Reportagem Sumol Summer Fest 2018
Envolvida pelo habitual ambiente jovem, a Ericeira parou para receber mais uma edição do Sumol Summer Fest. O festival arrancou no dia 6 de julho, dia de chegadas, mas que também já contava com uma presença grande dos que veem este evento como uma oportunidade para passar mais uns dias no campismo entre amigos.
Neste primeiro dia, a música começou a ser ouvida durante a tarde no Palco Quicksilver Boardriders, rodeado por boas vibrações, vários amantes dos desportos radicais e outros que passavam e paravam, curiosos, ao ver praticantes de todas as idades brilhar no Skate Park. Em cima do palco, vários nomes entretiveram o público até ao início da noite, sendo que Dois Brancos e um Preto são o nome de maior destaque entre as gerações com maior presença no festival. April Ivy abriu a noite no Palco Sumol, interpretando os hits que a colocaram no patamar onde se encontra com apenas 19 anos, tais como “Shut Up” e “Be Ok”. A atuação, que ainda contou com alguns êxitos internacionais, foi muito bem recebida pelo público presente.
De seguida, no mesmo palco principal, foi a vez de Wet Bed Gang brilharem, grupo este que foi bastante esperado pelo público-geral, que sentiu todas as emoções transmitidas pelas canções mais conhecidas, que foram de temas mais lúdicos, como “Aleluia”, a temas mais fortes, como “Já Passa”, este que fez cair lágrimas visíveis no rosto de muitos dos fãs no concerto.
Já o sol se tinha posto, quando se iniciou o Sumol Summer Clash, iniciativa esta que deu lugar a uma competição entre Portugal e Brasil, que teve a participação de vários artistas portugueses (Gson, Papillon, Holy Hood, Sir Scratch e o DJ Big) e brasileiros (Rincon Sapiência, Rashid, Drik, Barbosa, Kamau e o DJ Nyack). Durante esta atuação, foram apresentados vários êxitos dos diferentes países, enquanto se caminhava também pelas influências e géneros à sua volta, terminando com um tema conjunto, onde entraram os diferentes participantes, com um empate e mensagem de união entre todos.
A noite de música terminou com o cabeça de cartaz French Montana, o rapper americano de origem marroquina, que aproveitou mais uma oportunidade pra exibir os seus luxos, interpretar temas e remisturas que em nada poupavam este assunto. Foram várias as homenagens a artistas falecidos recentemente, como o rapper XXXTentacion, o produtor Avicci, e também a Kurt Cobain, que certamente mexeram com os espectadores. Um concerto onde não faltou energia e efeitos. Deixou quem apenas sentiu temas mais conhecidos, como “All The Way Up” e “Unforgettable”, a esperar um pouco mais do artista. Terminou assim em festa o primeiro dia do festival, festa essa que prometia continuar até à noite seguinte.
O segundo dia de concertos iniciou mais uma vez durante a tarde no Palco Quicksilver Boardriders, a destacar-se a atuação de Mike Lyte, jovem que também já leva um papel importante nas redes sociais nos últimos anos. Depois do DJ set de Sensi, chegaria a altura dos holofotes se tornarem a voltar para o Palco Sumol, onde iria brilhar a cantora Pongo, em ritmos africanos calorosos, que não deixaram ninguém indiferente, juntando muitos à dança.
Chegaria a altura de um dos grandes do panorama atual do rap nacional chamar mais espectadores. Depois de um aquecimento bem conseguido pela parte do DJ Nel’Assassin, que pôs o público a mexer enquanto esperava ansiosamente pelo artista principal, André Oliveira, mais conhecido por Piruka, subiu para mostrar o ponto avançado onde já se encontra na sua carreira e a firmeza da sua base de fãs. Ao longo dos temas interpretados, que foram desde “Tens de intervir”, a “Ca Bu Fla Ma Nau” e ao polémico “Não Faz Isso”, manteve-se um ambiente de calor e conexão entre um artista que foi bastante esperado e um público que se mostrou conhecedor e fã. Foi assim que o rapper abriu as hostes para uma noite de Hip Hop de qualidade.
Continuaram então os holofotes bem focados no recinto principal, para receber Vic Mensa, rapper que veio de Chicago para o calor da Ericeira. O estreante em Portugal não falhou às expectativas de quem o esperou, embora a plateia no festival não apresentasse muitos conhecedores do artista.
Num concerto com algumas falhas, mas coeso, Vic interpretou mensagens, entre canções arrebatadoras, como “16 shots”, que deu lugar a uma enorme homenagem a todos os que foram vítimas de brutalidade policial, discursos sobre esperança e temas fraturantes, como a política de imigração no seu país natal, os Estados Unidos da América. Ainda mostrou o seu lado mais “ignorante” e festivo, com o tema “Down For Some Ignorance”, em que o próprio terminou a ser apanhado pelo público. Uma presença em palco verdadeiramente marcante para os fãs presentes, que aqueceu ainda mais para outro grande cabeça de cartaz.
Já muito se tinha mexido a plateia quando o norte-americano Joey Bada$$, acompanhado por Power Pleasant, surgiu para contar a realidade do seu país, mais propriamente das ruas de Brooklyn. Um concerto que foi dividido cronologicamente, começando por faixas do seu álbum mais recente “All-Amerikkkan Badass”, acompanhadas pelo público, tais como “For My People” e “Land Of The Free”, e que foram seguidas por temas dos seus projetos anteriores, como “Christ Counscious”, “No. 99” e “Waves”, e temas soltos, como “Front and Center”. Houve tempo ainda para homenagens a falecidos colegas de profissão: a Capital Steez, fundador dos Pro Era, grupo ao qual Joey pertence e mais uma vez a XXXTentacion, com quem já tinha colaborado. O artista esteve em palco como um grande que já é, apesar do público-alvo do festival não ter presente nele muitos dos fãs mais sérios da sua música. Terminou a atuação com “Devastated”, música bem recebida e que levou a uma euforia por parte de quem saltava e cantava a letra.
Mas esta última noite não ficaria por aqui. Ainda chegou Jillionaire, membro dos famosos Major Lazer, para tomar conta do recinto, tornando-o numa enorme pista de dança. Ao som de misturas de música eletrónica, com influências vindas, por exemplo, desde África à América do Sul, o DJ fez ver que ainda havia muita energia jovem pronta a ser desgastada depois de um dia comprido e bem passado.
Encerraria assim mais uma edição do Sumol Summer Fest, que deixa na Ericeira uma marca de uma festa bem aproveitada e com música de qualidade.
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sábado, 14 julho 2018