Reportagem Super Bock Super Rock 2012
5 de julho
O Super Bock Super Rock deste ano decorreu sem falhas, sem pó nem filas, mas isso deveu-se mais à falta de público que propriamente às melhorias no recinto. Naquela que foi, em termos de cartaz, a pior das três edições que se realizaram no Meco, já era de esperar que a afluência de público diminuísse... mas não tanto. O que se ganhou em termos de condições e de acesso perdeu-se em espírito. Pouco trânsito, pouco pó, nenhum concerto verdadeiramente incrível.
O primeiro dia não começou, de todo da melhor forma. Os Salto, em substituição de Pete Doherty (substituição no mínimo estranha) trouxeram o seu rock genérico e orelhudo ao festival, não conseguindo entusiasmar por aí além os poucos que estavam em frente ao palco principal. Soaram um pouco melhor no Rock in Rio, onde tocaram num palco com um quinto do tamanho, mas mais uma vez mostraram que, infelizmente, não há aqui nada de novo. Muita guitarra, muito sintetizador, muitas melodias que soam iguais a tantas outras que já ouvimos antes, e muitos refrões que às tantas irritam.
Os The Happy Mess foram a seguir, no palco EDP, e assustaram, fazendo-nos pensar “São estas as bandas portuguesas que temos a tocar em festivais actualmente?”. São, tal como os Salto, muito genéricos, mas com um vocalista de má voz e uma banda numerosa que parece mais preocupada em fazer música épica que em simplesmente fazer música boa. Mais uma vez, já vimos isto milhares de vezes antes, desde as letras às melodias de sintetizadores, e sai-se do concerto sem qualquer memória do que se viu. Fast-food musical, basicamente. “Esta é a nossa subida à primeira divisão!”, diz a certa altura o vocalista. Isso mete medo.
Os Capitão Fausto, que se seguiram a seguir no palco principal, demonstraram potencial. Começam em modo instrumental, com um riff de guitarra que devia ser melhor que o que é mas que basta, e é quando entra a voz que tudo se perde um pouco (“A voz dele é mesmo assim, ou é só ele que está muito rouco?”, ouço alguém comentar). Letras iguais às que já ouvimos tantas outras vezes, em bandas da Flor Caveira e afins, e melodias que mostram alguma perícia mas não propriamente qualidade. Falta-lhes garra, talvez. Ou experiência. Ainda assim, deixam curiosidade para saber como irão evoluir no futuro: é inegável que há ali potencial. Ao segundo concerto no palco principal, ainda eram poucos os que andavam pelo recinto.
Foi com os Alabama Shakes, que tinham já algum público à sua espera, que vimos o primeiro bom concerto do festival. Meio soul, meio rock, a música do grupo americano funde muito bem uma mescla de sonoridades, sempre moldados à grande voz de Brittany Howard, vocalista com cara de poucos amigos com um talento que enche qualquer palco. Parte do público parecia conhecedor, parte parecia constituído por curiosos, mas todo ele pareceu facilmente conquistado pela dose de boa música que o grupo trouxe. O soul habita aqui, e habita muito bem. Belíssimo concerto.
De volta ao palco principal, é tempo de ver o regresso dum grupo que já antes tinha tocado neste mesmo festival, quando ainda se realizava longe das praias: os Bloc Party voltaram ao activo, e mostraram no Meco o que andam a fazer de novo. Concerto bom, provavelmente longe da forma que demonstravam antes ao vivo, onde os clássicos (Banquet foi o momento da noite) fizeram saltar os poucos devotos (sim, nem eles tiveram muita gente à sua espera), e as canções novas de Four, novo disco que irão editar em breve, despertaram alguma curiosidade pelo que se ouvirá no disco. Continuam potentes, a tocar bem o que sempre tocaram, ainda que com uma postura de “cada um toca para o seu lado e só queremos o cheque”. Nada que mine muito um concerto assim, onde se ouve boa música que (ainda) é bem tocada. Podem não ter a relevância ou a fama que tiveram antes, mas mostraram-se em boa forma. A tocarem coisas como "Helicopter" ou "This Modern Love", sair de lá sem um sorriso na cara é difícil.
Bat For Lashes já tinha começado no palco EDP, e o que se viu foi um concerto que fez pensar “sim, a noite está salva”. Canções como "Daniel" ou "Glass" soam na perfeição ao vivo, com Natasha Khan a revelar-se uma vocalista mais energética e simpática que a sua música por vezes negra poderia fazer esperar. As canções novas que apresentou soaram bem, à excepção de uma balada ao piano que soou a puro melodramatismo com direito a isqueiro, e os poucos fãs que se encontravam por perto reagiram com entusiasmo a cada pequeno acorde, cada palavra cantada, dando vontade de a ver num regresso a solo. Excelente concerto. E isto dito de alguém que não era fã.
Dá-se um salto a Incubus, que não tinham público por aí além para os ver, e que nos fizeram lembrar bem porque é já não são o nome que eram antes. Músicas como "Megalomaniac" já soaram muito melhor, quando tínhamos 16 ou 17 anos, e hoje em dia o que fazem é apenas música parada no tempo, que já não faz propriamente muito sentido. Os que lá estavam para os ver pareceram satisfeitos (faixa etária muito nova), saltando nas mais óbvias e acalmando nas novas, mas fica-se com a impressão que a banda, hoje em dia, já só significa verdadeiramente algo para um pequena parcela do público. Se estão em má forma? Não, nem por isso. Tocam bem o que sempre tocaram. O problema é que o que sempre tocaram ainda é o mesmo.
Flying Lotus começa atrasado, e desilude. No cartaz dizia Live, mas o que se viu e ouviu foi um DJ Set que não convenceu particularmente. Bons remixes, bom jogo de vídeos, mas o que se queria ver era mesmo Steven Ellison a cantar com uma banda a acompanhá-lo. Talvez da próxima.
Os Battles foram os seguintes, no palco secundário, e deram mais do mesmo para quem já os tinha visto em Paredes de Coura. Claro que, neste caso, mais do mesmo é bom. Ainda irrita a dependência que têm em samples e afins pré-gravados, que ocasionalmente deixam os membros da banda sem muito que fazer (John Stanier, baterista, é mesmo o homem que mais faz ali), mas isso acaba por não minar assim tanto um concerto sempre energético, sempre contagiante, sempre bom. Foi melhor em Paredes, mas voltaram a ser de uma competência impressionante. Só não se percebe porque é que "Ice Cream", música tão boa ao vivo, é tocada tão perto do início do set.
É muito triste ver o pouco público que os Hot Chip, às 2:40 da manhã, têm à sua espera. Com um excelente disco acabadinho de sair (In Our Heads), e com fama de incendiarem sempre as pistas de dança/palcos de festivais, não se percebe o porquê de tocarem tão tarde. Talvez tenha sido uma tentativa de after-hours... tentativa essa que, infelizmente, não correu da melhor forma. O concerto foi espectacular, claro; Over and Over foi, sem dúvida, um dos melhores momentos de todo o festival, e a energia com que tocam mesmo tão tarde é notável. Mas a energia com que tocaram nunca foi recíproca por parte de um público cansado, em pouca quantidade, que pouco mais fez além de abanar a cabeça e cantar um ou outro single. Excelente concerto, que merecia ter sido a outra hora. Mas foi mais uma prova do que já se sabe: ao vivo, os Hot Chip não falham. Os poucos que lá estavam para os ver dificilmente saíram desiludidos, tendo visto aquele que foi, talvez, o melhor concerto de todo o festival.
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6 de julho
Ao segundo dia, ainda era pouco o público que se via, mas já tudo pareciam mais composto. Culpa, claro, de Lana Del Rey, que já antes dos The Rapture tinha imensos fãs à sua espera na grade.
Os The Rapture, por seu lado, foram competentes e energéticos como sempre. Num concerto que só não foi tão com quanto o do Primavera Sound porque não foi de noite com um público bom, a banda americana deu mais uma vez perto de uma hora de pura energia, onde o ponto alto foi a óbvia "How Deep is Your Love?", de longe um dos melhores momentos de todo o festival, que demorou a arrancar devido a um problema com o teclado. Pareceram mais bem-dispostos que no Porto, provavelmente por tocarem mais cedo, e foi bom ver parte do público a render-se e a levantar os pés do chão. São, acima de tudo, uma máquina eficiente e muito bem-oleada. Já cá vinham a solo.
No palco principal, às dez da noite (com entrada pontual), seguiu-se aquela que seria a rainha da noite. Já muito, bem e mal, se disse sobre Lana Del Rey, que com um disco chegou às bocas do mundo graças à música "Videogames" (que nem é das melhores que tem). Teve actuações desastrosas aqui e ali, foi acusada de ser nada mais que uma imagem fabricada, e veio ao Meco esclarecer as dúvidas. E esclareceu-as surpreendentemente bem, dando um belíssimo concerto que só não foi memorável por estar a decorrer num festival e não numa sala fechada, durante o qual cantou quase sempre de voz afinada, por vezes com cigarro na boca (tem estilo, isso ninguém lhe tira), apoiada por um pianista e um quarteto de cordas que davam às suas músicas uma nova alma. Quer se goste quer não, há mesmo alguma coisa de especial em músicas como a óptima "Born to Die", e há realmente uma certa aura de fragilidade simpática (quem diria que iria falar tanto, e até descer ao público duas vezes, em pose de princesa do povo?) que atrai qualquer um. Se é para durar ou não, isso o tempo o dirá; mas o que se viu no Meco foi uma cantora que tem, inegavelmente, talento.
Há tempo para ver um pouco de Oh Land, e fica-se com boa impressão da cantora de Copenhaga com nome estranho. Música divertida, para dançar (como ela bem pede), e apoiada por uma banda competente. Fica-se com pena de não se ver mais. A festa estava a ser bonita.
Seguiram-se os Friendly Fires no palco principal, que mais uma vez mostraram o quão over-the-top são ao vivo. Num concerto que não diferiu muito do que apresentaram no Alive no ano passado, deu para dançar e bater o pé ao som de uma das bandas com o som mais épico e “cheio” que passaram pelo festival. Demasiado cheio até; às tantas, a fórmula começa a cansar um pouco, e as músicas soam parecidas. Divertido, sim, mas às vezes tanta diversão cansa.
Os Wraygunn começam entretanto no palco EDP, e deram mais uma belíssima de bom rock, como era de esperar. As canções do novo disco, L’art Brut, soam muito bem ao vivo, mas são clássicos como "She’s a Go Go Dancer" ou "Soul City" que fazem a festa. Às vezes esquecemo-nos de que temos bandas tão boas por cá, tão merecedoras de palcos principais em tantos festivais, e que acabam a tocar em palcos mais pequenos porque o que dita a indústria é o mediatismo e não tanto a qualidade. Mas os Wraygunn são grandes. Muito grande. Já o eram, e ainda o são. E ao vivo, isso torna-se sempre ridiculamente óbvio.
Seguiu-se M.I.A. no palco principal, com mais gente que se esperava à sua espera. À hora do concerto, entra em palco uma dj que toca um set de vinte minutos, enquanto roadies colocam palha em palco. Depois, é projectado um vídeo indiano de animação 2D que parece ter mais vinte minutos. E depois entra uma backup singer, um bailarino todo de verde que faz movimentos estranhos, e M.I.A acaba por surgir a gritar ao microfone com uma voz cheia de efeitos que torna quase impossível perceber o que diz. E o concerto foi isso: uma dj, um bailarino estranho, e duas mulheres a gritar ao microfone. Há quem goste. E é por isso que gostos não se discutem.
Os The Horrors começam a tocar no palco EDP, e dão aquele que foi, de longe um dos concertos do festival. Em modo muito mais rock do que se esperava, por vezes a lembrar uns Sonic Youth quando terem Youth no título fazia mais sentido, foi difícil manter os pés no chão e não abanar a cabeça perante o sintetizador tão perfeito, a guitarra tão bem distorcida, e o vocalista, Faris Badwan, sempre de negro que pareceu naquela noite muito mais confiante que no Coliseu, em 2010. Canções como "Sea Within a Sea" e a longa e incrível "Moving Futher Away" (em que Faris encostou o microfone ao amplificador, criando ainda mais distorção que só ajudou à festa) dão logo um concerto por ganho, e os The Horrors mostraram estar numa forma invejável, dando um concerto impressionante do início ao fim. Não tinham muita gente a vê-los, mas quem lá estava saiu certamente satisfeito. De qualquer das formas, ao segundo dia o Meco ainda estava igual ao Sahara: deserto.
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7 de julho
O último e melhor dia do festival esteve bem mais composto, graças ao cabeça-de-cartaz que, como seria de esperar, mais nome chamou: Peter Gabriel. Peter Gabriel e, claro... Skrillex.
Mas o dia começou, e muitíssimo bem, com Perfume Genius no palco EDP. Concerto minimalista, à base da voz lindíssima e do teclado de Mike Hadreas, que apoiado por um baterista (usado muito esporadicamente) e outro teclista deu um concerto que conseguiu quase conquistar o silêncio absoluto de todos os presentes. Apresentando o seu novo e enorme disco, Put Your Back N 2 It, que desde já se afirma como um dos discos do ano, Hadreas deu um concerto que só não foi memorável por não ter sido em sala fechada, mas que bem perto lá andou, com o pôr-do-sol atrás a ajudar até a criar um cenário idílico. Tímido, mas confiante, com um talento imensurável, Habreas tocou mais de 15 canções, todas elas curtas e directas, num concerto que pareceu ter a duração exacta. "All Waters", "When", e a grande "Mr. Peterson" resultam na perfeição ao vivo, com a fórmula voz-piano a ser o grande trunfo. Pelo meio ainda tocou "Helpless", de Neil Young, e "Oh Father", de Madonna, em versões despidas e emotivas. Concerto inatacável. Que venha cá a solo o mais rapidamente possível.
Aloe Blacc, por seu lado, deu o que já se esperava: uma festa. Interactivo, a obrigar as pessoas a dar abraços e a bater palmas, o vocalista mostra estar agora em topo de forma como frontman, com a voz até em melhor estado do que esteve, por exemplo, na Aula Magna, onde já tinha impressionado. Tinha poucos a vê-lo, mas foi lentamente conquistando vários que estavam de passagem, acabando com uma pequena multidão de devotos à sua frente. E confirma-se: "I Need a Dollar" é mesmo um dos melhores singles dos bons últimos tempos. É já presença assídua por cá, e que o continue a ser.
Os Little Dragon estão no extremo oposto. O concerto que deram no palco EDP, perante um pequeno grupo de curiosos, foi de experimentação, de rock com toques de psicadelismo que por vezes cansa mas nunca desanima e que é semre entregue com simpatia (a vocalista, de chapéu e óculos escuros, foi das mais adoráveis que passaram pelo festival). A meio do concerto a energia vai abaixo (no palco EDP, que irónico), e quando voltam pouco depois é como se nunca tivessem saído. Não foram o concerto do dia, nem marcaram de certeza qualquer um dos presentes, mas relembraram certamente muitos daquela que é uma das melhores razões para ir a um festival: para descobrir boa música.
E a seguir, o grande concerto da noite: Peter Gabriel. Grande em espectáculo, grande em voz, grande em termos de público para o ver (nada comparável ao que se viu antes, mas já era mais digno de um festival de Verão). Acompanhado por uma orquestra de cinquenta (!) músicos, o fundador dos Genesis deu um concerto que certamente terá ficado na memória dos devotos presentes, ainda que não tenha sido no local ideal. Pedia-se um auditório, um local fechado, para um espectáculo neste registo; ainda assim, não acabou por minar assim tanto uma actuação que cumpriu as expectativas. Gabriel continua com uma voz inigualável, teatral como sempre, e os arranjos dados às músicas ("Signal to Noise" foi incrível) não desiludem. Grande jogo de luz, ecrãs que iam projectando tanto o vocalista como membros da orquestra, um alinhamento que passou pelos temas mais óbvios (faltou "Sledgehammer", mas houve "Solsbury Hill"), e uma surpresa: um dueto magnífico com Regina Spektor, onde as duas vozes interpretaram sem falhas a belíssima "Aprés Moi". Canção, aliás, que deu azo a uma pequena falha à primeira tentativa, com Gabriel a dizer, com o estilo do costume, que este era o seu “very first fuck up”. Classe. À segunda vez correu tudo bem, e foi espectacular. Teria, ainda assim, sido de esperar mais gente para o ver, mas foi talvez o concerto em que o público se comportou melhor. Os fãs de Skrillez, felizmente, já andavam pelo outro palco.
Mais azar teve, infelizmente, St. Vincent. Belíssimo concerto o que deu, muito mais rock que há dois anos quando actuou naquele mesmo palco (e já aí tinha sido uma bela actuação), mas recebido com quase indiferença por parte de um público que já ali estava para o dubstep. Muito mais confiante, muito mais rockeira que antes, Annie foi simpática, interactiva (até fez crowd-surfing na última música), e tocou na perfeição e sempre de guitarra em riste músicas como "Cruel" ou "Actor". Poderia ter sido melhor se o som estivesse melhor (a vocalista passou metade do concerto a pedir que lhe aumentassem o som da guitarra), e se o público estivesse mais bem-comportado, mas foi uma actuação inatacável, cujas falhas vêm não da banda mas antes de circunstâncias exteriores. Mais uma que deveria cá voltar a solo. Ou num festival com um público mais bem-comportado.
E de seguida, no palco principal, aquele que era para alguns o grande nome do festival: os The Shins, que se estreavam finalmente em solo lusitano. Mais uma vez, poucos eram os que os esperavam (e havia por lá alguns fãs de Skrillex, que não sabiam que a actuação do músico tinha sido mudada para o palco secundário), mas os poucos que lá estavam eram fãs devotos, que saltaram nas músicas certas, sentiram arrepios na grande "New Slang", e que mantiveram no geral silêncio perante um concerto de rock a roçar o lindíssimo. O alinhamento podia ter sido maior, o público mesmo assim podia ter sido mais bem-comportado (felizmente os fãs de Skrillex começaram a abalar a meio da actuação), mas a banda está em excelente forma e tocou na perfeição canções que bem o mereciam. Pelo meio tocaram até a grande "Breathe", dos Pink Floyd, que pareceu não ter sido reconhecida por grande parte do público, mostrando bom gosto. São uma banda de culto, e tiveram um pequeno culto a vê-los. Culto esse que, com um concerto assim, não deverá ter saído desiludido.
O concerto acaba, e quando se chega ao palco EDP ainda toca Regina Spektor, com uma voz caída dos céus a cantar perante um público que parece saído do inferno. Poucos eram os que estavam lá por ela, todos ansiando já a entrada em palco do produtor americano. Regina foi simpática, agradeceu sempre com um sorriso aos poucos fãs que lá estavam para a ver, e é impossível não ficar com pena de não se ter visto mais daquele que pareceu ter sido, sem dúvida, um grande concerto... dado a um público que não o mereceu.
E finalmente, a terminar a noite, entra Skrillex. O rei do dubstep, o dj superstar do momento, o David Guetta em versão muito mais ruidosa e sem robôs em palco. Quem gosta, gosta. Quem não gosta, ensurdece e desespera. Um espectáculo impressionante, com luzes strobe que causariam o pânico a Ian Curtis, que começou com uma contagem decrescente de quatro minutos com música épica por trás que culminou numa das entradas mais anti-climáticas de sempre. Mas as coisas eventualmente aqueceram, como o tubarão insuflável que andava pelo público bem deve ter sentido, e foram muitos (mesmo muitos, e muito novos) os que saltaram e fizeram head-banging ao som de alguma da música mais ruidosa e agressiva alguma vez feita à face do planeta. Distorção, distorção, luzes strobe, e mais distorção. Lá está: quem gosta, gosta. Quem não gosta, foge a sete pés. De qualquer forma, o Super Bock terminou como muitos certamente o desejavam: numa rave na areia.
Correu tudo bem? Em termos de condições, sim. Em termos musicais? Nem tanto. Naquela que foi talvez a edição menos concorrida de sempre do festival, viu-se bem que o público hoje em dia é mais selectivo do que antes. Modas (Lana Del Rey) e lendas (Peter Gabriel) já não chamam tanta gente como dantes. Faltou, este ano, um cartaz conciso e certeiro como o dos anos anteriores. Espera-se mais público na edição de 2013 do Super Bock Super Rock, ainda sem data nem local divulgados.
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quarta-feira, 26 junho 2013