Reportagem Rock In Rio 2010 - 27 de Maio
O dia 27 de Maio prometia ser o primeiro dia de enchente na edição deste ano do Rock in Rio, e assim foi. Mais de 80 mil pessoas por lá passaram e ouviram no palco mundo Fonzie, Xutos & Pontapés, Snow Patrol, e os tão esperados, Muse.
No Palco Sunset, o primeiro concerto da tarde está a cargo dos Nu Soul Family em parceria com Julie McKnight. O primeiro a entrar em palco foi o Dj Alan Gul, colocando uma introdução para que os outros elementos ocupassem os seus lugares. O grupo português trazia o seu primeiro álbum de originais “Never Too Late To Dance”, lançado este ano. “Let Me Go Higher” iniciou o concerto, e mostrou quem toma as rédeas em palco. Dino e Virgul, ambos vocalistas, transmitem uma grande energia para o público, e esta é-lhes retribuida. Virgul particularmente, foi a alma da festa, mas há que salientar Paulo Ponte (B@ssman), um baixista sempre a manter o ritmo e extremamente talentoso, dando espectáculo logo de inicio. Dentro do mesmo registo seguiu-se “Please Don’t Let Me (What)”, para depois Virgul e companhia seduzirem o seu público com os tons Reggae de “Cabo Deixa”. O concerto prosseguiu sempre com ritmo e com muita adesão por parte da multidão, que foi dançando e cantando com a banda portuguesa. “I Believe” foi a música na qual Julie McKnight participou, terminando pouco depois o espectáculo com “This Is For My People”, primeiro single dos Nu Soul Family, e “Pay My Money”.
Neste mesmo palco, seguiram-se os Expensive Soul, com Bluey e Omar. O último álbum dos rappers portugueses e da Jaguar Band foi lançado em 2006, mas apesar disso continuam no activo, e com muita energia. Este concerto foi como que um prolongamento do anterior. Muito ritmo, com tons de reggae, soul e hio-hop, e mais uma vez, muita adesão por parte do público, principalmente na música “13 Mulheres” e “Eu Não Sei”.
O Palco Mundo abriu com a inesperada presença da banda Fonzie, uma vez que o concerto dos Sum 41 foi cancelado devido a um acidente do baterista Steve Jocz. A banda portuguesa tinha portanto o papel ingrato de satisfazer os fãs da banda canadiana e não desiludiram. O público acompanhou a banda, cantando as músicas, mostrando que, apesar de esta não ser esperada no festival, o público português reconhece o trabalho que os Fonzie têm vindo a desenvolver. E a banda mostrou também o reconhecimento quando o baixista Carlos Teixeira aparece no fim do concerto com a camisola da Selecção Portuguesa vestida. Tocaram várias músicas em português que fazem parte do seu novo álbum que está prestes a sair e que contará apenas com músicas na nossa língua. O concerto acabou com “A tua imagem” que foi um dos momentos altos desta actuação.
Despois dos Fonzie, deram entrada os Xutos & Pontapés. A banda com 31 anos de carreira participou em todas as edições do Rock in Rio no nosso país o que será certamente reflexo das multidões que continuam a arrastar atrás de si. E a edição de 2010 não foi excepção. Num dia em que as grandes estrelas internacionais do cartaz eram os Muse, o Parque da Bela Vista estava também repleto de t-shirts dos Xutos, mostrando mais uma vez que o público continua a ir ao festival também para ver a maior banda de rock nacional. A contar pela reacção do público durante todo o concerto, ainda não foi desta vez que os Xutos desiludiram. Com um alinhamento repleto de hits como “Contentores”, “Maria”, e os mais recentes “Ai Se Ele Cai” (umas das mais esperadas pelo público mais jovem) e ” Quem é Quem”, mas que ainda assim continha músicas menos conhecidas como “Ave Maria” e “Tonto”, a banda levou o público ao rubro, que cantou em coro todas as músicas da já lendária banda portuguesa. Como já é da praxe, o final do concerto fez-se ao som da “Casinha” em sincronia perfeita entre a banda e o público do Rock in Rio.
Apesar de não ser motivo de desmobilização do público, é importante referir que a visão do público ficou bastante prejudicada pelo facto de a parede de leds no fundo do palco, que normalmente transmitiria os concertos para as pessoas mais afastadas do mesmo, estar tapada com o cenário dos Muse.
No Palco Sunset decorria o terceiro e último concerto neste terceiro dia de festival com o veterano Jorge Palma e Zeca Baleiro. “Frágil” deu inicio a um concerto à imagem dos artistas, cheio de experiência, espontâneo, cativando o público que ja ia sentindo um chamamento mais forte do Palco Mundo.
Estreia absoluta dos Snow Patrol em Portugal, e a banda começou da melhor forma com “Open Your Eyes”. Gary Lightbody mostrou-se uma fonte inesgotável de energia, e presenteou o público português com muita proximidade do inicio ao fim. “Take Back The City”, “Hands Open” ou “You Could Be Happy”, tudo músicas que foram dando corpo a um concerto de grande qualidade. O espectáculo acabou por pecar um pouco pelo desenquadramento com as restantes bandas. Mas independentemente desse factor, Gary e companhia mostraram-se dedicados a cem por cento ao público português. Já perto do fim esperava-se um dos momentos aguardados da noite, Rita Redshoes cantou com a banda o tema “Set the Fire to the Third Bar”, depois de Gary Lightbody lhe chamar de bonita e talentosa. Acabaram o concerto em beleza com “You’re all I Have”.
Já só faltava a banda mais esperada da noite, os britânicos Muse. E sem que ninguém esperasse, sem aviso prévio, e ainda durante o habitual fogo de artificio, Christopher Wolstenholme entra em palco, a fumar cachimbo, olha para o público por segundos enquanto os restantes elementos entram também em palco, e dá-se o surpreendente inicio de concerto com “MK Ultra”, que revelou ser uma música que funciona muito bem ao vivo. Pouco depois, chegaria “Uprising”, single do último álbum da banda, que levou o público português à loucura. Todo o público era neste momento uma multidão de braços no ar, aos saltos, e a ajudar os ingleses, seguindo a música com as vozes. Mas esta explosão de alegria não ficaria por aqui, pois seguir-se-ia “Supermassive Black Hole”. Depois de “Stockholm Syndrom” e algum improviso, Matthew Bellamy e companhia voltaram ao mais recente "The Resistance", com “United States Of Eurasia”, “Resistance” e “Undisclosed Desires”. Chegariam logo a seguir novos momentos de êxtase para a multidão de mais de 80.000 pessoas, com “Time Is Running Out” e “Starlight”, para terminar com “Plug In Baby”, finalmente regressando ao álbum “Origin Of Simmetry”. O trio de terras de sua magestade voltariam para um encore que aproveitou o regresso ao seu segundo álbum, tocando também “Citizen Erased”. Mas o melhor ficou guardado para o final. “Hysteria” e “Knights Of Cydonia” fecharam o concerto de forma sublime, sempre com o público luso a estar à altura das circunstâncias.
Um concerto apoteótico fecha assim mais um dia do Rock In Rio Lisboa 2010. Dia 29 há mais, esse que será o dia dedicado à família.
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