Reportagem Rock In Rio 2010 - 30 de Maio
Último dia de Rock In Rio Lisboa dedicado à música pesada excepção feita aos portugueses Fingertips.
O dia era dedicado ao metal e a única excepção do dia, os Fingertips, abriram o dia e o palco Sunset Rock In Rio com Alexandre Almeida e Zé Ricardo como convidados. Concerto de estreia para a nova vocalista da banda, Joana Gomes, que assumiu o papel este mês. Durante todo o concerto não foram tocadas músicas dos albúns “All ‘Bout Smoke ‘n’ Mirrors” e “Catharsis”, que foram gravados ainda com o ex-vocalista Zé Manel. Apenas os solos de Alexandre Almeida animaram o público, que esperava naquele palco pela banda seguinte, os More Than a Thousand. Os Fingertips não conseguiram enquadrar-se no contexto deste último dia do Rock In Rio Lisboa.
Começava agora então, o que se podia chamar de “dia pesado”. Sobe ao palco a banda de Setúbal, More Than a Thousand com a mesma energia que o público os recebia. Deram início ao concerto com a música homónima do último álbum lançado ainda este ano, "Make Friends and Enemies" e logo de seguida a música que abre esse mesmo álbum, It’s Alive (How I Made a Monster). Passada First Bite, chamou-se ao palco o vocalista dos Hills Have Eyes, Fábio Baptista para No Bad Blood. Uma participação poderosa e uma das supresas que a banda tinha reservado para o público pequeno mas activo do Sunset. Depois de I Will Always Let you Down e de Walking on the Devil’s Trail, o segundo convidado dos setubalenses entra em palco. Se por um lado parece improvável que Rui Veloso alguma vez se associasse a uma banda de hardcore, por outro a categoria de "Pai do Rock Português" mostrou ser-lhe bem atribuída. De guitarra em punho, Rui Veloso – que já havia actuado naquele mesmo palco há uns dias – juntou-se para Nothing But Mistakes e Teenage Wastelands. A finalizar um concerto com muitas asneiras à mistura, terminaram com Black Hearts (Our Love Must Die Tonight) e a já típica música de despedida It’s the Blood, There is Something in the Blood com direito a invasão de público por parte do vocalista Vasco Ramos.
Aos Soulfly coube a tarefa de abrir o Palco Mundo e verdade seja dita, passaram com distinção. Max Cavalera puxou pelo público português como ninguém e arrasou na apresentação do recém-lançado albúm "Omen". Blood Fire War Hate abriu o concerto, com os portugueses a receberem da melhor maneira o seu irmão do outro lado do Atlântico. Do último álbum, apenas Bloodbath and Beyond foi tocada. Max Cavalera teve sempre o público a seu lado, chegando mesmo a formar duas wall of death. Mas a maior surpresa de todas, seria o seu filho, Igor, tocar a bateria de Troops Of Doom como gente crescida. O concerto viria a acabar com Eye For An Eye e certamente com os portugueses a pedir o regresso dos Soulfy para breve.
Por volta das 20h10 os RAMP entraram em palco. Havia muito público à espera para os ouvir e que respondeu ao incentivo do vocalista Rui Duarte, cantando em coro com a banda. Os RAMP tocaram 6 músicas entre as quais Insane e Hallelujah. Deram então lugar aos Hail!, a banda que junta grandes nomes do Metal e que contou com menos público, uma vez que era já hora de os Motörhead começarem o seu concerto no Palco Mundo. No entanto, os Hail! brindaram os presentes com algumas surpresas entre elas a presença de Diana Piedade, 2ª classificada do programa Ídolos, para cantar a músicaMotörhead eram os senhores que se seguiam e as coisas começaram mal, muito mal, mas não por culpa da banda. Logo na música de abertura Iron Fist, que já prometia um concerto de puro Rock, o som falhou, impedindo os britânicos de a completarem. Viveram-se alguns minutos de dúvida e nervosismo. Afinal, a banda de Lemmy Kilmister não visitava Portugal há seis anos e muita gente queria ver uma das lendas vivas do rock. Lemmy e companhia voltavam e a sensação era de alívio. Os ingleses debitaram rock a alta velocidade como ja não se vê nos dias de hoje. Entre One Night Stand e Thousand Names, o guitarrista desde há vinte e seis anos, Phil Campbell, teve a oportunidade de tocar um grande solo de guitarra. Já perto do final, Killed By Death era o prenuncio de um grande final. Ace Of Spades, o eterno clássico dos Motörhead, foi o momento mais alto do concerto, talvez por ser a música que todos conheciam, proporcionando uma grande festa. Overkill fecharia o concerto, com Lemmy a pedir ao público português “Não nos esqueçam. Nós somos os Motörhead”. Como seria possível esquecê-los?
Pelo segundo ano consecutivo Dave Mustaine visita Lisboa com os seus Megadeth, trazendo desta vez David Ellefson, o baixista original da banda, após um interregno de oito anos. Trust começa, apenas com o baterista em palco, seguido precisamente de David Ellefson e só depois de Dave Mustaine e Chris Broderick. É verdade que "Endgame" é o mais recente álbum dos norte-americanos, mas o pano de fundo era a capa de "Rust In Peace" que celebra vinte anos. E depois de In My Darkest Hour e Skin O’ My Teeth, foi mesmo altura de celebrar o aniversário do álbum vencedor do prémio "Best Metal Performance" dos Grammys de 1991. Mustaine e companhia teriam provavelmente tocado todo o albúm na íntegra, como têm feito noutros concertos, mas o tempo era escasso e a banda queria tocar o máximo que pudesse para os seus fãs. Ainda assim Holy Wars... The Punishment Due, Hangar 18, Five Magics entre outras deliciaram os adeptos de Trash Metal presentes. Do novo álbum, apenas Headcrusher saiu da cartola, mas é já um tema acarinhado pelos portugueses. Sweating Bullets, A Tout Le Monde e Symphony Of Destruction contaram com a ajuda do público português e mostraram que os Megadeth têm uma grande base de fãs em Portugal. Peace Sells fecha a actuação. Pelo discurso de Dave Mustaine este adeus não passa de um “Até já”, fazendo ainda saber que uma das suas cidades preferidas é Cascais, talvez saudoso do concerto dado no Dramático. Também os portugueses já têm saudades.Depois de um concerto avassalador no Pavilhão Atlântico, os Rammstein voltam com a mesma tour a Portugal. Rammlied, faixa de abertura do último álbum dos germânicos, abriu o espectáculo, como tem sido regra nesta tour. Num concerto recheado de grandes músicas, também as do novo álbum se incluem, pois mantêm o nível de qualidade a que os Rammstein nos têm habituado. Bückstabü e Waidmanns Heil deram continuidade ao trio de músicas retiradas de "Liebe Ist Für Alle Da". Keine Lust e Feuer Frei com muitas explosões e chamas à mistura levaram o Parque da Bela Vista ao rubro, para depois Oh No (Frühling In Paris) mostrar que os alemães também sabem fazer baladas. E para quem não esteve no concerto do Pavilhão Atlântico terá ficado uma grande dúvida. Um homem entrou no palco durante Benzin e Till Lindemann incendeia-o prontamente. Na verdade foi tudo uma encenação muito bem trabalhada, mas que enganaria os mais cépticos. No meio de toda esta arte de trabalhar o fogo, Links 2 3 4 e Du Hast, dois clássicos da banda alemã, fizeram furor, juntamento com Pussy, o polémico single, durante o qual Till disparou espuma na direcção das primeiras filas. No encore Sonne, Haifisch e Ich Will coroaram um concerto espectacular, com agradecimentos sentidos do vocalista, que fez questão de falar em português, dizendo “Muito obrigado. Nós te amamos”.
E assim encerra mais uma edição do Rock in Rio Lisboa, foram cinco dias recheados de bons concertos e animação.
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