Reportagem Optimus Primavera Sound 2013
Dia 1 – 30 de Maio
Foi no final do mês de Maio que o Festival Optimus Primavera Sound voltou, novamente no Porto, naquela que foi a segunda edição que marca a passagem do mítico festival de Barcelona para terras lusas. O rescaldo foi positivo: minimizando-se as cancelações à última hora (algo que marcou em peso a primeira edição), obtendo-se um clima meteorológico que não incomoda o próximo (aquela chuva no ano anterior! Decerto se benzeram muitos festivaleiros!) e mantendo-se as óptimas condições, de acesso, de distribuição do recinto, de alimentação e que mais, foi um evento com sucesso, demarcando-se como um dos melhores Festivais portugueses – tanto para estar, como para ouvir. Passaram, por este, cerca de 75.000 espectadores, nos quais se encontravam inúmeros estrangeiros, embora a balança se tenha equilibrado este ano com a presença portuguesa. Distribuídos estavam os mais de cinquenta artistas e bandas por quatro palcos (Optimus, Super Bock, ATP e Pitchfork) e se a escolha de concertos foi algo contorcionista por parte dos seus visitantes, o Primavera Sound garantia sempre estar a encantar, em qualquer parte do recinto. É isto que se quer, afinal.
O primeiro dia do festival abriu as portas a Guadalupe Plata, o trio espanhol que faz do blues rock a sua casa. Aguardam poucos por volta do palco Super Bock, pois é cedo, e o vento enregelado impede maior compromisso, mas de pouco se podem queixar da música. Tecnicamente excelentes, o frenético dedilhar de guitarras trouxe um bom começo ao festival, com temas como “Lorena” e “Rata”. Um dos seus temas, “Boogie de la Muerte” diz tudo a respeito da banda espanhola. Um começo a apreciar.
Neste dia não existia sobreposições, esperando-se então o começo do set dos Merchandise no palco oposto, o Optimus. Os americanos trouxeram uma estirpe de post punk rock que para além de nada inovador, pouco eficaz se demonstrou a mover os transeuntes, muitos sentados na relva da colina. “Anxiety’s Door” e “In Nightmare Room” pouca impressão deixaram no público português, à espera de mais e melhor.
Os Wild Nothing são outros que passam despercebidos num recinto a encher. O conjunto liderado por Jack Tatum trouxe ao Primavera um dream pop repleto de sintetizadores e melodias suaves e etéreas, que invocam um Verão contido. Bem executado, com alguns temas de interesse, como “Counting Days” e “Shadow” de Nocturne (2012), mas sem algo que os faça destacar das inúmeras bandas que homenageiam o shoegaze com um pé no pop açucarado.
Para algo completamente diferente, temos os The Breeders, que atuaram de seguida no Palco Optimus. Na bagagem, trazem apenas Last Splash (1993), tocado de início ao fim – um excelente souvenir dos anos 90, que atua como quase uma máquina do tempo, do quão reminiscente é de essa década. Se há um defeito que se pode fazer ao set competente dos Breeders é que Kim Deal e companhia estavam quase em piloto automático, energia que se transferiu para o público presente. Nem “Cannonball” agitou demais os festivaleiros, o tema de excelência. Talvez será o grunge meio datado, ou a rigidez em palco dos músicos, mas este concerto nunca saiu em demasia do “razoável”, independentemente do material, que fala por si só.
Com muitos a retornar do jantar, coube aos Dead Can Dance recomeçar os concertos no Palco Super Bock. Algo deslocados do cartaz, não só pela sua identidade como pela sonoridade, sombrios, frios, arrepiantes, os colossos do dark wave acabaram por dar um concerto sonante, que marcou o ambiente para os seguintes atuantes. Dominado por temas do recente Anastasis (2012), os Dead Can Dance iniciaram com “Children of the Earth”, um assombroso começo de uma viagem que nunca desapontou. Lisa Gerrard e Brendan Perry são as vozes incríveis do conjunto e, indubitavelmente, os seus pontos fortes – no entanto, apesar de a banda australiana ter dado um concerto muito coeso, não foi suficiente para entusiasmar todos os que assistiam.
Esses estariam, quiçá, à espera do concerto de outro australiano, Nick Cave and The Bad Seeds, e o seu conjunto. Com o recente Push The Sky Away (2013) em exposição, Nick Cave deu um concerto formidável para uma legião de fãs que o adoram, naquele que foi o primeiro grande momento do festival. Fica em destaque a enorme experiência que o músico tem, tanto tecnicamente como em postura em palco, criando para si e para os demais um tipo de energia intensa e frenética que assolou todo o recinto. “We No Who U R”, “Jubilee Street” e “We Real Cool” foram alguns dos temas apresentados do novo registo, mas houve espaço também para as marcantes “Red Right Hand” e “Jack The Ripper”, com Cave muitas vezes vociferando ao pé da multidão, tal lord endiabrado. Este senhor sabe o que faz.
Um momento para descansar com a presença dos Deerhunter no palco oposto, que oferecem espaço para isso, com o seu psicadélico e sonhador indie rock. Bradford Cox e companhia não são das bandas mais sonantes desta edição do festival, mas oferecem um bom concerto, repleto de temas do recente Monomania. Suaves, mas sem serem soporíferos, os Deerhunter sabem conjugar um tipo de serenidade juvenil com o psicadelismo dos seus ambientes musicais. “Agoraphobia”, foi o tema indiscutível do seu set, mas “The Missing” e “Desire Lines” também agradaram. São sempre bem-vindos.
Foi por volta das duas da manhã que James Blake se encarregou de terminar o primeiro dia do festival. Bem disposto e comunicativo, Blake mostrou-se capaz de reter grande parte dos festivaleiros a uma hora tão tardia, mas questiona-se a eficácia de um concerto tão intimista num recinto enorme de festival. A sua voz, parte essencial do seu trabalho musical, é carismática a valer, repleta de soul e falsetto em loops gravados e regravados, mas onde o silêncio às vezes vale ouro na ausência de demasiados instrumentos por detrás, em contexto de festival nota-se bem o vazio de suporte. Não deixa de ter momentos em que os sintetizadores atingiam o tipo de barulho sufocante que predominam no seu material, um dubstep sombrio quase cinematográfico, mas guardamos uma melhor prestação para um recinto fechado. Não obstante, “Retrograde” e “Overgrown” são hipnotizantes e guarda-se nota positiva para o britânico.
Dia 2 – 31 de Maio
O segundo dia do Primavera Sound prometia um chorrilho de bandas em quatro palcos e a dificuldade tremenda em decidir onde estar a muitas alturas. Juntam-se o Palco ATP e o Pitchfork à festa, dedicados ao alternativo e ao por vezes desconhecido, com grandes nomes nos outros dois grandes palcos – especialmente Blur, de certeza o grande cabeça de cartaz do festival. Pede-se a compreensão por parte da falta de cobertura de muitos dos concertos que deram lugar no Parque da Cidade, falta o super poder da ubiquidade para estas ocasiões, com muita pena nossa.
O dia começa com dose dupla portuguesa: o pop açucarado dos Dear Telephone abriu bem o fim de tarde já mais quente que o do dia anterior e os fantásticos Memória de Peixe seguem, pouco depois, com um óptimo concerto com o seu dedilhado de guitarra característico do movimento math rock. É óptimo ver que a organização do Primavera Sound deu espaço a bandas portuguesas que tentam fazer um nome por si só e por vezes precisam de todo o apoio a conseguir.
Algo bastante comum nesta edição é a mudança drástica de sonoridades entre os projetos a ver. Estamos a falar dos OM, que encheram o Palco ATP com um público modesto, mas muito atenta. O nome sugere um estado espiritual de serenidade e é mesmo isto que os americanos invocam com rock psicadélico de excelência e um ambiente demarcado. Hipnóticos, mas abrasivos, Al Cisneros e Robert Aiki Aubrey Lowe lideraram uma viagem quase espiritual, à qual ninguém ficou indiferente.
Seguidamente, foi a vez de Neko Case, artista que transbordava de quente simpatia num sotaque sulista americano. O mote é country folk, assentado na singularidade vocal de Case e o abraçar da guitarra acústica. Com o novo The Worse Things Get, The Harder I Fight, The Harder I Fight, The More I Love You prestes a sair, ficamos a conhecer alguns dos seus novos temas, tal como alguns clássicos do seu percurso musical. Música perfeita, novamente, para se estar a apanhar sol na colina natural do recinto.
Já por volta da hora de jantar, tivemos os Local Natives, no Palco Optimus. A banda norte-americana estreou-se em terras lusas e já tem concerto agendado para a capital na segunda metade do ano. Tecnicamente competentes, mas artisticamente pouco inovadores – ou mesmo únicos. Os temas de Hummingbird (2012) foram predominantes, como “Bowery” ou “Ceilings”, em pouco mais de três quartos de hora desinspirados.
À mesma hora, em palco oposto, coube a Daniel Johnston, um dos intérpretes mais únicos dos últimos tempos, trazer-nos algo diferente. O norte-americano, de 52 anos, sabe-se sofrer de uma perturbação bipolar da personalidade, o que não o impede de escrever material laivado de inocência e de um cunho muito próprio. O folk muito simples que toca não é nada de extraordinário, mas sim os universos e as letras que constrói. “True Love Will Find You In The End” foi certamente um dos temas de destaque de um set intimista e tocante.
E que concerto que se seguiu. Os Swans não vão ser o nome mais sonante desta edição do festival, mas têm uma legião de fãs que não perderam a oportunidade. Podemos ver porquê: a banda Americana manipula som e fúria naquilo que apenas poderia ser descrito como uma desconstrução do rock. É a manipulação de múltiplos instrumentos com o solo objetivo de adquirir força suficiente para te derrubar. O multi-instrumentalista e cantor Michael Gira é o maestro no olho do furacão, quer vociferando quer dançando de forma particular no palco, por detrás de uma parede de som de distorção de amplificador. The Seer é o seu novo esforço, embora pouco contemplado nesta amostra, que apenas pecou por ter sido curta.
Mais indecisões em termos de ver que banda a que hora. Melody’s Echo Chamber, encabeçados por Melody Prochet, trouxeram um dream pop doce aos fãs, que mostraram muito carinho pela artista, e os portugueses Mão Morta, substitutos de última hora para o cancelamento de Rodriguez, mostram-se como de costume, num concerto eficaz e cativante para o público conhecedor português.
No entanto, ficamo-nos pela atuação dos Grizzly Bear, no Palco Optimus. Os norte-americanos são já desde 2002 uma promessa de qualidade na música alternativa, e as expectativas eram altas, antecedendo Blur no palco “principal”. Embora com a mesma qualidade e intensidade de sempre, os Grizzly Bear saíram um pouco defraudados com a qualidade sonora do palco principal, na qual o baixo engolia o resto. Mesmo assim, o set do quarteto de Nova-Iorque foi agradável, repleto de temas do relativamente recente Shields (2012), “Speak in Rounds” e “Sun In Your Eyes” sendo alguns exemplos, mas dando espaço também a temas inegáveis como “Knife” e “Cheerleader”. Espera-se um contexto mais favorável para uma banda inigualável.
A noite arrefecia e foi a vez de Four Tet subir ao palco, o projeto de Kieran Hebden, quase em modo dj set. Com quase 15 anos de carreira, Hebden mostra uma progressão musical que o vê, hoje em dia, menos orgânico e minimalista e mais virado para o techno, no seu electrónico reconhecível. Este acabou por atrair muitos festivaleiros sedentos de dança pela batida persistente nas camadas musicais electrónicas, retendo-os com a sua complexidade. Foi um bom “aperitivo” para o grande nome que se seguiu, destacando-se a bela “Love Cry”, que encerrou o concerto.
Chegou à altura de entrarem os colossos da música britpop, os Blur, no palco português. O quarteto britânico é conhecido pela sua dominância nas tabelas musicais dos anos 90 e a abrupta colisão, em cerca de 2003. Reunidos de novo, em 2009, os Blur trazem consigo a sua extensa bagagem musical e muita, muita, nostalgia, que os vê como reminiscentes de uma década inteira passada. “Girls And Boys” foi o tema escolhido para começar e não é preciso muito para que o público do Primavera Sound salte, dance e cante todas as letras (com a ajuda de ingleses muito dedicados). Damon Albarn, mítico vocalista, já não tem vinte anos e isso mostra-se bastante, mas faz o possível para entusiasmar a hoste na performance de muitos dos seus hits – da era mais irônica e pop, com aguçada crítica social, como “Country House”, “Parklife” e “There’s No Other Way”, à etapa mais introspectiva e experimental da sua carreira, “Beetlebum”, “Tender” e “Out of Time”. Claro que não falta “Song 2”, o woo-hoo repetido de dois minutos mais conhecido da história da música, como um dos temas novos pós-reunião, “Under the Westway”, que vê uns Blur diferentes (e aguçada a curiosidade para ouvir mais). Um dos concertos imperdíveis desta edição do Primavera Sound, elétrico e enorme – para nós o destaque absoluto vai para “The Universal”, tema emotivo no reconetar dos britânicos, mostrando eles próprios muita comoção por estarem de volta.
Por fim, já a horas altas da noite, os sobreviventes de um longo dia de concertos dirigiram-se para ver Fuck Buttons, outros britânicos que se dedicam aos autênticos tsunamis sonoros de barulho frenético, num drone hipnotizante e poderoso. Amanhã é outro dia.
Dia 3 – 1 de Junho
Etapa final do Primavera Sound, com a promessa de outro dia com a melhor música possível – e a atuação dos muito esperados My Bloody Valentine.
Começámos o dia com dois manos lusitanos. The Glockenwise, portugueses, trouxeram um garage rock interessante ao público, sempre energético e repleto de guitarras. Já os catalãs Manel ficam-se pelo folk lo-fi, cantado em língua própria, que não parece ter grande efeito nos curiosos que assistem. É a maldição de abrir um palco de concertos sem ter muita notoriedade.
Seguem-se os The Drones, banda australiana dedicada ao punk e ao blues de igual medida. Têm notória influência de Nick Cave no seu trabalho, recorrendo mais à emotividade, particularmente em termos vocais. Apesar de demonstrarem alguma qualidade, particularmente com temas do esforço I See Seaweed, os Drones foram outros que não conseguiram cativar a atenção do público.
Estranha a inclusão de uma banda tão antiga e influente com os Dinosaur Jr. tão cedo durante o dia. A banda de J. Mascis tem reputação de ser extremamente boa ao vivo, demonstrando uma perícia técnica no manuseamento dos instrumentos que só é possível com muitos anos de carreira. No entanto, uma atuação algo robótica terá sido impedimento a que o público se interessasse, preferindo sentar-se na relva – algo a que Lou Barlow respondeu com um irritado “WAKE UP!”. Escusado será dizer que teve pouco efeito.
Os Los Planetas são um exemplo de uma banda de uma performance que transcende a música e prende a atenção de quem a assiste da melhor maneira. Os espanhóis gozaram de algum sucesso, em Espanha, no final dos anos 90, daí os temas de Una Semana En El Motor de Un Autobús (1998) terem sido representados em maioria, e se os temas, cantados em espanhol, pouco diziam ao público que assistia, todo o espetáculo e cenário (com direito a animações espelhadas por todo o palco) contribuiu para um concerto cativante e intenso.
Um dos grandes nomes a esperar foi, com certeza, o dos Explosions in the Sky. Banda de excelência no post-rock desde o início dos 2000s, retiraram o nome do fogo de artifício que os membros da banda viram na primeira noite em que tocaram juntos. Apesar de negarem a etiqueta de género, referindo-se aos seus temas como “mini-sinfonias catárticas”, o conjunto americano tem como objetivo principal agarrar a atenção e alcançar as emoções, através de peças compostas com um foque muito grande em guitarras harmoniosas e etéreas. Queridos do público por isso mesmo, conseguiram alcançar um equilíbrio estável entre o poder sonoro e a emotividade, atraindo uma multidão substancial para os ver. Destaques para “Your Hand in Mine” e “The Only Moment When We Were Alone”, ambos temas de The Earth Is Not A Cold Dead Place (2003) e para Carlos Torres, baixista de digressão, que agradeceu ao público em português, em extrema amabilidade e simpatia.
Já o concerto dos Liars, que se deu pouco a seguir no Palco Super Bock, é capaz de ter sido a maior desilusão do festival. Conhecidos por uma estirpe de rock experimental de identidade forte, o novo álbum WIXIW (2012) acaba por comprometer a sua construção de ambientes contidos e sombrios com um enveredar pela música electrónica que não tem tanto sucesso. Angus Young e companhia acabam por tocar quase só temas novos, o que pareceu entusiasmar os festivaleiros algo embriagados que procuravam uma razão para dançarem ao som de sintetizadores medíocres, mas não tanto os fãs da banda americana, que viram em Drum’s Not Dead (2006) um excelente álbum e uma fantástica direção para os Liars.
Antes de nos debruçarmos sobre o restante grande cabeça de cartaz desta edição, falemos em duas bandas que nos surpreenderam pela positiva neste último dia. As britânicas Savages podem não dever nada à originalidade sonora, sendo reminiscentes de Siouxsie and the Banshees ou mesmo de uns Pixies, mas deram no palco Pitchfork uma atuação de arrepiar. Com o intuito de apresentarem Silence Yourself, deste ano, conseguiram decerto cativar muita gente para seguir este projeto mais de perto.
Por outro lado, e com uma temática completamente diferente, foram os Titus Andronicus a pôr todos os que não queriam estar em My Bloody Valentine a mexer com temas folk punk sobre revoluções e cidades natais de intensidade letal, ponteada por guitarras alucinantes. Patrick Stickles, porta-voz e guitarrista, não hesita em comunicar com o público, em divagações tanto sobre bidés e sanitas tanto sobre as diferenças linguísticas com o povo português, como atirar-se para cima dele, incentivando o mosh pit. É arrebatamento completo do público maioritariamente desconhecedor da bagagem já considerável dos norte-americanos de New Jersey – e foi prova de como as descobertas em contexto de festival podem ser fantásticas.
Muita expetativa girava de torno dos gigantes My Bloody Valentine, da sua prestação em palco e dos possíveis danos auditivos que poderiam causar com a sua parede de barulho caraterística – existindo até alguns pontos para venda de tampões no recinto. A mítica banda de shoegaze dos anos 80, encabeçada por Kevin Shields, à semelhança dos Blur, conheceu fim precoce por volta do fim dos anos 90, deixando os fantásticos Isn’t Anything e Loveless para trás e uma promessa de potencial enorme que não foi aproveitada. Dez anos depois, houve a reunião e apenas agora o lançamento de m b v, o terceiro álbum. E como se encontram os My Bloody Valentine, quase 22 anos depois do lançamento de Loveless? Metade automatizados, pelo menos ao vivo, incapazes criar empatia com o público. Se esse foi o primeiro entrave, algumas dificuldades sonoras no Palco Optimus foram também sentidas, com as vozes de Kevin Shields e Bilinda Butcher difíceis de ouvir em temas como “I Only Said”, que abriu o concerto, e por cima do caos etéreo das guitarras caraterísticas, o que prejudicou também, em parte, a experiência do concerto. Fora isso, estamos a falar de uma banda mais do que experiente e com uma discografia de excelência, marcando um concerto de cerca de uma hora com inegável qualidade. Os temas de Loveless foram os mais celebrados, “When You Sleep” e “To Here Knows When” sendo exemplos, tal como a onda violenta de barulho de fundo em “You Made Me Realise” e alguns dos temas do recente álbum. Um concerto para relembrar, mas que acabou por não exceder expectativas nem desafiar de grande forma a experiência dos ouvintes.
Devido a um avançar dos horários, fomos incapazes de prevenir perder Fucked Up, tal como Headbirds, com muita pena. E assim chegámos ao fim de um fantástico Festival que encheu os apetites de todos.
À semelhança do seu “irmão” catalão, o Primavera Sound fez um nome por si só em terras lusas, prometendo uma longa vida dentro dos palcos deste país. Já nós, ficamos encantados.
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Organização:PicNic
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terça-feira, 11 junho 2013