Reportagem Santa Maria Blues 2016
13 anos depois, “o Blues” continua a crescer. A 13ª Edição do Santa Maria Blues trouxe à Baía dos Anjos e ao fantástico espaço renovado da Associação Escravos da Cadeinha 3 dias de Blues à séria, desde França e Inglaterra, até aos EUA e Canadá.
Produzido pela “Trovas Soltas” e com o imprescindível apoio de todos em nome da Associação sediada junto ao local do recinto – Escravos da Cadeinha – o Santa Maria Blues voltou a acolher milhares de pessoas do arquipélago, de Portugal continental, bem como muitos estrangeiros – que têm vindo a marcar o seu lugar no festival com cada vez mais regularidade, ano após ano, na ilha de Santa Maria.
A aposta em trazer artistas de renome, com uma bagagem de prémios e regularidade nos melhores palcos da indústria Blues do mundo, mantém-se para a organização do evento. Talvez num Blues não tão distinto de concerto para concerto, como se viu no ano passado com o toque jazz de Maria João ou com o intenso concerto de Dwayne Dopsie e os seus Zydeco Hellraisers – no entanto numa forte aposta na qualidade que se viu de concerto a concerto.
Na quinta feira, a habitual presença nacional fez-se pelos Midnight Club Blues Band, que abriu as portas ao Santa Maria Blues com temas maioritariamente dos clássicos do género musical, mas sempre com raízes no rock. A vasta experiência destes músicos que já passaram por várias casas lisboetas, mostra que o Blues em Portugal está vivo!
Numa noite que, segundo a organização, mostrou ser uma quinta feira mais forte do que o habitual, o recinto compôs-se minimamente até entrarem em palco os estreantes internacionais para a edição de 2016. Na sua primeira vez a cruzar o Atlântico, Chris Canas e a sua banda traz ao Santa Maria Blues um reportório de clássicos do Blues misturados com originais, mostrando que a a viagem de 5 horas que o faz atravessar o oceano não é nada que o intimide para fazer aquilo que sabe e que o fez ser premiado várias vezes em Detroit, EUA.
Na sexta feira, segundo dia de Blues, o jovem inglês Laurence Jones surpreendeu os amantes de Blues que rapidamente encheram o recinto, com uma fantástica exibição que mostrou o talento deste rapaz de 23 anos com fortes influências em nomes como Walter Trout ou Eric Clapton. Para muitos, ficou “catalogado” como um dos mais vibrantes concertos da edição de 2016.
A encerrar a segunda noite, com a fasquia já elevada, coube ao francês Manu Lanvin e os “The Devil Blues” continuar a festa do Blues na baía dos Anjos – confirmando que pela Europa, à parte da tradição inglesa no género musical, no resto do continente também se vive muito o Blues.
A noite de sábado trouxe uma performance do Canadá, por Shakura S’Aida. Atriz e com raízes musicais no jazz e R&B, Shakura trouxe um pouco da energia do Blues que pelos vistos também se ouve pelos vizinhos da terra do “Tio Sam”, embora menos energético e ritmado como se viu e ouviu na noite anterior. A encerrar a edição de 2016 do Santa Maria Blues Mr. Sipp traz ao palco dos Anjos um poderoso trio americano que nos trouxe muitos dos clássicos do Blues e uma energia que fechou em chave de ouro a 13ª edição do festival catalogado como “Capital do Blues em Portugal”, comprovando o recém prémio conquistado por Mr. Sipp como referência musical em 2016 no género Blues. Ainda sob êxtase da noite anterior que elevou muito a fasquia, o público manteve-se fiel àquilo que os levou à baía dos Anjos: a paixão pelo Blues e pelo inconfundível ambiente que se tem vindo a assistir todos os anos, trazendo pessoas de vários cantos do país e da Europa à pequena (mas grande em cultura) ilha de Santa Maria.
Num festival repleto de energia com interação constante entre público e artistas, com o regresso das jam sessions mostrando o companheirismo entre artistas, ou com guitarradas tocadas entre o público, aconteceram 6 concertos difíceis de descrever em palavras, mas que se fundiram numa linguagem única, que une um público que insiste em marcar presença anualmente – estando mesmo disposto a ficar até ao nascer do sol na baía dos Anjos, sendo que todas as noites encerraram com a presença de um dj que manteve o espírito aceso noite/manhã fora.
Já sabe, se é fã de Blues… Em meados de julho, anualmente, decorre este festival único, nos Açores e no país – e numa ilha que vive muito de diversidade musical e cultural. Consulte www.santamariablues.com e fique atento às datas do próximo ano. Eu lá estarei!
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sexta-feira, 22 novembro 2024