason Newstead introduzia a música ao vivo. Holier Than Thou, do Black Album continuou a pôr à prova as memórias e vozes do público, que respondeu sempre à altura, para depois se ouvir um tema, que nas palavras do próprio James Hetfield "deverá ser especial para todos" (Lepper Messiah), e a balada Fade To Black. Mas, os Metallica estavam em Portugal para apresentar o recente Death Magnetic, e Hetfield fez questão de salientar que "o que importa não é o passado, não é o futuro, mas sim o presente", para tocar Broken, Beat & Scarred e Cyanide. Ficou desde logo provado, que os Metallica estão de volta também do ponto de vista criativo, e que o novo album resulta bem ao vivo. Terminado o "teste" das novas músicas, James rapidamente pôs o público português a cantar o refrão de Sad But True, antes de eles próprios começarem a tocar. Como sempre, antes de One, há um espectáculo de pirotecnia no palco, que culmina com o lançar de fogo de artificio, para que James Hetfield possa dar inicio ao tema que em 1988 deu origem ao primeiro videoclip da banda. Após estes dois clássicos, voltamos a ouvir um par de músicas do album Death Magnetic, justamente os dois singles, All Nightmare Long e The Day That Never Comes. Este último a cativar mesmo os seguidores mais recentes dos Metallica. Como não podia deixar de ser, estava na altura de tocar Master Of Puppets, na qual, como já é hábito, o vocalista deixa o público cantar alguns versos. A fasquia estava alta, e os Metallica não desiludiram, disparando a explosiva Fight Fire With Fire, que teve direito a mais pirotecnia. Nothing Else Matters e Enter Sandman, foram as duas últimas musicas antes do encore, que começaria com uma cover de Misfits, Die, Die My Darling, lembrando a caveira que o falecido Cliff Burton tinha no braço. Para delirio de muitos, os Metallica regressaram às origens, e tocaram Whiplash, do seu primeiro album (Kill'em All), de 1983. Estava na hora do adeus. Após cerca de duas horas, e visivelmente satisfeito com o incansável e fiel público português, James Hetfield pergunta repetidamente "prometem dar o vosso melhor?". A resposta foi unanimemente afirmativa, e certamente que o público não defraudou as expectativas da banda cantando Seek And Destroy, que foi, como sempre, o hino que dá por terminado mais um concerto dos americanos Metallica. Lars Ulrich no final disse "três anos, três concertos. Este foi o melhor!". Os Metallica, mais uma vez, provaram que merecem o incondicional crédito dado pelos seus seguidores, e que cada vez mais Kirk Hammet vai ganhando a forma que havia perdido durante a paragem da banda.
Embora o recinto estivesse mais de metade vazio, depressa encheu quando os Crystal Castles entraram em palco e começaram a mostrar porque têm tantos fãs em Portugal. A enérgica Alice Glass demonstrou estar em perfeita forma ao correr e saltar pelo palco de holofote em riste, brincando com o mesmo enquanto as luzes do palco produziam um efeito hipnotizante na multidão. Depressa o recinto se transformou numa pista de dança, enquanto o público dançava ao som de temas como Courtship Date. As constantes idas ao palco e os crowdsurfs pelo público garantiram a Alice Glass a melhor performance da noite do palco secundário, que deliciou qualquer pessoa presente na audiência.
O resto da noite ficaria a cargo de Mr. Mitzuhirato no Optimus Discos e de Erol Alkan no palco Super Bock. A noite foi longa até que o DJ desse por terminado o dia 1 do Alive!
Hoje o dia é iniciado pel’Os Pontos Negros e com uma grande expectativa sobre o concerto dos The Prodigy, depois da sua actuação no Marés Vivas do ano passado.
Coube aos americanos The Gaslight Anthem inaugurar o segundo dia do festival Optimus Alive! ’09. A música entreteve a audiência cujo número ia aumentando à medida que o tempo passava mas que nunca chegou a atingir os número da noite anterior.
Com o mesmo número de pessoas se compunha o palco Optimus onde actuavam os nacionais Os Pontos Negros, a dar uma hipótese aos autores de Magnífico Material Inútil e a reservarem lugar para as restantes bandas. Jónatas Pires e a sua banda tentaram, com um razoável sucesso, animar a plateia. Temas como Conto de Fadas de Sintra a Lisboa e Salomé constaram do repertório, juntamente com alguns antigos, tais como Não sei se Tens o que Quero e Inês.
A manter a portugalidade, no Palco Super Bock os John Is Gone garantiram energia em palco e conseguiram contagiar os ouvintes do palco secundário. O público foi crescendo e Rui Brito não demonstrou quaisquer sinais de cansaço enquanto corria pelo palco. O público ficou no geral, convencido, e certamente entusiasmado para os concertos seguintes.
Pelas 18h30, no palco principal, começam a ouvir-se os primeiros minutos da música Ladies Night, dos Kool and the Gang. Entram em palco os Eagles of Death Metal e Jesse "Boots Electric" Hughes passeia pelo palco, cumprimentando os fãs efusivos. Depois de arranjar o bigode, é tempo para o Rock ‘n Roll. I Only Want You é o tema escolhido para iniciar uma actuação enérgica que contou com entoações por parte do público, bem como inúmeras ovações. Entre músicas, Jesse Hughes fez de árbitro numa competição entre os dois lados da audiência, levando a fazer-se ouvir o público. O momento alto ficou a cargo da conhecida I Want You So Hard (Boy’s Bad News), num concerto que o próprio vocalista afirmou estar nervoso e por isso pediu desculpa, por tocar perante tão vasta audiência e num sítio tão bonito ao lado da praia, a opor-se à sua última visita em Paredes de Coura de 2006.
Os britânicos Late of the Pier garantiram um recinto cheio no palco Super Bock e ovações efusivas quando entraram vestidos em roupas brilhantes e coloridas. O público manifestou o seu apreço na actuação que anunciou o começo de uma grande noite naquele lado do Passeio Marítimo. Temas como Heartbeat puseram o recinto a cantar, dançar e saltar, à medida que o número de espectadores crescia.
Os The Kooks eram uma das bandas esperadas neste dia no palco principal. Acarinhados pelos fãs que os receberam entusiasticamente, Luke e os seus colegas souberam estar à altura do desafio. Always Where I Need to Be garantiu uma adesão enérgica por parte do público logo desde o início, seguida de Matchbox que deliciou os fãs mais antigos. Luke fez questão de treinar o seu português e cumprimentou os fãs que responderam em uníssono. Sway proporcionou um dos momentos altos, bem como os outros singles do último albúm Konk. She Moves in Her Own Way fez o público dançar e Do You Wanna garantiu a dose certa de loucura. Por fim, Stormy Weather e Sofa Song, “coladas”, foram os temas que fecharam a actuação dos The Kooks.
Hadouken! foi a banda da noite. O recinto do palco Super Bock estava a abarrotar e os mosh pit foram intermináveis. O mesmo sentimento de euforia era partilhado por todos os presentes e a banda foi incansável e demonstrou o seu valor de forma abismal. Os ingleses apresentaram temas novos e tocaram outros do albúm Music For An Accelerated Culture, que fizeram as delícias dos fãs, tais como Declaration Of War e Crank It Up, este último dedicado aos seus amigos Does If Offend You, Yeah?, que lhes seguiriam no alinhamento do palco. A actuação foi fechada pela Leap of Faith. Energia interminável da banda londrina cujo nome é saído do clássico Street Fighter deixou uma opinião mais que positiva.
Embora já estivessem estado presentes na primeira edição do festival, neste mesmo palco, os Blasted Mechanism voltaram à edição deste ano com a tour Start to Move, e a mostrar o não-tão-novo líder da banda. Embora Guitshu não possua a mesma energia de Karkov, a banda soube animar o público, como sempre. A começar com Start to Move, os Blasted mostraram um pouco de toda a discografia através de I Believe, Blasted Empire, Sun Goes Down e Battle of Tribes. Garantiram um ambiente de dança em Algés, mais uma vez, e a terminar ouviu-se Karkov, uma das mais conhecidas e mexidas músicas da segunda banda mais mascarada desta edição do Festival Optimus Alive.
O desafio de alcançar o mesmo nível da actuação dos Hadouken estava lançado. E Does It Offend You, Yeah? souberam estar à altura. Temas como With a Heavy Heart (I Regret to Inform You) proporcionaram o clima para os mosh pit e uma euforia contagiante que se fez sentir no recinto e apelou a cada vez mais ouvintes. Battle Royale e Being Bad Feels Pretty Good fizeram ainda parte de um repertório onde a falta de Let’s Make Out se fez sentir. Foram os Hadouken! e Does It Offend You, Yeah? as bandas que dominaram a noite no Passeio Marítimo de Algés.
Os muitos aguardados Placebo entraram em palco perante uma legião de fãs entusiasmados e ansiosos por ver a actuação. Kitty Litter, um tema do novo albúm Battle for the Sun foi o primeiro a ser tocado, seguido de Ashtray Heart. Algo frio e distante, Brian Molko cumprimentou os seus irmãos e irmãs, “children of Portugal”. Depois de batalharem pelo Sol, os Placebo apresentaram o novo single que já passa na TV, For What It’s Worth. Temas como Follow the Cops Back Home e Special Needs atenuaram a euforia por que tanto os fãs ansiavam mas que nunca realmente chegou. As entoações em uníssono fizeram-se ouvir em Special K e Meds, antes de Song to Say Goodbye que levou a banda para o encore. Infra Red e The Bitter End foram os temas que se seguiram antes da final Taste in Men, que fechou uma actuação aquem das expectativas.
O calor ainda se fazia sentir no palco Super Bock quando os americanos Fischerspooner chegaram, com o excêntrico Spooner atrás de dois espelhos e com um chapéu-candeeiro que iluminava a maquilhagem. Entre mudas de roupa e coreografias fascinantes, a música proporcionou momentos de dança bem agradáveis e temas como Happy, Get Confused, Money Can’t Dance e Never Win fizeram parte da setlist. A actuação terminou numa coreografia que fora previamente escolhida como última cena a ser filmada para o novo vídeo. Para garantir que tudo estava perfeito, Casey Spooner recomeçou a coreografia depois de se ter enganado num passo. Dedicou esta última actuação a Michael Jackson e aos altos e baixos da vida de artista. A despedida veio sob a forma de vénias, quer da banda, quer do público; nas palavras do próprio Casey Spooner, «This is what we call showbusiness».
Os The Prodigy fizeram outra das delícias da noite. Já se esperava um grande concerto, mas apesar disso a actuação não superou a sua última vinda ao nosso país. Deu-se início a um espectáculo de luzes com World’s on Fire e o público estava claramente em êxtase. Seguiu-se Breathe e Omen, os britânicos Keith Flint e Max Reality corriam, incansáveis pelo palco. Entre muitas outras ouviu-se Run with the Wolves e a antiga Voodoo People. O ambiente de dança foi constante, os Prodigy são bem conhecidos pela sua música enérgica, nunca deixando os seus concertos cair na moleza de balada ou algo semelhante. De volta a um encore, deram-nos Invaders Must Die do álbum homónimo, seguida de Smack My Bitch Up, bem como Take Me To The Hospital, frase escrita no computador do teclista Liam Howlett.
Foi uma audiência crescente com o fecho do Palco Optimus que apladiu os The Ting Tings, quando estes entraram em palco. Jules começou a tocar os primeiros acordes de We Walk, ao som da qual Katie entrou de seguida. Great Dj espalhou a euforia pela audiência, que saltou e dançou até à exaustão, enquanto entoava as letras. Katie pega numa folha A4 e lê num português muito arcaico: "Olá, obrigado por me receberem, gosto muito de estar aqui, o meu português é uma m*r*a" e seguiu-se mais música. Be the One foi carinhosamente acolhida pelo público, bem como a esperada Shut Up and Let Me Go. Jules ficou em palco sozinho e pôs a tocar a banda sonora de Ghostbusters para delírio do público, que recebeu de volta Katie que cantou Impacilla Carpisung. O fecho da actuação esteve a cargo da That’s Not My Name, exemplarmente entoada pelos incansáveis fãs. Uma actuação marcada pelo histerismo, tanto em palco como no público e pela energia contagiante de Katie, que dançou noite fora. Ficou no ar uma quase promessa de um regresso breve a Portugal.
Coube a Zombie Nation o desfecho da noite no segundo dia do Optimus Alive! ’09, que garantiu o ambiente de disco no palco Super Bock até tarde.
Para hoje aguardam-se Dave Matthews Band e The Black Eyed Peas entre outros sons.
No último dia do festival, foram os X-Wife a abrir o palco Super Bock. À medida que o recinto ia enchendo, os portugueses tocaram faixas conhecidas como Ping Pong e On the Radio, animando os ouvintes presentes que entoavam as faixas em conjunto. Cantaram ainda o segundo single do novo albúm, a faixa Firework.
No palco principal, o primeiro a actuar foi outro músico nacional. Mesmo perante um recinto pouco cheio e ainda menos animado, Boss AC fez tudo para espalhar a boa onda, desde desfiles a mostrar o novo outfit a expressões de incitação a ovações. Cantou músicas do seu novo albúm, Preto no Branco, como A Boca Diz o Que Quer e também as mais antigas, de entre as quais, Boa Vibe, Hip Hop (Sou Eu e És Tu) e, claro, Baza Baza.
Os britânicos A Silent Film eram esperados no palco Super Bock por uma audiência já mais abundante e que foi crescendo. Thirteen Times the Strength foi o tema escolhido para abrir. Robert Stevenson cumprimentou os espectadores e apresentou a banda em português, antes de cantarem os temas Julie June e Sleeping Pills, que bem demonstraram o talento da banda. Os fãs tiveram ainda a honra de conhecer um tema fresquinho, Firefly. Depois de um tema interpretado apenas pelo vocalista ao piano, chegou a esperada You Will Leave a Mark, que foi entoada em uníssono pelos fãs. Uma banda a seguir no futuro, sem dúvida.
Enquanto isso, o novo palco Optimus Discos recebia os Olive Tree Dance perante um público bem disposto que rapidamente aderiu aos sons da banda. Com instrumentos que incluíam o didgeridoo, os portuenses souberam espalhar o som da sua “world music”, espalhando o sentimento de “good feeling” que iria marcar o terceiro e último dia do festival.
A afro-alemâ Ayo entrou em palco por voltas das 19 horas, grata por estar pela primeira vez no nosso país. Veio juntar-se a um cartaz bem disposto e espalhou boa disposição por todo o recinto do Alive!. À medida que o número de espectadores ia crescendo, a cantora apresentou temas como Get Out of My Way sem nunca tirar um enorme sorriso da cara.
Los Campesinos! eram uma das bandas mais aguardadas do último dia do Optimus Alive!. A banda do País de Gales entrou em palco carinhosamente acolhida pelos fãs que demonstraram o seu apreço através de danças e entoações das músicas tocadas. Gareth pediu desculpas por não saber falar grande coisa em português, mas redimiu-se com uma excelente actuação que incluiu crowdsurfing no público, correrias pelo palco e uma subida às colunas do palco, seguida de um salto. O tema Death to Los Campesinos!, recentemente escolhido para um anúncio da Super Bock, foi entoado em uníssono e Gareth brindou “Cheers!” entre cada refrão, contagiando todos com a sua boa disposição. My Year in Lists fez também parte do repertório, seguido de You! Me! Dancing!, que garantiu dança e energia pelo recinto. Antes dos dois temas finais, Gareth falou em Cristiano Ronaldo e disse ser fã do SLBenfica, levando a maioria do recinto a uma ovação efusiva. O tema Sweet Dreams, Sweet Cheeks foi o final perfeito, repleto de crowdsurfing por parte de alguns membros da banda.
Enquanto o recinto do palco principal ia enchendo, Chris Cornell entrou em cena para demonstrar o que consegue fazer a solo. A sua actuação incluiu, contudo, vários temas de Audioslave e Soundgarden. Para intro, escolheram Black Hole Sun em violino, e que o público entoava enquanto os músicos ainda não entravam em palco. Temas como Show Me How to Live de Audioslave e Black Hole Sun e Spoonman dos Soundgarden, levaram os fãs mais antigos à emoção. Um Chris Cornell já fora da época do grunge, mas ainda a saber dominar um palco à moda antiga.
Foi um recinto mais vazio que recebeu os nova-iorquinos Trouble Andrew. Com uma personagem algo estranha em palco, de máscara de caveira e um par de óculos anormalmente grandes que eram oferecidos à entrada do recinto do festival, este membro segurava uma buzina que apitava no final de cada tema. Embora algo céptico ao início, o público acabou por se deixar levar e entrar no espírito da banda.
O recinto do palco Optimus Discos não chegou para albergar todos os fãs de Linda Martini que para lá se dirigiram para assistir à actuação da banda. Hélio pediu um palco maior e os fãs entoaram em uníssono os temas que foram tocados daquela maneira hipnotizante a que a banda nos têm habituado. Temas como Lição de Voo nº 1 e O Amor é Não Haver Polícia foram alguns dos temas com que presentearam os seguidores de uma das bandas nacionais de renome do momento.
Foi um palco brutal que acolheu os tão esperados The Black Eyed Peas. Com uma plataforma altíssima para os Dj’s e robots insufláveis de ambos os lados do palco, a banda entrou em cena com o tema Let’s Get It Started, que prometeu animação para a actuação. Don’t Phunk With My Heart e Shut Up seguiram-se, fielmente entoadas pelos fãs. Fergie foi a rainha do palco e até cantou sozinha um dos seus singles a solo, Big Girls Don’t Cry, levando alguns membros do público a emocionarem-se. Apresentaram ainda temas do novo álbum, de entre os quais o single Bom Bom Pow, numa actuação enérgica que agradou a todos os espectadores.
Os britânicos Autokratz trouxeram uma música electrónica independente que atraíu alguns ouvintes. Proporcionaram momentos de dança e um ambiente mais disco até à entrada da sueca Lykke Li, outro nome aguardado na edição deste ano do festival. O recinto foi enchendo e a cantora foi carinhosamente acolhida por um público efusivo que dançou e cantou os temas apresentados. Dance Dance Dance abriu a actuação, prometendo energia. Temas como I’m Good, I’m Gone e Little Bit foram os pontos mais altos, num concerto que incluiu ainda uma cover fenomenal do fantástico tema Knocked Up dos Kings Of Leon. Hanging High atenuou a euforia e Complaint Department levou a multidão à loucura. A sueca deu mostras da sua energia e do seu talento e os fãs aguardam o seu breve regresso.
Dave Matthews Band foi a banda escolhida para o adeus ao palco Optimus neste ano. Com uma variedade imensa de instrumentos, durante 3 horas, a banda garantiu energia, dança e boa disposição a um recinto cheio. Entre um concerto a cumprir a promessa já sabia de 3 horas, ouviu-se Alligator Pie e solos de saxofone e guitarra dominados por Jeff Coffin e Tim Reynolds. O público estava eufórico deixando a sensação de que foi o toque final adequado para o fecho de mais uma edição do festival.
Os americanos Ghostland Observatory trouxeram energia com a sua música electrónica ao palco Super Bock. O público foi reunindo-se e aproveitando os últimos cartuchos do festival enquanto o segundo palco se tornava num espectáculo de laser.
A fechar oficialmente, Deadmau5 foi o Dj escolhido. Com a sua máscara remisniscente do Rato Mickey, o Dj apresentou temas a incluirem Daft Punk, Fat Boy Slim e Does It Offend You, Yeah?, enquanto o recinto enchia e a energia se espalhava e estendia noite fora, mesmo após três dias exaustivos. No final, arrumava-se o material do Dj e o público une-se numa ovação gigante para o trazer de volta. Mais duas músicas, e estava na hora de abandonar a dança.
Texto: Rita Trindade & Raquel Silva