Reportagem Vagos Open Air 2009
A primeira edição do Vagos Open Air decorreu durante os dias 7 e 8 de Agosto nas proximidades da Lagoa do Calvão (mais propriamente no campo de futebol do Grupo Desportivo do Calvão), em Vagos. Amon Amarth, Dark Tranquillity, The Gathering, Katatonia, Epica e Cynic foram as principais atracções. Muitos foram os que quiseram marcar presença e se deslocaram à pacata vila de Vagos, proporcionando dois dias de casa bem composta e um ambiente fantástico.
Primeiro dia (7 de Agosto)
Passava pouco tempo das 15:00 horas quando as portas do recinto abriram e os presentes foram entrando lentamente. O tempo estava bom e estava tudo a postos para dar início à primeira noite.
A primeira actuação estava marcada para as16:30 e coube aos nacionais F.E.V.E.R. fazer as honras da casa e iniciar o festival. Perante uma plateia algo despida, estes subiram ao palco à hora marcada e durante cerca de 30 minutos descarregaram oseu rock/metal industrial com o vocalista, Fernando Matias, a assumir umapresença bastante activa em palco. No entanto faltou algo à actuação destes senhores e o concerto acabou por passar com alguma indiferença aos presentes.
Os Process of Guilt foram a banda que se seguiu e subiram ao palco do Vagos Open Air por volta das 17:15 perante uma plateia superior. Contando com o pouco tempo de actuação disponível, apenas 30 minutos, os nacionais experientes em Doom Metal, centraram-se no recente álbum intitulado “Erosion”. Criando um ambiente pesado bem ao gosto do doom, os Process of Guilt deram mais um grande concerto para juntar ao seu reportório e arrancaram aplausos merecidos do público. Mais uma vez, é de notar a potente e aterrorizadora voz do vocalista Hugo Santos, louvando também os restantes membros pelo grande concerto concebido e trabalho desenvolvido. Sem dúvida que os Process of Guilt são uma as melhores bandas de metal nacional da actualidade e têm potencial para ir muito longe. Prova disso foi o concerto dado.
Os espanhóis Kathaarsys foram os terceiros a subir ao palco por volta das 18:15, dispondo também de 30 minutos de actuação. Apresentando o seu último trabalho, “Anonymous Ballad”, presentearam-nos com o seu progressive black metal muito tecnicista de uma qualidade surpreendente que deixou muitos presentes de “boca aberta”. Devido aos 30 minutos disponíveis os Kathaarsys, em alguns casos, não tocaram músicas na íntegra visto os seus temas serem de longa duração, optando assim por tocar apenas metade. Foram, sem dúvida, a banda que mais surpreendeu na primeira noite. Sendo totalmente desconhecidos pela maior parte da plateia conseguiram certamente novos fãs e os aplausos arrancados foram mais do que merecidos. Os Kathaarsys souberam desempenhar o seu papel e aqueceram a plateia, agora bem composta, que já aguardava ansiosamente pela banda que se seguia.
Por volta das 19:20 subiram ao palco os holandeses Epica e sendo estes uma das principais atracções da noite dispuseram de cerca de 75 minutos de actuação. A intro “Indigo”, do último álbum “The Divine Conspiracy”, fez-se ouvir e os holandeses foram entrando em palco para dar início ao segundo tema do mesmo álbum, “The Obsessive Devotion”, e a consequente entrada da bela Simone Simons que arrancou muitos aplausos. Apresentando-se muito bem-dispostos, estes mestres do Symphonic Power Metal souberam animar uma plateia que atingia o seu pico na primeira noite, dando um bom concerto que arrancou muitos aplausos dos presentes, até mesmo aqueles à qual a banda holandesa passa com indiferença. Fizeram-se ouvir também os temas “Imperial March”, “Quietus”, “Cry for the Moon”, “Consign to Oblivion”, “Solitary Ground”, até mesmo uma cover do Star Wars, entre muitos outros. Os Epica assinaram assim uma das melhores actuações da primeira noite.
Os suecos Katatonia eram outra das principais atracções da primeira noite e passavam escassos minutos das 21:00 horas quando estes iniciaram o seu concerto. “Leaders” abriu e os Katatonia descarregaram durante cerca de 90 minutos o seu Doom/Progressive/Melancholic Metal que deliciou os presentes. Passando pelos quatro últimos álbuns fizeram-se ouvir os temas “ Soil´s Song”, “For My Demons”, “Teargas”, “Criminals”, “Evidence”, “Ghost of the Sun”, “My Twin”, “Consternation”, “July”, entre muitos outros. Ao contrário dos últimos concertos dados em terras lusas em 2007, Jonas Renske apresentou-se muito mas comunicativo com o público o que culminou num grande concerto. Conhecida a capacidade destes suecos em descrever sentimentos e melancolia e criar melodias extaseantes, os Katatonia criaram uma empatia fantástica com o público e deram um dos melhores concertos da primeira noite juntamente com os Epica que não lhes ficaram atrás.
Os The Gathering foram os cabeças de cartaz do primeiro dia e tal como os Katatonia também eles dispuseram de cerca de 90 minutos de actuação. A saída de Anneke van Giersbergen em 2007 e a consequente entrada de Silje Wergland em Março deste ano estava ainda na memória dos fãs que aguardavam o concerto e a nova vocalista com curiosidade, mas ao mesmo tempo com precaução. A banda dos irmãos Rutten iniciou a sua actuação por volta das 23:00 horas apresentando o seu último álbum “The West Pole”. “When Trust Becomes Sound” deu ínico ao metal progressivo dos The Gathering que contagiou os fãs da banda, mas não foi suficientemente para prender a restante plateia que ia diminuindo à medida que estes avançavam pela setlist. Silje Wergland apresentou-se sorridente, muito afinada e provou ser uma boa substituta de Anneke. “All You Are”, “The West Pole”, “Saturnine”, “Travel” e “Leaves” foram algumas das músicas ouvidas e que encerraram a primeira noite. Os The Gathering deram um bom concerto mas não ao nível dos Epica e Katatonia que se destacaram com dois grandes concertos no primeiro dia.
Segundo dia (8 de Agosto)
As portas voltaram a abrir por volta das 15:00 e uma vez mais não houve grande pressa em entrar. O calor fazia-se sentir no Calvão e estava tudo a postos para mais um dia de boa música.
Os portugueses Echidna subiram ao palco pelas 16:30 e durante 30 minutos descarregaram o seu Death Metal. Embora tenham sido a primeira banda a actuar tiveram uma plateia bem composta e foram os primeiros a fazer levantar poeira com os primeiros circles e moshs pits do dia. Apresentando temas do único trabalho “Insidious Awakening”, os Echidna apresentaram-se com muita garra e força em palco e souberam fazer o papel que lhes cabia, iniciando um dia que ainda estava longe de acabar.
A última banda nacional a pisar o palco do Vagos Open Air foi Thee Orakle. O colectivo veio apresentar o recente álbum intitulado “Metaphortime” e subiu ao palco por volta das 17:15 dispondo de 30 minutos de actuação. O concerto ficou marcado por um problema de som quando a voz do vocalista Pedro Silva não se ouvia no recinto. O problema foi resolvido antes da primeira música acabar e o contentamento desabrochou em aplausos. Os Thee Orakle conseguiram colocar grande parte da plateia em headbang, mas no entanto foi um dos concertos mais fracos de todo o festival.
A terceira banda a subir ao palco no segundo dia do Vagos Open Air foram os Dawn of Tears, oriundos de Madrid, Espanha. Mais uma vez o concerto começou à hora marcada e as 17:15 os espanhóis já pisavam o palco vestidos a rigor e de cara pintada prontos para mostrar o seu Death Metal. Mais uma vez a voz do vocalista estava cortada e não se ouvia no recinto, algo que quando resolvido desencadeou uma vaga de aplausos. A terceira banda do dia surpreendeu os presentes e conquistaram certamente novos fãs. Os Dawn of Tears apresentaram temas do álbum “Descent” bem como temas do recente EP “Dark Chamber Litanies”. Despediram-se sob fortes aplausos.
Os Cynic iniciram o seu concerto às 19:15 e dispuseram de tempo suficiente para tocaram quase os dois álbuns, “Focus” e “Traced in Air”, na íntegra. As expectativas eram altas e os Cynic não as deitaram por terra. Praticando um Progressive Metal muito técnico deram um concerto íntimo e bastante sentimental. Embora num recinto aberto, o concerto satisfez os seus fãs e surpreendeu ainda alguns que não conheciam a banda californiana. Temas como “Evolutionary Sleeper”, “Integral Birth”, “Nunc Stans”, “Adam´s Murmur”, entre muitos outros fizeram com que o concerto dos Cynic fosse uma das grandes actuações de todo o festival.
Uma das bandas mais aguardadas da segunda noite foram os suecos Dark Tranquillity que subiram ao palco por volta das 21:00 horas. A última vez que actuaram por terras nacionais foi em 2001 e por isso eram muitos aqueles que os queriam ver e/ou rever. Praticando o seu death metal melódico os Dark Tranquillity foram mais uma banda que assinaram uma grande actuação no Vagos Open Air, com uma excelente prestação em palco e com o vocalista Stanne bastante activo, que chegou a cantar junto às grades e colocou uma rapariga a interpretar as vocalizações femininas do tema “The Mundane and The Magic”. “Focus Shift”, “The Treason Wall”, “Lost to Apathy”, “The Lesser Faith”, “Lethe”, “The Wonders at you Fate”, “Final Resistance”, “Inside The Praticle Storm”, “Dreamlord Degenerate”, “Terminus (Where Death Is Most Alive)”, “Misery´s Crown”, “There In”, “Punish My Heaven”, “Free Card” e“My Negation” foram os restantes temas interpretados. Mais um excelente concerto que entrou directamente para lista das melhores actuações do Vagos Open Air.
A última banda a subir ao palco do Vagos Open Air foram os suecos Amon Amarth, uma das bandas mais aguardadas de todo o festival. Por volta das 23:00 horas fez-se ouvir uma intro seguida do tema “Twilight of the Thunder God”. Praticando o seu típico Viking Metal os Amon Amarth foram outra das bandas que não desiludiu e presenteou uma casa cheia, ou muitíssimo perto disso, com mais um excelente concerto. Bem animados, os suecos, apresentaram ainda os temas “Free Will Sacrifice”, “Versus The World”, “Asator”, “Varyags of Miklagaard”, “Runes to My Memory”, “Guardians Of Asgaard”, “Live For The Kill”, “Fate Of Norns”, “Under The Northern Star”, “Valhall Awaits Me”, “Victorious March”, “Pursuit Of Vikings”, “Cry Of The Blackbirds” e “Death In Fire”. Johan Hegg, vocalista, esteve sempre muito comunicativo com o público dizendo várias vezes “Obrigado Portugal…”. Os Amon Amarth encerraram assim a primeira edição do Vagos Open Air com o melhor concerto de todo o festival que agradou a “gregos” e a “troianos”, não tendo desiludido ninguém. Despediram-se sob uma tempestade de aplausos.
A primeira edição do Vagos ficou marcada por belas actuações de várias bandas e já se espera pela próxima edição. Pede-se apenas melhores infra-estruturas a nível de casas de banho, algo de que os festivaleiros se queixaram frequentemente.
Texto: Nuno Lobão